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Estudo: motoristas de carros caros são os que menos têm empatia no trânsito

tab narcisismo carro estaciona sobre a faixa de pedestre em São Paulo  - Felipe Gabriel/FolhaPress
tab narcisismo carro estaciona sobre a faixa de pedestre em São Paulo Imagem: Felipe Gabriel/FolhaPress

Do UOL, em São Paulo

29/02/2020 18h23

O que o valor do seu carro diz sobre você? Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Nevada, em Las Vegas (EUA), chegou a uma conclusão que pode não agradar muitos motoristas: segundo a pesquisa, pessoas que têm carros muito caro são as que menos tem empatia com as outras no trânsito.

E como eles chegaram a essa conclusão? A pesquisa tentou mapear o comportamento de vários motoristas por meio de um teste: selecionou voluntários — dois homens, um branco e um negro, e duas mulheres, uma branca e outra negra — para atravessarem a rua centenas de vezes para que eles analisassem como os motoristas agiriam.

Motoristas de 461 carros foram monitorados e apenas 28% deu preferência aos pedestres.

O estudo concluiu que motoristas de veículos chamativos são menos propensos a parar e permitir que os pedestres atravessem a rua. E mais: a cada US$ 1.000 a mais no preço do veículo, a probabilidade do motorista parar nessa situação cai em 3%.

Pelo que foi analisado, os motoristas eram mais propensos a parar para os participantes brancos e, em seguida, do sexo feminino. 31% dos veículos pararam para as mulheres e participantes brancos atravessarem; 24% pararam para os homens e 25% para os voluntários negros. Motoristas de carros mais caros foram os que menos pararam para os pedestres.

Para os pesquisadores, o estudo mostrou a falta de empatia desses motoristas. "A falta de engajamento e a menor capacidade de interpretar pensamentos e sentimentos das outras pessoas, juntamente com a sensação de poder e narcisismo, podem levar à falta de empatia pelos pedestres", diz o estudo.

"Os motoristas precisam estar cientes de que precisam ceder. É difícil dizer se não estão cedendo porque não conhecem as leis ou porque não querem ceder. Mais estudos são necessários para examinar isso. Até então, a coisa mais importante é a educação dos motoristas", disse o coordenador do estudo, o professor de saúde pública Courtney Cougheneour.

A pesquisa reafirma a conclusão de um estudo finlandês com 1.892 motoristas e publicado no Journal of Transport and Health no mês passado. Segundo ele, homens que possuem veículos chamativos têm maior probabilidade de serem "argumentativos, teimosos, desagradáveis".