Genética pode explicar por que algumas mulheres sentem menos dor no parto
De Viva Bem, em São Paulo
21/07/2020 18h22
Um estudo publicado hoje na revista Cell Reports pode explicar por que algumas mulheres não precisam de anestesia durante o parto.
De acordo com os pesquisadores da Universidade de Cambridge, a maior tolerância à dor está relacionada a uma variante do gene KCNG4, presente em 1% das mulheres.
Esse gene é responsável pela produção de uma proteína que age como um "portão" que controla o pulso elétrico que vai das terminações nervosas até o cérebro. Em outras palavras: age como uma anestesia natural.
"Isso significa que é preciso um pulso elétrico muito maior — ou seja, contrações maiores durante o trabalho de parto — para ativá-lo. Isso diminui a probabilidade de os sinais de dor alcançarem o cérebro", explica o co-autor do estudo Ewan St. John Smith.
A pesquisa analisou o DNA de 189 mulheres que não precisaram de anestesia durante seu primeiro parto. Elas passaram por uma série de exercícios para testar sua tolerância a dor, como a aplicação de calor e pressão nos braços e a submersão das mãos em água gelada.
Os pesquisadores constataram, então, a correlação entre a tolerância a dor e essa variante do gene.
Os autores do estudo esperam que a pesquisa não somente ajude na compreensão da sensibilidade de cada gestante à dor, mas também na fabricação de novos medicamentos para o alívio da dor.