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OPINIÃO

Abel é campeão com o Fla? 10 técnicos que podem "reivindicar" títulos

Técnico Abel Braga durante sua última passagem pelo Flamengo Imagem: Alexandre Vidal/Flamengo

Do UOL, em Santos (SP)

26/11/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Flamengo conquistou Libertadores e Brasileiro com Jorge Jesus no comando
  • Abel Braga, porém, também fez parte das campanhas dos dois campeonatos
  • Abel pode se considerar campeão? Lembramos de outros casos semelhantes
  • "Alguns colaboraram efetivamente, outros não", analisa Menon
  • "Campeão é quem termina a campanha", avalia PVC

O Flamengo conquistou dois títulos no último fim de semana: Copa Libertadores, com a vitória de virada sobre o River Plate, e Campeonato Brasileiro, com a derrota do Palmeiras para o Grêmio. Em ambos, o time rubro-negro teve dois técnicos ao longo da campanha: Abel Braga, que pediu demissão no fim de maio, e Jorge Jesus, que comandou o time na maior parte dos torneios.

Hoje no Cruzeiro, Abel Braga pode se considerar campeão da Libertadores e do Brasileiro de 2019? O UOL Esporte recorda uma série de casos semelhantes e também convoca os blogueiros a responder a seguinte pergunta: esses técnicos podem se considerar campeões desses torneios e dizer que participaram da conquista? Ou o desfecho só deu em título justamente por terem sido trocados? Veja a lista e os comentários dos blogueiros do UOL Esporte sobre o assunto.

CUCA

Imagem: Rivaldo Gomes/Folhapress
Flamengo (Campeonato Brasileiro de 2009)

Campeão carioca no início de 2009, Cuca foi demitido após o empate por 1 a 1 contra o Grêmio Barueri, em pleno Maracanã, em jogo da 13ª rodada do Campeonato Brasileiro. O auxiliar Andrade assumiu a equipe na oitava colocação, a nove pontos da liderança, e conseguiu junto do time liderado por Adriano e Petkovic uma arrancada que resultou no título brasileiro.

OSWALDO DE OLIVEIRA

Romário conversa com o técnico Oswaldo de Oliveira no Vasco, em 2000: time campeão brasileiro Imagem: Julio César Guimarães / Lancepress
Vasco (Campeonato Brasileiro e Copa Mercosul de 2000)

Oswaldo de Oliveira assumiu o Vasco em julho de 2000 e levou o time para as finais da Copa João Havelange e da Copa Mercosul. O técnico deixou a equipe antes da decisão por conta de uma briga com o ex-presidente Eurico Miranda, e acabou não terminando as competições. Joel Santana assumiu a equipe e faturou os dois títulos, um deles com uma das finais mais épicas da história do futebol brasileiro: a vitória por 4 a 3 sobre o Palmeiras, de virada, em pleno Parque Antárctica, pela Mercosul.

Palmeiras (Copa do Brasil de 2015)

Em 2015, o Palmeiras também teve o discurso de lembrar o trabalho desenvolvido por Oswaldo de Oliveira - substituído por Marcelo Oliveira - na hora de levantar o troféu da Copa do Brasil. Alexandre Mattos, por exemplo, já dedicou o primeiro triunfo após a saída do treinador ao próprio comandante. Gabriel Jesus também sempre agradeceu a Oswaldo pela paciência que teve com seu desenvolvimento.

LEÃO

Imagem: Fernando Santos/Folha Imagem
São Paulo (Copa Libertadores de 2005)

Apesar de ter sido Campeão Paulista em 2005 - último título estadual do São Paulo -, Emerson Leão deixou o clube para defender o Vissel Kobe, do Japão. Na época, o treinador dizia não ter saído por causa de dinheiro, mas por uma dívida de gratidão. Dois meses depois, ele perdeu o emprego no Oriente. Na sequência, sob o comando de Paulo Autuori, o time do Morumbi ganhou o título continental. Mas o próprio substituto sempre ressaltou a importância do legado deixado pelo ex-goleiro.

MANO MENEZES

Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress
Flamengo (Copa do Brasil de 2013)

Depois de pouco mais de três meses de trabalho, Mano Menezes pediu demissão do Flamengo após uma derrota de virada para o Athletico-PR por 4 a 2, no Maracanã, na metade de setembro. Jayme de Almeida assumiu a equipe interinamente e, depois, acabou efetivado como técnico do Rubro-Negro até o fim do ano. Deu certo. O time terminou o ano campeão da Copa do Brasil, em decisão contra o mesmo Athletico-PR.

