Há mais de uma década, os dados do IBGE avisam: a expectativa de vida da população brasileira só aumenta. Se, em 2011, homens e mulheres viviam 74,6 anos, esse número saltou para 77 anos no último levantamento, publicado em 2022.

A ciência avança a passos largos, tanto na prevenção e no tratamento de doenças relacionadas ao envelhecimento quanto no entendimento do que esperar e de como viver da melhor forma os anos extras que a geração 45+ tem pela frente.

No livro "A coragem de envelhecer: A ciência de viver mais e melhor", a psicóloga norte-americana Becca Levy, uma das maiores especialistas do mundo em envelhecimento e longevidade, diz:

Não existe um marcador biológico único para identificar quando alguém envelheceu, o que significa que a velhice é uma construção social um tanto fluida. Esta é uma das razões pelas quais as crenças sobre a idade, com as expectativas associadas, são tão poderosas: elas definem como vivenciamos a velhice.

A vovó do tricô, o senhor que corta a grama do quintal todo domingo, o casal que assume a rotina dos netos para os filhos trabalharem - papéis engessados não precisam mais ser seguidos, mas podem, se houver vontade. É sempre tempo de recomeçar. Com a vantagem de contar com bagagem acumulada até agora (não, a vida não começa aos 40!).

Vera Iaconelli, Ticiane Pinheiro, Ana Canosa, Malvino Salvador, Joice Berth. Convidados com as mais diversas experiências, perspectivas e expectativas - e que vivem atualmente essa revolução - se reuniram em São Paulo, no último mês de outubro, no evento VivaMais no Seu Tempo.

Moderados por Mariana Ferrão, jornalista e apresentadora do Conexão VivaBem, o programa de saúde e bem-estar do VivaBem no UOL, cinco painéis de debate e uma entrevista especial com a atriz, humorista e roteirista Ingrid Guimarães trataram de temas como atividade física, alimentação, carreira, aprendizado, saúde, sexualidade e recomeços após os 45 anos.

Mari Ferrão, que chegou aos 45 este ano e já sente sintomas da entrada no climatério, destacou a importância de reformularmos o "mapa" da vida sempre que necessário; para vivermos bem e plenamente sem a obrigação de parecer mais jovem.

Estou a cada dia fazendo as pazes com a minha autoestima e me permitindo cada vez mais diminuir o ritmo quando preciso - estou revendo a forma como encaro a vida e isso me faz bem.

Confira a seguir os melhores momentos do evento, que contou com o patrocínio de GSK e O Boticário.

Mariana Pekin/UOL

"A nossa geração achou que era muito maneiro equilibrar os pratos. Até que você começa a ter crise de ansiedade, exaustão. É muito bom entrar na era do foda-se."

- Ingrid Guimarães

Confira a íntegra da entrevista com Ingrid Guimarães

Beleza é um dos temas preferidos dos brasileiros. Uma pesquisa da consultoria britânica Euromonitor International mostra que somos o quarto mercado de beleza do mundo em valor total de vendas no varejo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Japão. Mas o que significa se manter belo (a) depois dos 45 anos?

Especialmente para as mulheres, por muitos anos, a regra foi: quilinhos a menos, unhas sempre feitas e a dose exata de Botox à medida que o efeito do tempo começa a aparecer.

No entanto, os novos ares indicam que esconder os sinais da idade com uma série de procedimentos estéticos não é mais regra (ainda bem!) - mas até pode rolar para quem quiser.

A geração 45+ está mais interessada em um outro tipo de beleza, ligado à maturidade, à autoestima, à segurança de estar dentro da própria pele.

"O charme de estar segura de se olhar no espelho e aceitar o que você acha bonito e o que você não acha bonito vem com o tempo", acredita a modelo e DJ Marina Dias.

Para isso, têm papel fundamental atividade física, alimentação balanceada e valorização da saúde física e mental. "Temos que entender que a pele é só a primeira coisa que envelhece. Todos os órgãos e tecidos estão envelhecendo também", diz a dermatologista Tatiana Gabbi.

