América Latina: um dos piores lugares do mundo para ser mulher
Doze mulheres são assassinadas por dia na América Latina e, apesar da adoção de uma série de leis pioneiras, a violência contra o sexo feminino persiste na região devido à impunidade e a um clima de permissividade social, segundo especialistas.
"Tivemos avanços importantes em legislação, mas apesar disso, a taxa de feminicídios continua sendo alta", lamenta Ana Aminta Madrid, ministra do Instituto Nacional da Mulher de Honduras, um dos países da região com o maior número de feminicídios (466 em 2016, segundo cifras da Cepal), em um encontro sobre violência de gênero em Paris nesta quarta-feira (27).
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Nos últimos anos houve avanços significativos na região, com a aprovação em 18 países - entre eles Argentina, Brasil, Colômbia e Equador - de leis ou reformas dos códigos penais, onde é tipificado o delito de assassinato de uma mulher pelo único fato de ser mulher, sob a denominação de feminicídio.
Foi também na América Latina, mais precisamente na Argentina, que surgiu o movimento "Ni Una Menos", pela igualdade de gênero, contra o patriarcado e os feminicídios, que teve impacto mundial, e a Primavera violeta, um movimento de despertar social que nasceu no México contra a violência machista.
Mas apesar disso, o panorama na região é desolador: dos 25 países do mundo com as taxas mais altas de feminicídio, 14 estão na América Latina e Caribe.
Entre os casos mais chocantes se destaca o recente assassinato no Peru de Eyvi Ágreda, que foi queimada em um ônibus por um ex-colega que a assediava por um amor não correspondido. A jovem de 22 anos morreu em um hospital por queimaduras em mais de 60% do corpo.
Também provocou comoção o estupro e estrangulamento de uma menina de 11 anos na Argentina, que havia saído de sua casa de bicicleta para ir comprar pão, ou o crime contra uma mulher no Chile, esquartejada e queimada por um homem com quem mantinha uma relação extraconjugal.
Mudança cultural urgente
Para erradicar este flagelo "é necessário uma mudança cultural importante", manifesta Isabel Plá, ministra chilena da Mulher e Equidade de Gênero, também convidada para o encontro na capital francesa organizado pelo programa de cooperação entre América Latina e União Europeia (UE), Eurosocial.
"Em nossas sociedades ainda não há o consenso de que em nenhuma circunstância uma mulher pode ser violentada", afirma Plá. "Nos meios de comunicação e nas redes sociais vemos que ainda há uma justificação da violência", acrescenta.
(Com informações da AFP)