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Mulheres doam mais de 6 toneladas de alimento a população vulnerável na BA

Elaine Brandão (dir.) conta que ouviu o chamado de mulheres líderes de suas famílias para criar o projeto - Arquivo pessoal
Elaine Brandão (dir.) conta que ouviu o chamado de mulheres líderes de suas famílias para criar o projeto Imagem: Arquivo pessoal

Ed Rodrigues

Colaboração para Ecoa, em Recife (PE)

19/01/2022 06h00

Um projeto que tem como força motriz a solidariedade feminina já doou mais de seis toneladas de alimentos a pessoas em situação de rua e a mulheres chefes de família em Salvador, na Bahia.

O Mulheres Suburbanas em Ação percebeu que, com a pandemia, muitas pessoas que tiveram o auxílio emergencial negado ou cancelado passaram a outro nível de dificuldade, que é a fome. O coletivo deu início à campanha "Quem tem fome, tem pressa" e atende 920 famílias, entre elas professoras desempregadas.

A ação doa principalmente cestas básicas, mas também ajuda com materiais de limpeza e higiene pessoal. Pedagoga e presidenta do projeto, Elaine Brandão conta que ouviu o chamado de um grande número de mulheres líderes de suas famílias que necessitavam de ajuda por estarem desempregadas.

"Além delas, o número crescente de pessoas em situação de rua na cidade de Salvador também nos motiva. Somando 2020 e 2021, já foram 6.440 toneladas de alimentos arrecadados e doados pelo projeto", disse a Ecoa.

Inspiração em lavadeira analfabeta

Elaine explica que o coletivo foi inspirado em Valdomira Cerqueira Brandão, uma mulher negra, lavadeira, analfabeta, viúva, que tinha o sonho de mudar a vida da única filha por meio da educação — e conseguiu.

Já falecida, Valdomira foi uma das primeiras moradoras do bairro Alto de Coutos, no Subúrbio Ferroviário de Salvador. Segundo a presidenta do projeto, ela costumava contar como as lavadeiras da área superaram as dificuldades do seu tempo com a ajuda mútua e lutaram coletivamente por seus direitos e de seus filhos.

"O problema de uma era de todas. Assim seguimos dando as mãos, buscando meios de ajudar quem precisa inspiradas nessas lavadeiras. São 31 voluntárias que ajudam pessoas do Subúrbio Ferroviário e de diversos bairros de Salvador, como Simões Filho e Lauro de Freitas", continuou.

As pessoas que precisam geralmente solicitam ajuda pelas redes sociais do projeto, por telefone ou são indicadas por alguém da comunidade. No momento, o critério para receber ajuda é não ter recebido auxílio emergencial do governo.

Bolsa Família e faxinas

A dona de casa Maricélia Encarnação Hora é uma das beneficiadas pelo projeto. Ela mora com três irmãos e todos estão desempregados. Para manter a casa, os únicos recursos são o Bolsa Família e faxinas.

"Uma moradora do bairro soube desse projeto e me contou. Ela sabia que a gente estava sem emprego e precisando de ajuda. Então, procurei as meninas e fui muito bem acolhida por elas", contou. A família de Maricélia foi atendida com cestas básicas.

O projeto também leva palestras sobre conscientização dos dilemas das mulheres negras à comunidade, organiza campanhas de arrecadação de móveis e lança campanhas de incentivo ao consumo de produtos de mulheres do subúrbio.

"Ao longo do ano, de acordo com as necessidades, fazemos palestras, como a que foi realizada no Dia das Mulheres, e lançamos campanhas educativas e de lutas, como o "adia Enem", melhoria no transporte público, medidas sanitárias de combate à covid-19, valorização ao amor pelo subúrbio, defesa da mulher e tantos outros", concluiu Elaine.

Quem desejar ajudar com alguma doação pode entrar em contato pelo perfil do projeto no Instagram, pelo telefone: (71) 987640560 ou fazer diretamente a doação em dinheiro por meio do PIX: 71987640560 (chave-celular) - Elaine B. Silva.