Em crise, Corinthians deixa aeroporto pelos fundos; sede é pichada
Danilo Lavieri e Samir Carvalho
Do UOL, em São Paulo (SP)
31/10/2019 14h13Atualizada em 31/10/2019 15h06
Resumo da notícia
- Corinthians pediu saída alternativa no aeroporto de Guarulhos pra evitar imprensa e protesto da torcida e foi atendido
- Parque São Jorge foi pichado hoje (31). "Acabou a paz, time sem alma e fora Carille" foram um dos dizeres nos muros
- Chegada ao CT Joaquim Grava foi tranquila. Cerca de 20 torcedores só xingaram o time, não houve violência. A PM foi acionada e conversou com eles
- Os Gaviões da Fiel, maior organizada do Corinthians, divulgaram nota oficial cobrança raça do elenco atual
A delegação do Corinthians, que voltou de Maceió hoje (31), onde o time foi derrotado para o CSA por 2 a 1, ontem (30), no estádio Rei Pelé, pela 29ª rodada do Campeonato Brasileiro, desembarcou pelas "portas do fundo" no aeroporto de Guarulhos, nesta tarde, em São Paulo.
O elenco corintiano ficou um período dentro do avião após o pouso para organizar a saída pelos fundos e evitar a imprensa e até protesto de torcedores.
O portão utilizado pela delegação do Corinthians para deixar o aeroporto é utilizado somente em ocasiões especiais. Policiais também foram acionados para ajuda no desembarque do Timão.
Segundo apurou o UOL Esporte, a delegação corintiana está apreensiva. O reforço em número de seguranças, inclusive, já foi solicitado.
Isso porque o Parque São Jorge já foi pichado por conta da insatisfação com a fase do time. "Time sem alma, fora Carille e acabou a paz" foram um dos dizeres nos muros. O Corinthians analisará as imagens das câmeras de segurança do Parque São Jorge para identificar as pessoas que vandalizaram a sede-social do clube.
Na chegada ao CT Joaquim Grava, a delegação foi recebida por cerca de 20 torcedores, mas não houve violência ou caso de vandalismo. Os torcedores apenas protestaram com xingamentos. Mas, vale ressaltar que havia reforço policial. A Polícia Militar foi acionada e conversou com os torcedores antes da chegada do ônibus.
O Corinthians somou sete jogos sem vencer, e o técnico Fábio Carille está balançando no cargo. O treinador não caiu por dois motivos: a diretoria não quer aliviar para os atletas e isentá-los de culpa, além de uma multa decrescente que hoje está avaliada em R$ 3,6 milhões.
Além disso, os Gaviões da Fiel, maior torcida organizada do Corinthians, divulgou uma nota cobrando raça, reforçando o discurso do presidente Andrés Sanchez ontem, que sugeriu até férias para atletas desinteressados.
Em nota, os torcedores lembraram que nunca cobraram títulos e que a torcida cresceu em longo jejum de títulos, aliás. O que eles exigiram é a volta de "carrinhos aos 46 minutos do segundo tempo".
Veja nota na íntegra
Da fidelidade incondicional da torcida é que recebemos a alcunha de Fiel. E o maior crescimento dessa Fiel, se deu justamente no maior período sem títulos em toda nossa história. De lá pra cá, fizemos o país ouvir nossa jura por nunca abandonar o Corinthians e nos assumimos loucos por isso.
Um bando de loucos.
E assim seguimos e seguiremos.
Mas até mesmo para loucura, há limite.
Nossa história prova e comprova que títulos nunca foram obrigatoriedade, mas a raça é exigência fundamental. Até mesmo nos períodos onde o time tocava a bola sem precisar olhar para o lado tamanho o entrosamento e confiança, era no carrinho dado aos 46 do segundo tempo na linha de fundo que se encontrava a êxtase da Fiel.
E raça vem da vontade - que há muito tempo não encontramos no atual elenco.
Nós, os Gaviões da Fiel, viemos a público relembrar alguns o que parecem ter esquecido. Não exigimos títulos, mas exigimos vontade.
Vontade de passar pelo marcador nem que seja na força. Vontade de chutar de fora da área e encontrar o caminho do gol. Vontade de atravessar a placa de publicidade em um carrinho dado para cortar uma ofensiva adversária. Vontade de voltar para o vestiário com o uniforme imprestável de tão sujo. Vontade de fazer a torcida que apenas o Corinthians tem, vibrar de alegria. Seja pelo gol ou apenas pelo carrinho.
O que vemos hoje, é que não há vontade sequer de cobrar o juiz por quase 1 minuto de demora do adversário em cobrar um lateral. Aos olhos da Fiel, parece que para o elenco, comissão e diretoria, está tudo bem. Aos olhos da Fiel, não está.
A todos, deixamos claro: o jogo da vida, a partir de hoje, serão absolutamente todos. Sangue no olho, a partir de hoje, queremos a cada partida. "Tapa na orelha", exigimos.
Como é de conhecimento geral, durante 90 minutos contem conosco como sempre. Estaremos apoiando, empurrando, batucando, tremulando, pulando e torcendo por vocês. Nas demais 22 horas e meia, seremos apenas cobrança. Dia após dia.
Suem no treino o que não estão suando nos jogos. Façam nos jogos o que nunca fizeram na vida.
Afinal, o Corinthians não é, nunca foi e nem nunca será brincadeira.
#RAÇATIMÃO