Como Luís Roberto superou Cleber e foi o narrador-sensação da Globo na Copa
Mauricio Stycer
Mauricio Stycer
https://noticias.uol.com.br/colunas/mauricio-stycer/Jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 29 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o "Lance!" e a "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Adeus, Controle Remoto" (editora Arquipélago, 2016), "História do Lance! ? Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo? (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011). Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Colunista do UOL
13/07/2018 13h18
Em qualquer lista com os maiores destaques na TV durante a Copa é preciso colocar o nome de Luís Roberto. Em dupla com o comentarista Roger Flores, o narrador foi uma das unanimidades da Globo durante o Mundial e, ao menos neste momento, superou Cleber Machado no posto de número 2 da emissora – narrou uma das semifinais e vai acompanhar a decisão do terceiro lugar. O grande mistério é: por que só agora? Esta foi a sexta Copa de Luís Roberto na Globo. Arrisco abaixo algumas explicações.
Emoção: Sem abrir mão da descrição precisa dos jogos, que sempre faz, Luís Roberto se permitiu vibrar mais, transmitir emoção genuína, sem parecer exagerado. Na visão do jornalista Edu Cesar, que acompanha este mercado com atenção, o narrador resgatou nesta Copa uma emoção que apresentava na época do rádio, nos anos 1990. Exemplar desta adrenalina foi a narração, por exemplo, do gol de Kroos, no último lance da partida da Alemanha contra a Suécia. De arrepiar.
Humor: Já há algum tempo, Luís Roberto vinha temperando suas narrações com comentários bem-humorados e inesperados. Na Copa da Rússia, esta postura se tornou padrão, com a ajuda de Roger. “Fellaini fez luzes no cabelo”, disse o narrador em uma partida da Bélgica. “Se eu fizer luzes, cai tudo”, respondeu o comentarista. Também colocou no ar um vocabulário pouco comum no ambiente do futebol. Por exemplo: “Até o apito soar não faça bobagem porque o babado é sério.”
Dupla afinada: A parceria com Roger foi fundamental na Copa. O narrador usou o comentarista como “escada” para piadas, além de dividir com ele o “mico” de fazer publicidade de novelas da Globo. Essencial em trabalhos deste tipo, o entrosamento e a cumplicidade da dupla foi total.
Erros divertidos: Quando a fase é boa, até os tropeços jogam a favor. Em duas partidas da Inglaterra, Luís Roberto cometeu um mesmo erro, chamando o jogador Trippier de Stripper - e o Twitter veio abaixo, não para condená-lo, mas para rir junto.
Bordões: O narrador explorou com mais intensidade o uso de bordões. Ele já usava “o nome da emoção” para se referir aos artilheiros. E o “sabe de quem?” no instante do gol. Este último, ganhou adaptação bem humorada em homenagem ao inglês Harry Kane e virou “sabe de Kane?”. Outra novidade foi o “fé no pé”.
Memes: Um comentário que havia feito em 2014, sobre os “negros maravilhosos que saem tabelando” da seleção da França, virou piada na época. Inteligente, Luís Roberto transformou o meme a seu favor e fez mistério se usaria o termo novamente ao narrar uma partida da França (contra o Peru) em 2018. “Não tivemos a tabelinha dos negros maravilhosos”, disse ao final.
Redes sociais: À vontade com os fãs, Luís Roberto descreveu a sua rotina na Copa com inúmeras postagens no Instagram. Mostrou os passeios que fez nos momentos de folga, brincou com os memes a seu respeito e não escondeu nem mesmo o instante em que passou mal por conta de uma crise de pressão alta.