"Fazia testes para Aids com frequência. Era um terror", diz Marina Person
Gabriela Ingrid
Do VivaBem
01/12/2017 04h00
A cineasta e apresentadora Marina Person, 48, viveu o auge da luta contra a Aids no país, entre as décadas de 80 e 90. Ela é uma das entrevistadas de “Olhares HIV e Aids no Brasil”, projeto criado pelo diretor e produtor André Canto, composto por documentário, série de TV e livro, que traça um histórico da Aids no Brasil.
Eu fui vítima do terror. Fazia testes para a Aids com frequência e era sempre um terror.
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Com estreia prevista para o primeiro semestre de 2018, o filme surge no momento certo. Apesar de hoje o soropositivo que adere ao tratamento ter qualidade de vida e a mortalidade ter diminuído ao longo dos anos, notícias ruins ressurgem em torno da doença.
Segundo o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, a taxa de infectados no país explodiu entre 2006 e 2015 nas faixas de 15 a 29 anos. Além disso, de acordo com a UNAids, órgão das Nações Unidas para lidar com a epidemia, os casos de Aids no Brasil aumentaram 3% entre 2010 e 2016. No mundo, essa taxa sofreu queda de 11%.
O aumento no número de casos fez entidades e governo afirmarem que é preciso mudar as campanhas e o meio de abordagem.
Antes, o medo tomava conta dos jovens da época. "Eu nunca fui vítima da desinformação, mas do pavor. Eu me lembro com 20 anos indo fazer o teste de HIV e era sempre um terror abrir aquele envelope. Eu fiz muitos testes na vida, mesmo tomando todos os cuidados", lembra Marina.
Mas hoje, com o número crescente de infectados, especialistas acreditam que esse método de prevenção não foi totalmente eficaz. “Se a gente continuar fazendo a mesma coisa, os números de infectados vão aumentar”, diz o infectologista Ricardo Vasconcelos, que deu consultoria técnica ao documentário.
“Na década de 80 e 90, o grande medo era de morrer por causa de Aids”, diz ele. A partir do momento em que aparece um tratamento para a infecção por HIV, esse medo sofre mudanças e diminui. “E aí só fica aquele preconceito, aquele estigma associado à doença. Então o medo de morrer é substituído pelo medo do julgamento, do errado, do excluído da sociedade.”
Vasconcelos vê na mudança desse método de educação o único meio para diminuir a taxa de soropositivos. “É preciso unir a prevenção à conscientização de pessoas que vivem em diferentes contextos de vida. Durante todo esse tempo, a gente ensinou sobre a prevenção e o que é HIV de uma maneira equivocada. Chegou a hora da gente educar do jeito certo.”
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