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BYD: medo dos carros chineses é por falta de competitividade dos ocidentais

Recém lançada no México, picape híbrida BYD Shark chega em breve ao Brasil seguindo a política de preços agressivos da marca chinesa Imagem: Divulgação

Alessandro Reis

Do UOL, na Cidade do México*

16/05/2024 04h00Atualizada em 16/05/2024 17h04

O recente aumento das taxas de importação para veículos chineses na Europa, sob a alegação de concorrência desleal alimentada por supostos subsídios do governo da China, é uma desculpa de montadoras tradicionais frente à incapacidade de concorrer em pé de igualdade em termos de desenvolvimento tecnológico.

Essa é a visão de Stella Li, vice-presidente global da BYD, frente à reação de diferentes países frente à expansão das montadoras chinesas em diferentes mercados, especificamente no que se refere ao sucesso comercial de veículos elétricos e híbridos provenientes do país asiático.

Durante entrevista para a mídia especializada brasileira concedida nesta quarta (15) na Cidade do México, um dia após o lançamento global da picape híbrida plug-in Shark, a executiva da BYD negou que a competitividade de sua companhia e de outras montadoras chinesas, seja financiada pelo governo local.

"É muito comum, quando montadoras tradicionais não conseguem acompanhar o avanço tecnológico atual, alegarem que o governo da China dá subsídio, dá suporte. Isso não é verdade. Se você for à China, verá que a disputa entre as fabricantes chinesas de veículos é sangrenta", disse Li.

Stella Li, vice-presidente global da BYD, durante entrevista coletiva à imprensa brasileira no México Imagem: Alessandro Reis/UOL

De acordo com a VP da BYD, na China hoje os subsídios estão restritos à venda de automóveis eletrificados ao cliente final, mas em uma escala quase insignificante em relação a alguns anos atrás. Segundo ela, o estágio atual em que marcas como a BYD estão, rumo a um futuro de descarbonização, começou há cerca de 20 anos e, de fato, a partir de uma política governamental clara e objetiva.

Stella vai além, dizendo que a mensagem passada pela China há duas décadas, que agora está se consolidando, é de que o motor a combustão interna não tem futuro - enquanto montadoras ocidentais há muitos anos estabelecidas ainda hesitam sobre o tema.

"Nos últimos 20 anos, o posicionamento da China sempre foi muito claro. Toda a cadeia automotiva tem de investir em capacidade de eletrificar a frota. Não há futuro para carros a combustão, é a mensagem que o governo da China colocou em prática ao estabelecer políticas que deixaram isso muito claro. Isso forçou todo mundo a seguir esse norte".

A vice-presidente da BYD acrescenta que outros países não têm sido tão firmes nessa direção e isso tem beneficiado as fabricantes chinesas - a pondo de Elon Musk, o chefão da Tesla, ter declarado recentemente que, mantido o cenário atual, "se não forem estabelecidas barreiras comercias?, [as montadoras chinesas] vão demolir a maioria das montadoras do mundo?, destacando que, na atualidade, "são as mais competitivas".

Enquanto as marcas chinesas já consideram os veículos convencionais a combustão com os dias contados, Stella Li destaca que mercados como o europeu têm revisado datas e prazos para a extinção dos motores a combustão interna.

"Nesse vai e volta, você perde a capacidade de competição. Por isso, outras montadoras colocam a culpa no governo chinês quando a responsabilidade é delas"

Estados Unidos

As declarações aconteceram logo após o governo dos Estados Unidos quadruplicar a taxação de produtos chineses importados.

Na mesma entrevista, Stella foi questionada sobre os planos de a BYD vender carros no mercado norte-americano - que, neste momento, estão descartados, a despeito de a empresa acabar de anunciar a implementação de uma fábrica no México, com início da produção em local ainda a ser definido, dentro de aproximadamente três anos.

Como é sabido, o México tem acordo de live comércio com os Estados Unidos e, em tese, a BYD e outras chinesas poderiam exportar seus carros do México para o mercado norte-americano com benefícios fiscais.

Conforme ela, a curto prazo, não há planos para começar a operar nos EUA, dado o cenário atual, às vésperas de uma campanha presidencial - os pré-candidatos Donald Trump e Joe Biden têm manifestado preocupação com a "ameaça chinesa" antes da disputa marcada para novembro deste ano.

Ela mencionou cautela com "questões políticas" e mencionou "situação estranha".

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*Viagem a convite da BYD

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