Conteúdo publicado há 8 meses

Cirurgia de transplante de coração de Faustão levou quase 3h, diz hospital

Fausto Silva, 73, recebeu hoje o transplante de coração. A informação foi confirmada pelo Hospital Albert Einstein, onde o apresentador está internado desde o início de agosto. Procurados, Luciana, que é mulher de Faustão e, João Guilherme, filho do apresentador, afirmam que não vão se pronunciar neste momento.

O procedimento foi realizado com sucesso e Fausto Silva permanece na UTI, pois as próximas horas são importantes para acompanhamento da adaptação do órgão e controle de rejeição, Hospital Albert Einstein.

Segundo o Einstein, a Central de Transplantes do Estado de São Paulo contatou o hospital na madrugada deste domingo (27) para informar sobre o coração para ser transplantado no apresentador. Após a avaliação de compatibilidade do órgão, a cirurgia foi realizada e durou cerca de 2h30.

A Central de Transplantes do Estado de São Paulo explicou que Faustão ocupava o segundo lugar na fila de espera por um coração. "A seleção gerada para a oferta do coração deste receptor, através do sistema informatizado de gerenciamento do sistema estadual de transplantes, trouxe 12 pacientes que atendiam aos requisitos. Destes, quatro estavam priorizados, sendo que o paciente ocupava a segunda posição nesta seleção."

Ainda, segundo a Central de Transplantes, a equipe transplantadora do paciente que ocupava a primeira posição decidiu pela recusa do órgão e, desta forma, a oferta seguiu para o segundo paciente, que era o apresentador.

O apresentador está internado desde o dia 5 de agosto no hospital Albert Einstein para tratamento de insuficiência cardíaca. Faustão estava em diálise e necessitando de medicamentos para ajudar na força de bombeamento do coração. O quadro de saúde de Fausto o colocava como prioridade na fila de transplantes.

A reportagem questionou o Hospital Albert Einstein sobre a cidade e estado de onde veio o órgão e, também, quais os riscos após a cirurgia. O hospital afirmou que, por enquanto, só poderia informar o que fora divulgado no boletim médico. O hospital afirmou ainda que não tinha outras informações a passar após ser questionado que o doador de Faustão teria sido um homem de 35 anos.

Tempo de cirurgia

Durante entrevista para GloboNews, o médico Gustavo Fernandes Ferreira, presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), falou sobre o tempo para que a cirurgia de transplante de coração seja realizada.

O coração tem um tempo curto, ente quatro e seis horas, chamado de tempo de isquemia fria, que é o tempo de retirada do órgão e o implante do órgão no receptor (colocar o órgão realmente funcionado). O rim tem um tempo mais longo e o fígado entre o coração e o rim, ou seja, cada órgão tem a suas particularidades de tempo.

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Como funciona a doação?

No Brasil, a doação de coração depende exclusivamente da autorização dos familiares de uma pessoa com morte encefálica. A morte encefálica é definida como "morte baseada na ausência de todas as funções neurológicas", ou seja, é permanente, é irreversível, segundo a ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos).

Uma das dificuldades para o transplante do coração está justamente na decisão da família do doador. O índice de rejeição à doação de órgãos no país é historicamente alto: 43%, segundo o Ministério da Saúde.

Um único doador morto pode salvar mais de oito vidas. É possível doar coração, pulmão, fígado, os rins, pâncreas, córneas, intestino, pele, ossos e válvulas cardíacas.

Exames obrigatórios. Uma vez autorizada a doação, é realizada uma coleta de sangue para a análise da presença de anticorpos do HIV, hepatite B e C, HTLV, sífilis, doença de Chagas, citomegalovírus e toxoplasmose. Depois das avaliações, o doador é encaminhado para a cirurgia de retirada de órgãos.

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Entenda mais sobre os critérios para doação de órgãos

Para o transplante ocorrer, o médico precisa cadastrar o paciente na lista única, que é totalmente controlada pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Além disso, os dados inseridos na fila não identificam quem são os pacientes de meio particular ou da rede pública.

Mais de 90% das cirurgias são feitas pelo SUS, mas pacientes que quiserem podem realizar o procedimento na rede particular, com seu médico de preferência. Independentemente da escolha, a captação do órgão continua sendo feita pela rede pública.

"A fila de transplante é uma fila comum, independentemente se o paciente entrou nela pelo SUS ou pelo convênio. Há critérios bem definidos para determinar quando chegará a vez do paciente. O critério-base é o tempo de fila. Porém, há algumas situações nas quais o paciente não consegue esperar e precisa passar na frente, sempre por gravidade". Guilherme Viganó, médico cardiologista.

A doação de alguns órgãos pode ser feita por um doador vivo, mas a maioria vem apenas de uma pessoa já morta. Neste caso, a família do possível doador deve autorizar o procedimento.

Após a autorização, é realizado exame de sangue para detectar presença de anticorpos do HIV, hepatite B e C, HTLV, sífilis, doença de Chagas, citomegalovírus e toxoplasmose, além dos exames gerais de avaliação do fígado e rins principalmente.

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A doação também é descartada com a presença de alguns tipos de tumores malignos, doenças infecciosas graves e doenças infectocontagiosas. Apenas depois da confirmação de que os órgãos estão saudáveis, o doador é encaminhado para cirurgia de captação.

Em vida, uma pessoa pode doar um rim, medula óssea, parte do fígado e parte do pulmão (em situações excepcionais). Já um doador falecido pode ajudar mais de oito pessoas, doando coração, pulmão, fígado, rins, pâncreas, córneas, intestino, pele, ossos e válvulas cardíacas.

A lista registrada pelo SUS segue ordem cronológica de inscrição, mas existem outros critérios além do tempo de fila, como a gravidade do caso e compatibilidade sanguínea e genética com o doador. Quando um órgão é doado, a Central de Transplantes do Estado é comunicada e vai à lista de espera para selecionar os pacientes mais compatíveis.

Os critérios de desempate são diferentes de acordo com o tipo de órgão ou tecido. Crianças também têm prioridade.

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