"Desde pequena, minha mãe [a Garota de Ipanema Helô Pinheiro] sempre me ensinou a comer saudável, a fazer ginástica, a ter equilíbrio em tudo. Hoje, com 47 anos, me sinto mais jovem pela minha cabeça", conta a apresentadora Ticiane Pinheiro.

A partir do momento em que fui amadurecendo, tomando conta da minha vida, aí, sim, consegui me aceitar, me sentir uma mulher bonita e me valorizar.

Ticiane Pinheiro, apresentadora

Eu acho que o charme de estar segura dentro da própria pele, segura das suas escolhas, segura de se olhar no espelho, isso, sim, vem com o tempo. Eu confesso que me acho hoje muito mais interessante do que quando tinha 20 anos.

Marina Dias, modelo, DJ e ilustradora multimídia

Ao perseguir a beleza, não devemos comprometer, de qualquer forma, nossa saúde. Eu acho que tem sempre que ser o inverso, a beleza tem que brotar da saúde.

Tatiana Gabbi, dermatologista

Confira a íntegra do painel "A beleza que vem com o tempo"

Mulheres jovens ainda são a grande maioria nas telas de cinema e TV, nas propagandas (especialmente as de produtos de beleza) e nas páginas de revista. Mas o cenário se torna cada vez mais diverso.

As atrizes Isabella Rossellini e Maggie Smith são os exemplos mais recentes de mulheres acima dos 45 (no caso delas, acima dos 70!) a exibir sua aparência e beleza real no mundo da moda - e causar furor com isso.

Desconstruir os estereótipos do que é belo, saudável ou até mesmo desejável aumenta a representatividade, ajuda a combater o etarismo e, assim, tem o poder de mudar a forma como encaramos o envelhecimento.

"Mostra que é possível continuar trabalhando, fazendo o que se gosta por mais tempo", completa Vanessa Machado, diretora do grupo O Boticário.

Além disso, deixa claro que a escolha sobre como viver o futuro está nas mãos de cada um. "Não podemos mais colocar toda uma geração na mesma caixinha", acredita Lucia Fleury Zerlotti, sócia e diretora comercial da Agência Dita, que trabalha com influenciadores e criadores de conteúdo maduros.

Hoje uma mulher de 60 anos não é mais a vovó do tricô (eu tenho 60 anos e todo dia de manhã faço spinning), mas também pode ser.

Lucia Fleury Zerlotti, sócia e diretora comercial da Agência Dita

As mulheres ainda precisam se destravar para se autoconhecer, conseguir conversar e trocar porque nessas trocas a gente aprende, cresce.

Vanessa Machado, diretora de categoria do Grupo Boticário

Quanto mais mulheres, homens, pessoas 40 mais nas redes sociais, dividindo experiências, mais voz vamos ter.

Chris Castro, nutricionista e influenciadora digital

Confira a íntegra do painel "Espelho de uma geração"

Mais prazer, menos desempenho. Essa é a principal marca da sexualidade - que, vale sempre lembrar, não tem prazo de validade - depois dos 45 anos, quando homens e mulheres tendem a valorizar mais aspectos como autoestima, estado de espírito e confiança do que os atributos físicos e também dão mais importância ao próprio bem-estar e ao do parceiro.

Ao mesmo tempo, os estereótipos em torno dessa fase da vida ainda fazem muita gente se privar do prazer. "Há um certo luto, inclusive porque a resposta sexual muda no envelhecimento", acredita a psicóloga e sexóloga Ana Canosa.

"Por isso, acho que o boom da diversidade é altamente libertário: por que que eu não posso gostar de uma pessoa que é mais gordinha, mais escura, mais clara?", questiona a arquiteta e escritora Joice Berth. "Todo mundo sai perdendo numa sociedade onde as crenças limitantes correm soltas."

Ser sexy é estar bem dentro da própria pele. Assim, você faz com que todo mundo que esteja ao seu redor, interagindo com você, se sinta agradável por estar ao seu lado.

Joice Berth, arquiteta e escritora

A resposta sexual muda no envelhecimento. Não é mais o 'sexo do desempenho', o 'sexo da narrativa'. Agora é outra coisa. É como é que eu faço para estar bem? Como eu faço para meu parceiro ou minha parceria também estarem bem?

