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Mudança climática atrasa rotação da Terra e afeta marcação das horas

Um dia raramente tem exatamente 24 horas Imagem: HENRY NICHOLLS/REUTERS

De Ecoa

28/03/2024 10h00

Uma pesquisa publicada ontem (27) na revista "Nature" mostrou que, apesar de a rotação da Terra em geral estar aumentando, o derretimento do gelo na Groenlândia e na Antártida pode diminuir essa velocidade, o que vai afetar a maneira como contamos o tempo.

O geofísico Duncan Agnew, do Scripps Institution of Oceanography, nos EUA, mostrou com seu estudo que gelo suficiente derreteu para mover o nível do mar de tal forma a mudar o formato da Terra e alterar a taxa de rotação do planeta.

As consequências disso têm a ver com a forma como contamos o tempo atualmente. O horário oficial internacional é definido por um conjunto de relógios atômicos ultraprecisos. Porém, por motivos históricos e culturais, ainda levamos em consideração a rotação da Terra.

Devido às variações da velocidade de rotação da Terra, a duração de um dia raramente é de exatas 24 horas, fazendo que eventualmente o horário do relógio não coincida com o horário da Terra. Para corrigir essa discrepância, é usado o chamado segundo intercalar. Trata-se da adição de um segundo ao horário padrão oficial, o UTC (Tempo Universal Coordenado).

Atualmente, a taxa com que a Terra gira está sendo afetada por correntes no núcleo líquido do planeta, que desde a década de 1970 têm aumentado a velocidade de rotação da crosta externa. Com isso, os segundos intercalares adicionais foram menos frequentes e a tendência era de um segundo intercalar precisar ser removido do UTC, algo inédito.

Porém, a análise de Agnew conclui que isso poderia acontecer mais tarde do que se esperava por causa das mudanças climáticas.

Dados de satélites que mapeiam a gravidade da Terra mostram que, desde o início dos anos 1990, o planeta se tornou menos esférico e mais achatado, à medida que o gelo da Groenlândia e da Antártida derreteu e moveu água para longe dos polos em direção ao Equador. Esse fluxo de água para longe do eixo de rotação da Terra diminui a rotação do planeta.

Agnew descobriu que, sem o efeito do derretimento do gelo, um segundo intercalar negativo seria necessário três anos antes do que agora é previsto.

Segundo intercalar é um problema para a tecnologia

Os segundos intercalares são um grande problema porque levam a falhas graves em sistemas de computação. Um segundo intercalar negativo, algo sem precedentes, poderia ser ainda pior. Ainda há incertezas de quando ele será necessário, uma vez que os cálculos dependem da aceleração da Terra, e a atividade no núcleo interno é imprevisível, explicou Christian Bizouard, um astrogeofísico no Serviço Internacional de Rotação da Terra e Sistemas de Referência em Paris, ao site da Nature.

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