Molécula do cérebro relacionada à ansiedade é identificada
Do VivaBem, em São Paulo
17/08/2019 13h35
A alteração de uma simples molécula no cérebro de primatas não-humanos foi capaz de alterar o estado de ansiedade --a tendência a perceber algumas situações como ameaçadoras -- dos animais. É o que constatou uma pesquisa feita por pesquisadores da University of California e da University of Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos.
Publicado no periódico Biological Psychiatry, o estudo revela o potencial da molécula neurotrofina-3, responsável por estimular o crescimento e as novas conexões de neurônios, e que teria influência na amígdala - estrutura do cérebro importante na resposta a emoções.
Como o estudo foi feito?
- O time de cientistas utilizou 46 macacos rhesus adolescentes para analisar as moléculas presentes na amígdala dos animais.
- De início, notaram que alterações nessas estruturas poderiam alterar também o comportamento dos macacos.
- Os médicos então sequenciaram o RNA da amígdala para identificar as moléculas relacionadas ao seu funcionamento e à ansiedade.
- Eles conseguiram então separar uma lista de moléculas promissoras e escolheram a neurotrofina-3, um fator de crescimento, para mais estudos.
- A estimular o aumento dos níveis de neurotrofina-3 por meio de um vírus alterado, eles perceberam que que houve uma queda nos comportamentos relacionados à ansiedade, particularmente os associados à inibição.
Por que é importante?
A descoberta abre caminho para o desenvolvimento de novas estratégias para tratar a ansiedade, além da possibilidade de se intervir ainda na infância para tratar pessoas com alto risco de desenvolver ansiedade, depressão e até doenças relacionadas ao abuso de substâncias.
É na infância que comportamentos que indicam o risco de desenvolver complicações, como excesso de ansiedade ou inibição, começam a ser observados. Os transtornos de ansiedade geralmente surgem na adolescência e podem afetar o indivíduo por toda a vida.
O time de cientistas também espera que a pesquisa seja um exemplo de como é possível usar a "ciência profunda" (ou "deep science") para transformar a forma como se entendem as psicopatologias. Eles ainda incluíram no estudo uma lista de novas moléculas que podem ser investigadas no futuro.