Parkinson: cientistas usam ferro para medir progressão de demência
Do VivaBem, em São Paulo
08/03/2020 14h34
Quando pensamos em Parkinson, sempre vem o sintoma dos tremores em mente. No entanto, outra complicação comum dessa doença é a demência —quadro em que há alteração nas funções cognitivas, como comunicação, linguagem, orientação espacial, capacidade de planejamento motor ou de processar informações sensoriais.
E os cientistas da University College London acharam uma forma de medir a progressão da demência em pacientes com Parkinson, aproveitando exames de imagem: usando os níveis de ferro no cérebro, o que pode permitir a percepção do quadro mais cedo do que só pela observação dos sintomas. O estudo foi publicado na revista científica BMJ.
Como o estudo foi feito
- Os cientistas recrutaram 100 pacientes com estágios iniciais a intermediários de Parkinson e outros 37 idosos de idades similares, mas sem a doença;
- As pessoas estudados foram avaliadas através de um algoritmo validado clinicamente para avaliar o risco de declínio cognitivo em pacientes com Parkinson, medidas de função visuoperceptual e uma escala oficial de desordens de movimento em pessoas com Parkinson;
- Os resultados foram comparados aos exames de QSM, um tipo de mapeamento feito na ressonância magnética, capaz de medir o nível de ferro nos tecidos cerebrais;
- Os cientistas perceberam que pacientes que notas menores nas medidas padrão de declínio cognitivo, tinha um aumento do ferro nos tecidos cerebrais;
- Já a avaliação da atrofia cerebral não mostrou diferença entre pacientes com ou sem Parkinson.
Por que isso é importante?
Perceber a progressão da demência precocemente ajuda em seu tratamento. Medicamentos ajudam a preservar a memória e atrasar a progressão da morte de neurônios, enquanto atividades comportamentais, como aulas de música, dança, artes, reabilitam o paciente ao mantê-lo ativo. "Os estudos caminham nesse sentido: não sabemos como recuperar neurônios, então investimos em antecipar ao máximo o diagnóstico para tentar preservar as células e postergar o aparecimento de sintomas graves", conta Carlos Penatti, neurologista do Fleury Medicina e Saúde, em São Paulo*.
* Especialista entrevistado em reportagem do dia 04/02/2019