À época, Mano alegou que deixou o Flamengo porque não conseguiu fazer o time ter o rendimento que esperava. Em 2017, ao programa Bola da Vez, da ESPN, o técnico deu mais detalhes dos reais motivos da demissão. "Aconteceram fatos lá que fizeram com que eu tomasse uma atitude radical, de exceção, porque não é comum um técnico pedir pra sair e ainda pagar a multa rescisória", disse.

"Havíamos feito um resultado contra o Cruzeiro, havíamos eliminados o Cruzeiro na Copa do Brasil e um resultado importante. Aconteceram fatos naquela semana que eu não achava que deveriam ser comemorados e alguns jogadores acharam que deveriam comemorar fora do limite que eu acredito do profissionalismo do futebol, então esse foi um dos fatos", disse.

JORGE FOSSATI

Imagem: AFP PHOTO / KAZUHIRO NOGI
Internacional (Copa Libertadores de 2010)

Uruguaio foi demitido após uma derrota para o Vasco, no Rio de Janeiro, de virada. O resultado de 3 a 2 foi a gota d'água para uma série de conflitos entre treinador e diretoria. A cúpula entendia que o time não mostrava solidez defensiva e seria presa fácil diante do São Paulo, na semifinal da Libertadores. A demissão foi pensando exclusivamente no duelo com o tricolor paulista. Celso Roth assumiu e foi campeão.

Em entrevista ao UOL Esporte, logo depois da final com o Chivas-MEX, Fossati afirmou que se considerava campeão. "A história vai colocar as coisas no seu devido lugar", disse.

ADILSON BATISTA

Imagem: João Henrique Marques (UOL Esporte)
Santos (Copa Libertadores de 2011)

Contratado no final de 2010 para substituir Dorival Júnior, demitido após conflito com Neymar, Adilson Batista assinou com o Santos no início de novembro, assumiu após o final do Brasileirão, em dezembro, e acabou demitido em fevereiro. Ele participou do planejamento da temporada 2011, mas comandou a equipe em apenas 11 jogos, perdendo apenas um - o clássico contra o Corinthians.

Na Libertadores, dirigiu a equipe somente na estreia: o 0 a 0 contra o Deportivo Táchira (VEN). O técnico não conseguiu fazer a dupla Neymar e Ganso engrenar e, diante de muita pressão da torcida, acabou demitido. Muricy Ramalho assumiu e, depois de bater o Cerro Porteño fora de casa sem Neymar, Elano e Zé Love logo em sua primeira partida na competição continental em uma partida que mudou totalmente o rumo do Peixe no torneio, levou o time ao título da América.

ROGER MACHADO

Imagem: LUCAS UEBEL/GREMIO FBPA
Grêmio (Copa do Brasil de 2016)

Ex-lateral pediu demissão ao perder para a Ponte Preta, fora de casa. O tropeço no Campeonato Brasileiro surgiu como consequência de uma relação desgastada com o elenco. Roger Machado nunca afirmou se sentir parte do título da Copa do Brasil, obtido três meses depois. Elenco e diretoria, além de Renato Gaúcho, agradeceram ao treinador, atualmente no Bahia. Renato, aliás, só dividiu méritos textualmente logo depois da conquista em cima do Atlético-MG.

Palmeiras (Campeonato Brasileiro de 2018)

Felipão e vários jogadores usaram os microfones para agradecer a Roger Machado pela conquista do Brasileirão de 2018. Foi ele o treinador que começou o planejamento da temporada. Felipão, ao chegar, também já havia elogiado o ex-técnico pela excelente campanha na Libertadores que ele herdou. O Alviverde acabou eliminado pelo Boca.

MÁRCIO BITTENCOURT

Imagem: Keiny Andrade/Folha Imagem
Corinthians (Campeonato Brasileiro de 2005)

Márcio Bittencourt dirigiu o Corinthians entre maio e setembro de 2005 e deixou o time na briga pelo título após vitória por 3 a 1 contra o Flamengo. No entanto, a inexperiência do então jovem técnico e o temor da perda do título com um elenco "galáctico", com Tevez, Mascherano e companhia, fizeram a diretoria apostar no "consagrado" Antônio Lopes na época.

Recentemente, antes de Dyego Coelho assumir o time interinamente, a diretoria sofreu pressão de conselheiros para que Márcio Bittencourt fosse efetivado no lugar de Coelho. Os conselheiros alegavam que o atual observador técnico das categorias de base do Timão teria mais experiência para ficar com a função até o fim do ano. O grupo ainda recorreu ao emocional alegando que Márcio Bittencourt é o verdadeiro técnico campeão brasileiro de 2005.

