Na noite desta terça-feira (20), na Casa Natura Musical, em São Paulo (SP), foram reveladas as vencedoras do Prêmio Inspiradoras 2022, parceria entre Universa e o Instituto Avon. Elas são mulheres cujos projetos buscam transformar a vida de outras brasileiras e têm trabalhos com foco em três principais causas: enfrentamento à violência contra mulheres e meninas, atenção ao câncer de mama e equidade de gênero.

Comandada pela chef e apresentadora Paola Carosella, a festa contou com participações estelares de Sabrina Parlatore, Monica Iozzi, Negra Li. A escritora Liana Ferraz leu poesias de sua autoria e Paula Lima foi a atração musical da noite.

As ganhadoras foram escolhidas por um corpo especializado de jurados e também por uma votação online aberta para o público em geral. Além delas, foi revelada a homenageada hors concours, Anielle Franco, que levou o troféu por seu árduo trabalho em defesa da democracia à frente do Instituto Marielle Franco.

"Desde 2018, quando encontrei minha irmã com cinco tiros na cabeça, eu penso que eu poderia ter seguido vários outros caminhos, mas escolhi inspirar outras mulheres negras", disse no palco da premiação.

Assista à cerimônia de premiação

Júlia Rodrigues

Jaqueline Kunã Aranduhá

Liderança indígena e coordenadora do Mapa da Violência contra a Mulher Indígena, a vencedora é alvo de perseguições. Mesmo assim, conseguiu mapear 15 tipos de violência dos quais os povos originários, sobretudo as mulheres, são vítimas. O trabalho tem como objetivo provocar a criação de soluções para repará-los e impedir que se repitam

Ler mais

Este prêmio é para todas as mulheres que carrego comigo, de todos os biomas e lugares do Brasil. Espero que o estado olhe para as indígenas como humanas, com todas as suas especificidades. É preciso olhar para os povos originários deste país.

Jaqueline Kuña Aranduhá

Julia Rodrigues/Uol

Anne Cleyanne Alves

Ainda criança, Anne foi abusada sexualmente por um familiar. Adulta, formou-se em psicologia e criou a Associação Filhas do Boto Nunca Mais, em Porto Velho (RO), que luta para acabar com a naturalização de estupros praticados por homens contra meninas e mulheres da própria família. A iniciativa montou uma sala de atendimento humanizado para mulheres que procuram a Polícia Civil de Porto Velho.

Ler mais

Dedico este prêmio a dona Sônia, mulher preta, periférica, que também teve o seu corpo violado, mas me deu a vida para eu estar aqui. Que os corpos das meninas sejam só delas.

Anne Cleyanne Alves

Julia Rodrigues/UOL

Amanda Oliveira

Fundadora do Instituto As Valquírias, que atua em sete frentes, que vão desde a educação até a alimentação saudável e moradia digna. Por ano, impacta mais de 100 mil pessoas. Só em 2021, o braço voltado para educação atendeu 750 mulheres em situação de pobreza em 27 cursos de qualificação profissional.

Ler mais

Hoje, neste palco, estão mulheres que estão superando a desigualdade de gênero. Vi minha vida ser transformada por um projeto social e me tornei uma mulher obstinada a transformar a vida de outras meninas. Se um acidente na infância não me parou, nada mais vai me parar.

Amanda Oliveira

Júlia Rodrigues

Gabi Oliveira

Em seu canal no YouTube e nas redes sociais, trouxe à tona discussões como colorismo, cotas raciais e impacto do racismo na autoestima da mulher negra. Destrinchou, ainda, como é o processo legal de adoção no Brasil ao relatar o processo para adotar seus dois filhos. Fala com linguagem descomplicada, por vezes divertida, em vídeos que, juntos, têm mais de 25 milhões de visualizações. Atualmente tem mais de 600 mil inscritos no YouTube e cerca de 600 mil seguidores no Instagram.

Ler mais

Desde que eu comecei, em 2015, eu sabia que tinha muitas responsabilidades. Uma delas era a responsabilidade de ser uma mulher preta na internet e mostrar que temos muitas facetas, mas somos muito apresentadas com estereótipos. Estou feliz por este prêmio hoje poder inspirar outras pessoas.

Gabi Oliveira

Julia Rodrigues/UOL

Carolina Magalhães

Assim como em quase todas as estruturas de nossa sociedade, o racismo tem impacto na prevenção e no tratamento do câncer de mama entre mulheres negras. Contribuir para que esta realidade seja diferente é o foco do trabalho da vencedora, que mantém o "Se cuida, preta", movimento para divulgação de informação e promoção para o autocuidado, para incentivar os exames de prevenção e, se necessário, priorizar o próprio tratamento.

Ler mais

Estou muito feliz por ter este espaço que amplifica nosso discurso para falar deste tema que ainda é tabu, o câncer, e fazer este recorte sobre as mulheres negras. A saúde pública ainda precisa melhorar o olhar para elas. E ser premiada faz com que minha voz alcance outras mulheres.

Carolina Magalhães

Julia Rodrigues/UOL

Anna Gabriella Antici

A economista criou o Instituto Protea para agilizar o atendimento de mulheres de baixa renda com câncer de mama, reduzindo a fila de espera. Há quatro anos arrecada fundos para que o Hospital Santa Marcelina, em São Paulo, possa manter e melhorar o atendimento a pacientes do SUS. Desde então, a instituição dobrou o número de mulheres com câncer de mama vindas da rede pública de saúde que consegue atender.

Ler mais

Ninguém faz nada sozinho. Este prêmio é de toda a equipe do Protea. Também dedico à minha mãe que está aqui, para quem liguei depois de receber o segundo diagnóstico de câncer de mama. Quando eu falei da ideia do Protea, ela logo me apoiou. Nesses quatro anos, 1100 mulheres foram atendidas pelo hospital Santa Marcelina.

Anna Gabriella Antici

Julia Rodrigues/UOL

Magda Queiroga

Inconformada com as dificuldades que as cearenses enfrentam para cuidar da própria saúde, a enfermeira criou um ambulatório itinerante. Com ele, oferece atendimentos e exames em seis municípios do interior do estado. A ideia é diagnosticar as doenças em tempo oportuno para que as mulheres tenham uma maior chance de cura. Cerca de 50 pacientes são atendidas semanalmente. Os atendimentos são a preços populares e 30% da quantia é revertida para custear os exames de quem não pode pagar.

Ler mais

Sou enfermeira há mais de 30 anos. Deixei o SUS para ir para a iniciativa privada, porque estava cansada de ver as mulheres sem conseguir fazer o diagnóstico. Com este apoio, meu projeto é possível.

Magda Queiroga

Topo