Síndrome de Guillain-Barré: entenda doença que técnico do Uruguai pode ter
Maria Júlia Marques
Do VivaBem, em São Paulo
06/07/2018 19h10
O Uruguai saiu da Copa do Mundo nesta sexta-feira (06), mas uma questão ficou no ar para muita gente: por que o técnico Óscar Tabárez usava muletas para comandar a Celeste Olímpica na linha lateral do campo?
Apesar de o treinador não confirmar, as informações apontam que Tabárez sofre da síndrome de Guillain-Barré, uma doença autoimune que afeta os nervos após uma reação rara a agentes infecciosos.
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A síndrome se manifesta após uma infecção, como uma gripe. O corpo produz anticorpos para matar o invasor, mas tem uma resposta exagerada e desmedida. Aí, acaba atacando também células dos nervos periféricos, responsáveis pelo movimento dos músculos e sensibilidade dos nossos membros superiores e inferiores.
“Após ao menos uma semana da infecção, o paciente começa a sentir diminuição de força e alteração de sensibilidade, sensação de formigamento. Os sintomas começam nos pés e são ascendentes, podem subir para joelho, quadril, tórax e até músculos respiratórios”, explica Edson Issamu, neurologista da rede de hospitais São Camilo. Quem sofre da resposta autoimune também pode sofrer de paralisias temporárias durante a crise.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a síndrome de Guillain-Barré é uma condição rara e acomete pessoas de todas as idades, mas é mais comum em adultos do sexo masculino. Por estar vinculada a uma reposta a infecções, o número de diagnósticos da doença costuma subir no inverno.
Ainda não é claro porque algumas pessoas desenvolvem a resposta exagerada e outras não. A notícia otimista para quem sofre da síndrome é que a OMS afirma que a maioria dos pacientes com a doença se recupera totalmente até mesmo em casos mais graves.
“É comum não ter sequelas após tratamento medicamentoso para frear esses anticorpos descontrolados, além de fisioterapia. Mas não é possível estimar o tempo de recuperação, que costuma ser lento e progressivo. Pode levar meses ou anos dependendo do estrago causado”, diz Aline Turbino, neurologista membro da Sociedade Brasileira de Neurologia.
Assim, não é possível confirmar que o técnico do Uruguai realmente tem Guillian-Barré só por usar muletas. “Sem os exames dele não podemos cravar nada, ele pode ter outra doença debilitante ou um quadro que deixou de ser uma síndrome aguda como o Guillian-Barré e se tornou crônica”, afirma Issamu.
Em casos brandos, a Guillian-Barré agride só o “revestimento” do nervo. Imagine um fio de cobre, ele é revestido por uma capinha de plástico, certo? Normalmente, a síndrome só ataca o plástico, mas não faz danos reais ao fio, que nessa alusão são nossos nervos.
Porém, em casos mais agressivos, os anticorpos conseguem danificar o nervo e trazem consequências mais graves ao paciente, segundo o neurologista. “Quando é muito severo a pessoa fica ainda mais sensível e passa por maiores dificuldades, a doença se torna uma polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica causada por Guillian-Barré,” completa Issamu.