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Por que a McLaren foi um fiasco na temporada de 2015 da F-1?

AFP
Imagem: AFP

Julianne Cerasoli

Do UOL, em São Paulo

02/12/2015 06h00

“Sabíamos que não seria fácil, mas talvez não imaginaríamos que seria tão difícil”. A frase é do chefe da Honda na Fórmula 1, Yasuhisa Arai, e demonstra o tamanho da decepção dos japoneses em seu retorno à categoria, revivendo uma parceria de muito sucesso no passado com a McLaren.

A temporada de 2015 acabou sendo uma das piores da história do time inglês, que criou muita grande expectativa com a volta de Fernando Alonso, fazendo dupla com outro campeão do mundo. Mas falta de piloto foi o menor dos problemas do time no ano, no qual chegou em apenas seis oportunidades entre os 10 primeiros nas 19 etapas disputadas.

A grande culpada pelo rendimento ruim foi a Honda, que optou por estrear sua unidade de potência V6 turbo híbrida um ano depois dos demais e não conseguiu fazer um motor à altura. Mas não foi só isso.

Entenda por que a McLaren foi um fiasco em 2015: 

Pouca quilometragem: Tudo começou com o atraso no desenvolvimento do motor. Enquanto a Mercedes, por exemplo, começou seu projeto em 2010, a Honda só iniciou os trabalhos em 2013. Na pré-temporada de 2015, primeira vez em que colocou o motor para andar na pista já com o carro que seria utilizado na temporada, uma série de problemas técnicos impediu o time de completar muitas voltas. “Estamos fazendo nossa pré-temporada agora”, repetia Fernando Alonso ao longo do ano.

Outro fator que atrapalhou na descoberta e solução dos problemas foi a limitação do número de motores na temporada, algo que foi aliviado no meio do ano, com penas menores para a troca de propulsores. Não coincidentemente, a Honda passou a melhorar mais na segunda metade. Porém, seus pilotos usaram cerca de 12 motores cada, quando o limite eram 4.

Isolamento: Optaram por adotar um conceito próprio, sem copiar as ideias de Mercedes e Ferrari. Especialmente a parte elétrica do motor Honda é bem mais compacta que seus rivais - e não dá o mesmo retorno em termos de potência. Os japoneses também relutaram em procurar ajuda, mesmo tendo sido pressionados pela própria McLaren. “A Honda poderia trazer alguma experiência de outros fabricantes”, disse o chefe da equipe, Eric Boullier. Mas a montadora deixou claro que isso não faz parte de sua cultura.

MGU-H: Está é a sigla do sistema que recupera a energia calorífica do turbo e que representa uma fonte importante de potência para os atuais motores da Fórmula 1. E seria este o grande vilão do rendimento da Honda. Como seu sistema não recupera tanta energia quanto os rivais, a potência extra não dura até o final das retas: com isso, vimos até a última etapa do campeonato diferenças perto dos 20km/h entre os McLaren e os demais.

Carro: McLaren não vence uma corrida desde o final de 2012, último ano em que a equipe fez um carro competitivo do ponto de vista aerodinâmico. Para esta temporada, os engenheiros decidiram tomar um caminho completamente diferente, com uma parte traseira bastante enxuta. Mas ainda é preciso desenvolver o novo conceito antes de querer rivalizar com os melhores carros também do ponto de vista da aerodinâmica.

Combustível: recentemente, a Shell divulgou que foi responsável por 25% do ganho de performance da Ferrari neste ano apenas pelo desenvolvimento de lubrificantes melhores. Com modificações nos motores são limitadas, os combustíveis são fundamentais para o ganho de performance e, desde a época em que a McLaren usava motores Mercedes, ficava devendo em relação aos outros times com o mesmo motor porque o combustível que usa, da Mobil, não é tão desenvolvido.

Para o ano que vem, todos os fornecedores de motores terão um total de 32 fichas de desenvolvimento para melhorar seus motores e a expectativa da Honda é resolver seus problemas. “Precisamos de 2s5 e daí poderemos lutar por vitórias. Isso é muito realista, mas é claro que temos trabalhar muito duro”, acredita Alonso.

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