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Kaley Cuoco se compara a personagem de nova série: 'Às vezes me trato mal'

Kailey Cuoco vive uma comissária de bordo envolvida em um crime em "The Flight Attendant" Imagem: Reprodução/Instagram

Mariane Morisawa

Colaboração para Universa, de Los Angeles

26/04/2022 04h00

Kaley Cuoco cresceu em frente às câmeras. Mas foram as 12 temporadas da comédia "The Big Bang Theory" que a tornaram uma estrela mundial. Sua personagem, Penny, era engraçada, sem dúvida, mas se encaixava no estereótipo da garota bonita e gostosa e inevitavelmente um pouco ignorante, pois cercada de físicos nerds. Para muita gente, a atriz, hoje com 36 anos, só podia fazer aquilo.

Qual não foi a surpresa dessa mesma gente quando ela surgiu em "The Flight Attendant", criada por Steve Yockey com base no livro de Chris Bohjalian e produzida pela própria Cuoco. Sua personagem, Cassie Bowden, é uma comissária de bordo que gosta de aproveitar a vida, inclusive passando momentos no banheiro do avião com um passageiro bonitão da primeira classe (interpretado por Michiel Huisman, de Game of Thrones). Os dois desembarcam em Bangcoc, passam a noite juntos, e ele aparece morto a seu lado. Cassie não se lembra de nada e, lógico, vira a principal suspeita. Ao tentar provar sua inocência e descobrir os verdadeiros culpados, ela se vê em uma tremenda enrascada, em uma comédia de trama hitchcockiana com toques de 007.

Acontece que a divertida e glamurosa Cassie, na verdade, é alcoólatra. Ela também não é uma amiga muito ponta firme para sua BFF Ani (Zosia Mamet) nem para sua colega de trabalho Megan (Rosie Perez), nem uma irmã com quem Davey (T.R. Knight) pode contar, nem mesmo uma funcionária exemplar.

Cassie é uma mulher imperfeita como poucas na televisão e no cinema - ainda bem. E a surpresa foi que Kaley Cuoco, conhecida como a bonitona engraçada, foi capaz de interpretar todas essas nuances, o que lhe rendeu indicações ao Emmy e ao Globo de Ouro de melhor atriz de série cômica.

'The Flight Attendant' mistura clima policial com humor e rendeu a Kaley indicações ao Emmy e ao Globo de Ouro de melhor atriz de série cômica. Imagem: Divulgação

O sucesso foi tanto que uma segunda temporada foi encomendada e rodada durante a pandemia, nos Estados Unidos, em Berlim e na Islândia - a estreia foi na última quinta-feira (21), na HBO Max. Cassie agora está frequentando reuniões dos Alcoolicos Anônimos e tentando ser uma pessoa melhor. Mas ela tem um bico como informante da CIA e, claro, a confusão se instala novamente em sua vida.

Para a atriz, a segunda temporada de sua primeira produção própria era para ser um momento de glória, mas foi, na verdade, uma época difícil. Ela começou a gravação poucas semanas depois de anunciar seu divórcio de seu segundo marido. Fazer uma personagem tentando lidar com suas perdas e traumas foi difícil. Mas Cuoco, que faz terapia pela primeira vez na vida, está tentando aprender a ser menos dura consigo mesma. A seguir, trechos de sua entrevista:

UNIVERSA: Cassie não é a melhor das amigas. Não é a melhor das irmãs, nem uma boa funcionária. Ela é bastante imperfeita, algo bastante raro ainda de ver na televisão e no cinema. Qual a importância de interpretar uma mulher assim?
KALEY CUOCO Eu não conheço ninguém que seja perfeito. E realmente ela está longe disso. Cassie comete muitos erros. Mas aprendemos na primeira temporada que ela tem um coração de ouro. E eu acho que foi isso que fez com que o público pensasse: "Ok, nós não odiamos essa mulher". Faz com que o público esteja ao lado dela. A gente se identifica com ela, porque ninguém é perfeito.

Você é produtora de "The Flight Attendant". Não é incomum que as mulheres, especialmente as bonitas, sejam subestimadas. Como tem lidado com isso? Teve de aprender a ser líder?

Kailey Cuoco também é produtora da série: "Faço muitas perguntas e estou aprendendo" Imagem: Getty Images


Sim, definitivamente ainda estou aprendendo. Esta tem sido uma grande experiência de aprendizagem desde o início da série. Nunca tinha produzido nada antes. E estou vendo como era ignorante.