Ana Canosa, psicóloga e sexóloga

A autoconfiança e autoestima deixam qualquer pessoa sexy. Não importa como ela é, que jeito ela é, existe gosto para tudo.

Malvino Salvador, ator

Confira a íntegra do painel "O que é ser sexy depois dos 45?"

Por mais que homens e mulheres 45+ dêem mais atenção ao bem-estar físico e mental do que gerações passadas, é inegável que o passar dos anos aumenta o risco para certas doenças. A palavra de ordem para diagnosticar e tratar precocemente esses problemas é check-up.

De acordo com o clínico geral e especialista em medicina preventiva Adriano Vendimiatti, a lista de rastreios recomendada inclui exames de sangue para medir colesterol e glicemia, por exemplo, colonoscopia, e, para as mulheres, também os testes ginecológicos e de mama (mamografia e ultrassonografia).

O médico lembrou ainda que é fundamental que cada pessoa analise seu risco individual, levando em conta histórico familiar, peso e hábitos alimentares.

Depois de enfrentar um câncer de mama aos 40 anos e outros problemas de saúde ligados ao envelhecimento, como herpes-zóster (causado pelo vírus da catapora, que fica alojado nos nervos e pode ser reativado em situações de queda da imunidade), a apresentadora Sabrina Parlatore destaca ainda a importância de atividade física, alimentação saudável e diminuir o ritmo nessa fase da vida.

Temos que ser altruístas com o 'eu do futuro" para que, aos 40, 50, 60 anos, possamos ter uma vida mais confortável. Envelhecer é obrigatório, mas ser velho é que é opcional.

Adriano Vendimiatti, clínico geral e especialista em medicina preventiva

Sempre gostei do estilo de vida saudável e agora, mais do que nunca, preciso dele. Temos muita vida pela frente, especialmente hoje em dia, então vamos fazer o possível para chegar lá bem e viver bem.

Sabrina Parlatore, apresentadora

Envelhecer é inevitável e é nossa melhor alternativa.

Mariana Ferrão, jornalista

Confira a íntegra do painel "Check-up 45+"

Com o aumento da expectativa de vida, nada mais natural que os brasileiros da geração 45+ transformem a forma de viver essa fase. Estudar e buscar uma nova carreira são opções reais - e, inclusive, recomendadas.

Para quem teme os impactos da menopausa, de enxergar com mais dificuldade ou de esquecer o nome de um conhecido, a boa notícia vem da ciência: estudos mostram que o envelhecimento do cérebro é muito mais influenciado por hábitos e escolhas do que pela idade em si.

A psicanalista Vera Iaconelli, a jornalista especialista em comportamento feminino Fabiana Scaranzi e o ator e educador físico Mateus Carrieri são boas referências no assunto: aos 58 anos, Iaconelli ouve e considera diariamente o que as filhas adolescentes têm a dizer, Scaranzi fez uma transição de carreira aos 48; e Carrieri, aos 57, quer cursar uma nova faculdade e considera reverter uma vasectomia para tentar o quarto filho.

Em comum, para entender como dar esses novos passos, investem no equilíbrio entre corpo e mente com terapia, busca de informações atualizadas (inclusive de saúde) e atividades que causem impacto positivo direto em outras pessoas.

Eu sou velha. E tudo bem, graças a Deus, eu sou velha. É isso. Se as pessoas acham que isso é um palavrão ou não, o problema é delas, para mim não.

Vera Iaconelli, psicanalista

Eu quero envelhecer fazendo o que me dá prazer, o que alimenta a minha alma. Eu me casei pela segunda vez aos 46, fiz uma transição de carreira aos 48 anos e comecei uma faculdade aos 54.

Fabiana Scaranzi, jornalista especialista em comportamento feminino

Fazer terapia está completamente atrelado ao exercício físico para mim. Uma coisa não sobrevive sem a outra, o corpo e a mente. Preciso ter o equilíbrio das duas coisas.

Mateus Carrieri, ator e educador físico

Confira a íntegra do painel "É coisa da sua cabeça"

Topo