MÁRIO SÉRGIO

Imagem: Fernando Santos/Folha Imagem
Athletico-PR (Campeonato Brasileiro de 2001)

Mário Sérgio Pontes de Paiva deu início à montagem do time que acabou campeão brasileiro nas mãos de Geninho. O ex-técnico, que faleceu no acidente com a Chapecoense, comandou a equipe até a décima rodada do Campeonato Brasileiro. Ele chegou a entregar o cargo antes, mas foi convencido pelos jogadores a permanecer. Pouco depois, porém, acabou demitido por conta dos resultados negativos.

JOEL SANTANA

Imagem: CR Vasco da Gama/Divulgação
Vasco (Campeonato Carioca de 1987)

Joel foi treinador do Vasco durante quase todo o Campeonato Carioca de 1987, mas, antes da parte final da competição, deixou o clube para trabalhar no mundo árabe e foi substituído por Sebastião Lazaroni. O Cruzmaltino conquistou o título estadual daquele ano e, mesmo sem levantar a taça, Joel se considera campeão estadual com o clube em 1987. O próprio Lazaroni também já deu declarações dizendo que considera justo 'dividir o título' entre os dois.

OPINIÕES DOS BLOGUEIROS

ANDRÉ ROCHA

Abel se considerar campeão é uma coisa, outra é ser reconhecido. Na prática, o distanciamento histórico vai associar apenas Jorge Jesus aos títulos nacional e internacional do Flamengo em 2019.

O mesmo vale para praticamente todos da lista, talvez só tirando Oswaldo de Oliveira no Vasco em 2000 e Jorge Fossati no Internacional em 2010, já que Joel Santana e Celso Roth assumiram apenas nas etapas finais das competições.

Leia o blog do André Rocha

JUCA KFOURI

De todos esses, pelo que me lembro, sim, o Oswaldo de Oliveira no Vasco em 2000 e o Márcio Bittencourt no Corinthians em 2005.

Leia o blog do Juca.

MARCEL RIZZO

Como regra, não. Em 2019 com certeza não, a mudança que Jorge Jesus impôs foi enorme e a contribuição de Abel Braga para isso é zero. Normalmente se há a mudança é porque algo não vai bem, e quem chega dá o upgrade necessário para a conquista. Mas há exceções, como 2005 no Corinthians. Marcio Bittencourt teve muita influência no time que acabaria campeão brasileiro naquele ano.

Leia o blog do Marcel Rizzo.

MENON

Depende do bom senso de cada um. Alguns colaboraram efetivamente, outros não. Alguns pedidos soarão como justos. Outros, como mico.

O mais justo de todos é Oswaldo de Oliveira no Vasco, demitido por Eurico na semifinal. Demitido por picuinha, e não por mau rendimento. O título caiu no colo de Joel.

Jorge Fossati tem algum mérito na Libertadores do Inter. Deixou o time bem montado para Roth. Márcio Bittencourt também, apesar de o time estar começando a cair.

Abel, não. Classificou na primeira fase jogando muito mal.

Leão, não. Foi para o Japão e Autuori preparou o time para a Libertadores.

Roger deixou alguma coisa no Grêmio, mas o mérito é todo de Renato.

Leia o blog do Menon.

PERRONE

Sou da escola clássica. Participou da campanha, assinou a súmula uma vez, é campeão. Seja técnico ou jogador. Assim, também considero Abel campeão, tenha servido seu trabalho de referência para Jesus ou não.

Leia o blog do Perrone.

PVC

Não. Não é. Claro que fica a lembrança de que o ano começou com Abel e que foi ele, por exemplo, quem pediu a contratação de Bruno Henrique. Mas o título é de Jorge Jesus. Dessas discussões, a mais curiosa é a de Joel Santana. Em 1987, dirigiu o Vasco em toda a campanha do título carioca, mas foi embora antes das finais. O campeão foi Sebastião Lazaroni. Em 2000, Oswaldo de Oliveira dirigiu o Vasco até a semifinal, primeiro jogo. Joel assumiu nos três últimos jogos. O campeão foi ele. Mas Joel se sente campeão dos dois. Aí, não, né? Campeão é quem termina a campanha. Mas claro que informação completa nunca faz mal.

Leia o blog do PVC.

RENATO MAURÍCIO PRADO

Tecnicamente, sim, Abel pode ser considerado também campeão brasileiro e da Libertadores, pois fez parte da campanha inicial dos dois torneios. Mas, psicologicamente, duvido que se sinta assim. E os torcedores tampouco lhe darão esse reconhecimento.

Leia o blog do Renato Maurício Prado

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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