Qual o carro híbrido ideal para o Brasil? Criador de sucessos responde
Cassio Pagliarini
Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)
17/09/2018 04h00
Um dos idealizadores de EcoSport, Duster, Sandero e HB20 tenta imaginar como seria um eletrificado de sucesso no país
Vários artigos têm sido escritos sobre os veículos híbridos disponíveis em todo o mundo, mas ainda não vi recomendações de especialistas brasileiros sobre o que poderia ser uma boa proposta para o mercado local. Aqui apresento minha visão.
Como nosso mercado é focado principalmente em carros subcompactos e compactos, onde está metade do volume de varejo, acredito que a solução ideal deva cair nesse segmento do mercado.
Escolha fácil, mas que tipo de veículo?
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Perfil é urbano
Com as imensas dimensões do território brasileiro, alguém pode se sentir tentado a encontrar um veículo capaz de lidar com grandes distâncias de deslocamento através de potência elétrica. Em minha opinião, isto está errado.
A densidade de energia das fontes elétricas de energia ainda é 20-30 vezes pior do que o combustível líquido. Transportar baterias para lidar com longas distâncias aumentaria o custo e reduziria a carga útil do veículo. Pela mesma justificativa, a energia elétrica para os aviões comerciais é proibitiva e continuará assim até que novos formatos disruptivos de baterias sejam desenvolvidos.
O ambiente onde a energia elétrica brilha é o tráfego urbano, pois a maioria dos usuários não percorre mais de 40 km por dia nessa condição.
Pacote pequeno
Meu conceito de carro híbrido para clientes brasileiros começaria com a mesma carroceria usada para motores de combustão. O conjunto de força convencional, com alimentação flex (etanol e gasolina), seria complementado por um motor elétrico/gerador/regenerador que seria capaz de ligar o motor, acionar as rodas no modo elétrico e carregar as baterias em desaceleração.
Este é um terreno comum para todos os veículos híbridos, mas este motor seria de tamanho e desempenho reduzidos, digamos 10 hp [nota do editor: pouco mais de 10 cavalos], tamanho requerido dependerá do peso do veículo. Não é um foguete, mas um meio de deslocamento, suficiente para alcançar os 70-80 km/h. As baterias dariam para 40 km de condução urbana, se traduzindo em tamanho reduzido, menor peso e mais fáceis de substituir. Algum espaço seria sacrificado para acomodar as baterias, mas menos do que em um veículo híbrido ou elétrico regular.
No meu conceito, o motor/gerador seria instalado entre o motor de combustão e a transmissão -- no mesmo local usado pela embreagem ou conversor de torque. Algum trem de engrenagens poderia ser necessário para casar os níveis de rotação entre o motor de combustão e o motor elétrico. A transmissão poderia ser manual ou automática, sendo que a automática tornaria mais fácil gerenciar a fonte de energia: elétrica, a combustão ou ambas.
O resultado desse conceito seria um veículo com custos mais baixos do que os híbridos atualmente disponíveis para venda e oferecendo o melhor compromisso para clientes com distância de deslocamento urbano de até 40 km por dia. Com sistemas de carregamento em casa e no trabalho, a distância poderia ser dobrada e baterias menores também são carregadas em menos tempo. Os mesmos conceitos se aplicam aos SUVs compactos vendidos por aqui.
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* Cassio Pagliarini é graduado em engenharia aeronáutica e marketing, consultor em estratégia empresarial e indústria automotiva. Como diretor de marketing e estratégia de produtos, teve responsabilidade direta pelos veículos Hyundai HB20, Renault Sandero e Duster e pela primeira geração do Ford EcoSport. Artigo originalmente publicado pelo autor no LinkedIn.