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Times da F1 apostam em pilotos brasileiros em programas 'caça talentos'

Enzo Fittipaldi é piloto da academia da Ferrari - Prema Powerteam/ Divulgação/ RF1
Enzo Fittipaldi é piloto da academia da Ferrari Imagem: Prema Powerteam/ Divulgação/ RF1

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Abu Dhabi

29/11/2019 04h00

O grid da Fórmula 1 segue sem brasileiros na próxima temporada, mas vem aí uma nova geração que aposta em relações de longa data com equipes da categoria, algo semelhante com o que levou Lewis Hamilton à McLaren e, em menor escala, Sebastian Vettel e Max Verstappen à Red Bull e Charles Leclerc à Ferrari.

A carreira de todos esses pilotos teve algo em comum: em determinado momento - no caso de Hamilton, ainda no kart, e dos demais, na F-3 e equivalentes - passaram a integrar programas de desenvolvimento de alguma equipe da Fórmula 1. Atualmente, três brasileiros vivem essa realidade: Enzo Fittipaldi e Gianluca Petecof, na Ferrari, e Caio Collet, na Renault.

Gianluca Petecof - Prema Racing/Divulgação - Prema Racing/Divulgação
Petecof é piloto do programa da Ferrari
Imagem: Prema Racing/Divulgação

O país ainda tem Pietro Fittipaldi como piloto de testes da Haas e Sergio Sette Camara como piloto de desenvolvimento da McLaren. A posição de ambos para o ano que vem ainda não está confirmada, mas Pietro se mostrou confiante e disse que deve anunciar seu futuro "nos próximos dias", indicando a permanência na Haas e a disputa de algum campeonato paralelamente ano que vem. Já Sette Camara está focado primeiramente na última etapa da Fórmula 2, que está sendo disputada neste final de semana em Abu Dhabi, junto da F-1. Ele precisa pelo menos manter o quarto lugar no campeonato para se tornar o único brasileiro que tem a superlicença necessária para disputar corridas de F-1. Mas demonstra interesse em se transferir para a Indy ano que vem ao invés de fazer mais uma temporada na F-2.

Concorrência acirrada

Entre os três jovens que fazem parte de programas de desenvolvimento, é Enzo Fittipaldi quem está na "pole position". "Venho de dois anos positivos no programa da Ferrari. Na F-4, ganhei o campeonato na Itália e cheguei em terceiro na Alemanha, e neste ano fiz a F-3 regional e terminei como vice-campeão. Foi um ano muito positivo, com muitos pódios e duas vitórias. Era uma categoria nova, mas o grid estava muito forte: teve caras que vieram da FIA F-3 e não conseguiram andar bem, como o Dan Ticktum. Então acho que isso mostra o nível da categoria", explicou Enzo ao UOL Esporte.

A Ferrari ainda não anunciou qual o próximo passo do neto de Emerson e irmão de Pietro Fittipaldi, mas ele deve ir para a FIA F-3, campeonato que anda junto com a F-1. Esta categoria e a F-2 são os dois últimos passos para chegar à principal.

Outro piloto da academia da Ferrari, Gianluca Petecof foi o vice-campeão em sua segunda temporada na F-4 italiana. "O ano começou muito bom para a nós e vínhamos liderando, mas houve muitos erros meus e da equipe na segunda parte e o resultado acabou sendo bom, mas não o que a gente queria. E, para o ano que vem, a ideia é fazer a F-3 Regional, que é como um passo intermediário para a FIA F-3, e brigar pelo título de novo", disse ao UOL Esporte.

Mesmo repetindo a F-4 sem um título, Petecof julga que a Ferrari segue contente com seu trabalho. "O Mick Schumacher, por exemplo, que ganhou a F-3 Europeia e está na F-2, não ganhou na F-4. O importante é demonstrar a evolução, e foi isso que fizemos. Ganhar campeonato é uma combinação de diversos fatores. Meu plano de carreira sempre foi fazer dois anos de F-4 e, para o ano que vem o único objetivo é eliminar todos os erros deste ano e brigar pelo título."

Caio Collet - Renault F1/Divulgação - Renault F1/Divulgação
Caio Collet faz parte do programa da Renault
Imagem: Renault F1/Divulgação

Piloto da academia da Renault desde o início deste ano, Caio Collet cumpriu seu objetivo traçado pela montadora francesa neste ano e foi o melhor estreante da F-3 Eurocup, que está em nível semelhante à Regional. "Para o ano que vem, o plano é seguir na categoria e lutar pelo título. Não existe atalho no caminho para a F-1. É tudo uma questão de muito trabalho e dedicação", disse o piloto, que tem um trunfo importante: tem a carreira administrada por Nicolas Todt, o mesmo de Felipe Massa e Charles Leclerc.

Não é por acaso que vários brasileiros apostam na parceria com equipes de F-1, caminho desejado pela grande maioria dos jovens: com os altos custos mesmo das categorias menores, é muito difícil fazer a carreira na Europa de maneira independente, como Pedro Piquet, que ano que vem vai para a Fórmula 2, e Felipe Drugovich, que deve permanecer na F-3. Além disso, os exemplos de sucesso dos protagonistas hoje da Fórmula 1 também incentivam os jovens a buscar esse caminho.

Além disso, ser piloto de uma academia como a Ferrari significa, para Enzo e Gianluca, morar perto da fábrica da equipe, em Maranello. "Todo dia vou fazer algum treino dentro na fábrica - físico, mental, técnico. Isso é o que não tem preço", disse Petecof.

Por outro lado, a concorrência é grande: os pilotos dos programas geralmente têm metas anuais de desenvolvimento para cumprir e, se não chegam lá, estão fora. Um exemplo foi Alex Albon, que chegou a ser dispensado do programa da Red Bull no passado, e voltou nesta temporada já direto na F-1. "É lógico que o resultado vem em primeiro lugar para você se manter em um programa como esse. Mas eles também observam bastante o que você faz fora da pista, sua atitudes. Você precisa estar atento a todos os detalhes porque eles fazem a diferença", explicou Collet.

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