Tenho quase vergonha de admitir que não sabia quanta coisa estava envolvida na produção de uma série. Mas tem sido ótimo. Estou orgulhosa de ter minha voz. Estou encontrando minha voz. Também estou aprendendo a fazer muitas perguntas.

E eu envio muitos e-mails e faço muitas perguntas que acho que são idiotas, mas ninguém me disse até agora que são idiotas. Também estou aprendendo que vou cometer um milhão de erros, é assim mesmo.

Cassie passa por muitas emoções diferentes. Qual foi a mais difícil?
No final desta segunda temporada, há uma versão muito má de Cassie. É basicamente seu eu espelhado, a pessoa que ela odeia.

Foi o mais difícil de interpretar porque ela é muito cruel consigo mesma. E algo que estou aprendendo no meu dia-a-dia é me amar e me tratar como trato meus amigos. Acho que às vezes me trato mal.

E então esse personagem realmente é o diabo no ombro da Cassie.

Nesta temporada, ela está lidando com essas falhas e tentando ficar sóbria. Como é mostrar essa luta?
Definitivamente ela está tentando virar a página. Está fazendo o melhor que pode, está tentando ser uma boa amiga. Ela está tentando ser uma boa comissária de bordo. Está tentando ser uma boa filha. Mas está fingindo também. E a pessoa real para quem ela está mentindo é ela mesma. A temporada toda é ela se enfrentando, aceitando a si mesma, perdoando a si mesma e aceitando quem ela é, que é algo com que todos lidamos.

Acha que cada papel que interpreta modifica quem você é?
Sim, com certeza. Na gravação desta temporada, eu estava enfrentando tanta coisa como Kaley, enquanto eu estava filmando e trabalhando em uma personagem que também estava passando por muita coisa. Então estava vindo de todos os lados. Eu ia trabalhar e lidava com essa personagem.

E ia para casa e tinha de lidar com meus problemas. Esta temporada com certeza me mudou como ser humano. E me permitiu como atriz fazer coisas que eu nunca pensei que poderia fazer, interpretando várias Cassies e tentando descobrir cada uma e ter certeza de que elas eram diferentes o suficiente e interessantes o suficiente para você querer assistir. Foi um grande aprendizado para a atriz e para mim.

Não é difícil interpretar alguém que está à beira do colapso?
Sim. Por isso eu sempre estava brigando para incluir momentos cômicos, porque é muito sombrio. Foi pesado. Mas há maneiras de me manter separada dessa carga quando estou no set.

Tenho fascínio por pingue-pongue. Havia mesas de pingue-pongue em todos os cantos dos estúdios. Eu tinha joguinhos no meu celular. Eu ouvia muita música, de acordo com o clima da cena.

Eu não ia a lugar nenhum sem meus fones de ouvido. Se eu os perdesse, dizia: "Para tudo que eu perdi meus fones!". Tudo foi muito importante para eu me manter sã.

Personagem de Kaley é cheia de defeitos. Para a atriz, é o trunfo: "Faz com que o público esteja ao lado dela. A gente se identifica com ela, porque ninguém é perfeito." Imagem: Divulgação

E ainda teve a gravação durante a covid. Como foi?
Sim. A vida é muito diferente agora. Nos velhos tempos, podemos ter visitas no set. Minha família e meus amigos vinham almoçar comigo. Não é mais assim. Você não pode ter pessoas nos estúdios.

Eu não tinha o alívio de ter outra pessoa que me conhece no set, perto de mim. E isso parece bobo, mas é uma forma de se libertar da gravação. É um ambiente de trabalho diferente hoje.

Agora você é uma comissária de bordo mundialmente famosa. Como é embarcar em um avião? Está sendo tratada de forma diferente?
É tão engraçado: quando eu estava em "The Big Bang Theory", sempre que eu entrava em um avião, alguém batia em mim, dizendo: "Toc, toc, toc, Penny!" [o bordão de Sheldon Cooper, batendo na porta da sua personagem, Penny, sempre dessa maneira]. Eles batiam em mim e me aterrorizavam. Agora mudou.

Os comissários de bordo sempre querem falar comigo sobre a série. E em geral, eles aprovam. E eu ficava perguntando: "Então, você já ficou com alguém no banheiro?" [como Cassie na primeira temporada]. E eles não me contavam! Então eu acho que isso acontece mesmo.

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