Não usa camisinha no sexo oral? Veja as doenças que você arrisca pegar

Quando falamos em IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis) a reação é óbvia: ninguém quer se contaminar e jura que vai se proteger durante a transa. Mas, no meio do rala e rola, você realmente usa camisinha? E, afinal, sexo oral precisa de camisinha?

Com o foco maior em evitar gravidez, as pessoas nem sempre se protegem da forma correta - principalmente no sexo oral. Por exemplo, você sabia que as infecções podem ser transmitidas por sexo oral? Exato, aquele momento em que muita gente acha que o preservativo é dispensável também espalha doenças.

O Manual de Controle de IST do Ministério da Saúde afirma que as infecções estão entre os problemas de saúde pública mais comuns em todo o mundo, com uma estimativa de 340 milhões de casos novos por ano.

Mas como o sexo oral passa doenças?

O risco de contágio no sexo oral é menor do que no sexo vaginal ou anal, mas ainda existe. Além disso, as infecções no sexo oral podem ser transmitidas de diversas maneiras.

Apesar de os vírus, bactérias e outros agentes estarem mais presentes no esperma, existe a possibilidade de se contaminar com o líquido expelido antes da ejaculação ou pela secreção da vagina, por exemplo.

O simples contato da boca com a pele pode ser suficiente para a transmissão de algumas IST, por isso é preciso ficar atento ao "funcionamento" de cada uma.

É importante ter em mente, porém, que os dados sobre a transmissão de IST por sexo oral são um pouco frouxos, uma vez que não se pode testar a transmissão entre pessoas.

Receber sexo oral causa infecção, mesmo se não fizer no parceiro?

Afinal, precisa de preservativo no sexo oral? Sim, o ideal é sempre fazer sexo com proteção para evitar ISTs
Afinal, precisa de preservativo no sexo oral? Sim, o ideal é sempre fazer sexo com proteção para evitar ISTs Imagem: iStock
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Quem faz sexo oral no parceiro desprotegido corre mais riscos de pegar IST, uma vez que se expõe ao sêmen ou fluído vaginal, mas isso não quer dizer que quem recebe não corra risco. Se o parceiro tem herpes labial ou gonorreia, por exemplo, tanto quem faz quanto quem recebe o carinho pode transmitir ou se contaminar.

De acordo com o Ministério da Saúde, o risco de contrair infecções aumenta com a presença de ferimentos na boca, como gengivites, aftas ou machucados causados pela escova de dente. Caso não haja nenhum cortezinho, o perigo é menor.

Ficou preocupado? Veja as infecções que podemos pegar ao fazer sexo oral desprotegido:

Sífilis

Caracteriza-se pelo surgimento de lesões, primeiramente nos órgãos genitais, e depois em todo o corpo. Porém, é possível ter a doença de forma assintomática. Ou seja, a pessoa tem a bactéria no organismo, mas o problema não se manifesta. E mesmo assim ele pode ser transmitir.

O contágio por sexo oral é comum. Não é preciso ter lesão ou ferida na boca e, inclusive, é possível pegar sífilis até em pele íntegra, como na mão, no braço, no pescoço ou na boca, caso a bactéria esteja ali e exista contato.

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A ejaculação aumenta o risco de transmissão por despejar uma quantidade maior de bactérias na boca de quem está fazendo o sexo oral. Tanto quem recebe quanto quem faz pode contrair a sífilis, que pode levar a complicações cardiovasculares e nervosas.

Gonorreia

Provoca a inflamação do canal urinário e pode se alastrar para outros órgãos. Costuma ter sintomas, mas quando há infecção no trato genital feminino por gonorreia é mais frequente ser assintomático. Mulheres que tiveram a doença sem sintomas podem ter dificuldades para engravidar.

Existe transmissão por sexo oral para os dois envolvidos no ato. O contato com a ejaculação ou secreção é mais infectante, mas pode ser transmitida apenas pelo contato, mesmo sem lesões.

Herpes

O herpes caracteriza-se pelo surgimento de pequenas lesões dolorosas, podendo ser na genital ou na boca. Acreditava-se que o herpes tipo 1 era oral e tipo 2 genital, mas com o sexo oral sem proteção pode acontecer uma troca: ter tipo 2 na cavidade oral.

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A doença pode ser transmitida só de encostar a ferida na pele, podendo ser no beijo e no sexo oral —tanto quem faz quanto quem recebe pode se contaminar.

HPV

Sexo oral causa infecções, como sífilis e gonorreia, se feito sem proteção
Sexo oral causa infecções, como sífilis e gonorreia, se feito sem proteção Imagem: iStock

O HPV (vírus do papiloma humano, do inglês human papiloma virus) é uma infecção sexualmente transmissível e ataca, especialmente, as mucosas (oral, genital ou anal), tanto nas mulheres como nos homens.

De 30% a 40% dos infectados têm evidências físicas, como uma verruga, da doença. Caso a pessoa esteja com essa lesão primária, ela possui uma alta carga viral e no sexo oral, só pela fricção, já transmite o micro-organismo —não importa se você está praticando ou recebendo o carinho.

Clamídia

Provoca inflamação nos canais genitais e urinários, e pode causar infertilidade. Tem paciente que tem clamídia e não nota, pois os sintomas podem ser brandos. Como desconhece que está com a doença, a pessoa transmite para o parceiro em sexo desprotegido.

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A clamídia pode ser transmitida durante o sexo oral para ambos os participantes, mas o contato com o esperma eleva os riscos.

HIV

Ainda é um pouco nebuloso confirmar que o HIV é transmitido em sexo oral. Mas nenhum trabalho científico provou com segurança que o vírus não está presente na secreção peniana. Se você fizer sexo oral sem preservativo, não há comprovação de que não haverá contágio. O mais seguro é evitar.

A Aids provoca a baixa imunidade do organismo, deixando a pessoa suscetível a outras infecções, e pode levar à morte.

Hepatite A , B e C

Cada hepatite tem o seu modo de operação. A hepatite B é uma doença do fígado causada pelo vírus VHB. A transmissão se dá principalmente pelo contato sexual com uma pessoa infectada, seja pelo sêmen, seja pela secreção anal ou vaginal.

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O vírus da hepatite A pode ser transmitido a partir de qualquer atividade sexual com uma pessoa infectada.

Apesar de não ser comum, a hepatite C também pode passar contato sexual. No entanto, sua via de transmissão mais comum é por meio do contato com sangue contaminado, que costuma ocorrer principalmente no compartilhamento de agulhas e seringas, mas também pode acontecer em alicates de unhas não esterilizados, por exemplo.

Como me prevenir de IST no sexo oral?

É simples: se proteja. O site do departamento de Vigilância, Prevenção e Controle de IST, HIV/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde afirma que o uso da camisinha (masculina ou feminina) em todas as relações sexuais (orais, anais e vaginais) é o método mais eficaz para evitar a transmissão de IST.

"Quem tem relação sexual desprotegida pode contrair uma IST. Não importa idade, estado civil, classe social, identidade de gênero, orientação sexual, credo ou religião. A pessoa pode estar aparentemente saudável, mas pode estar infectada por uma IST", alerta a publicação.

Além disso, uma boa recomendação para quem tem parceiros casuais é o rastreamento de rotina, mesmo que não existam sintomas. Dependendo de cada caso, é importante ter o controle e realizar exames a cada três ou seis meses.

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Fontes: David Salomão, infectologista; Jairo Bouer, especialista em sexualidade; Raquel Muarrek, infectologista; e Rico Vasconcelos, infectologista e colunista de VivaBem.

*Com matéria publicada em 18/11/2022

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