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Top, shorts e mais: elas mostram que estilo não precisa mudar depois dos 50

Aos 60 anos, Lucia adora biquíni, shorts e blusas estilo tomara que caia Imagem: Acervo pessoal

Ana Bardella

De Universa

21/10/2021 04h00

Feche os olhos e imagine uma mulher vestindo um shorts jeans curto: na imagem que você visualizou, que idade essa mulher tem? Provavelmente, trata-se de alguém com menos de 50 anos. Em compensação, se o mesmo exercício for feito com o chamado "terninho", a tendência é imaginarmos uma figura feminina mais madura.

Apesar das conquistas com relação aos direitos das mulheres, ainda é comum a ideia de que algumas peças de roupa são "mais adequadas" para pessoas jovens, enquanto aquelas com mais idade deveriam optar por peças "comportadas", que mostram menos o corpo.

Entrevistadas por Universa, Lucia, Valdecy, Silvani e Andrea mostram como revertem essa lógica no dia a dia —e falam dos benefícios e dos desafios de não terem mudado seus guarda-roupas em função da idade.

'Já fui chamada até de ridícula por estar de shorts'

Lucia nunca pintou os cabelos e prefere os shorts curtos Imagem: Acervo pessoal

"Costumo dizer que meu estilo é eclético: sempre opto pelas peças de roupa que me façam sentir bem. Dependendo da ocasião, visto peças mais longas, mas, em geral, prefiro shorts e saias curtas. Gosto de decotes nas costas, roupas coloridas, floridas e acabo usando sempre um shortinho para ir à academia ou para correr. Na praia, geralmente prefiro os biquínis confortáveis aos maiôs.

Acabo sendo bastante julgada por causa disso e também pelo meu cabelo, que começou a ficar branco ainda na adolescência e eu nunca pintei. Já aconteceu, por exemplo, de eu passar na rua, próximo de um casal de mãos dadas, e o rapaz dizer: 'Olha que legal aquela moça, de cabelo branco e ainda usa shorts', e a menina rebater dizendo que acha 'ridículo'. Essa palavra eu já escutei várias vezes, inclusive.

Mas não me vejo assim. Não concordo com aqueles que pensam que a roupa tem o objetivo de chamar a atenção dos homens. Penso que a melhor combinação é aquela que faz você se sentir linda quando para na frente do espelho. Sou apaixonada pelo meu cabelo, pelo meu estilo e acredito que a velhice é um conceito que está dentro de cada um, por isso nunca me incomodou."

Lucia Amorim, 60 anos, aposentada, de Maricá (RJ)

'Gosto de pele à mostra'

Valdecy já ouviu comentários indelicados pela maneira como gosta de se vestir Imagem: Acervo pessoal

"Acho natural que as pessoas mudem seu estilo com o passar do tempo, mas sinto que isso tem mais a ver com as tendências da moda do que com a idade. Eu sempre gostei de usar saias mais curtas e shorts. Hoje em dia, mantenho minhas preferências. Adoro os modelos cropped que se unem com a roupa de baixo, deixando um pedacinho da pele à mostra. Também prefiro os vestidos mais justos. Penso que a moda é muito democrática e cada um pode decidir o que prefere: o importante é ser feliz.

Posso afirmar que as mulheres de 60 anos de hoje não são como as das décadas anteriores: muitas das minhas amigas têm outra cabeça, mais aberta, e nada impede que expressem seus gostos por meio das roupas.

Percebo essa diferença geracional porque dentro de casa minha própria mãe às vezes pega no meu pé, dizendo que determinadas peças seriam mais adequadas para que a minha filha usasse, e não eu. Essa é a mentalidade de muitas mulheres que tiveram suas escolhas reprimidas no passado. Hoje, ainda bem, sou livre para tomar outras decisões".

Valdecy Chaves, 63 anos, aposentada, de Brasília (DF)

'Defendo o uso das roupas casuais independentemente da idade'

Silvani se libertou da ideia de que as roupas casuais eram mais adequadas para pessoas jovens Imagem: Acervo pessoal

"Meu guarda-roupa é bastante básico. Gosto de moletons, tênis e peças esportivas. Sou formada em moda, já trabalhei com consultoria de imagem, então na maior parte do tempo não me privo de usar as peças de que gosto em função da idade. Com exceção dos shorts curtos, que evito vestir na cidade e uso somente na praia para não atrair olhares, busco sempre expressar meu estilo por meio das roupas.

Isso, no entanto, já causou estranhamento. Quando dava aulas, os seguranças do local me confundiam frequentemente com uma aluna, porque eu preferia usar mochilas em vez de bolsas e estava sempre de tênis e camiseta.

Existe uma associação direta dese tipo de vestimenta com os vinte e poucos anos, mas a verdade é que ele cai muito bem também para as mulheres mais velhas."

Silvani Emiliano, 50 anos, designer de moda, de Curitiba (PR)

'Tentei mudar a forma como me vestia, mas parei de me reconhecer'

Na faixa dos 40 anos, Andrea achou que deveria mudar seu estilo, mas desistiu: "Não era eu" Imagem: Acervo pessoal

"Por volta dos 45 anos, comecei a achar que eu precisava mudar todo meu guarda-roupa. Passei a me sentir mal com shorts curtos ou camisetas mais abertas. Apesar de nunca ter escutado uma crítica direta, eu mesma me julgava, bastante influenciada pela forma como a sociedade pensa.

Isso foi mudando ao longo do tempo. Passei a ter contato com coletivos feministas e fazer parte de grupos de mulheres em processo de transição capilar para assumir os cabelos grisalhos. Por causa disso, entendi que a mulher pode e deve se vestir e manter a aparência da maneira como ela prefere. Quem opta pelas bermudas deve ter liberdade para isso e ser respeitada. Mas eu tive de me redescobrir, porque o estilo que tentei impor a mim mesma não me representava.

Eu sou a pessoa que toca tamborim no carnaval, que frequenta os blocos de rua. Quando entendi isso, preferi me respeitar: aceitar minhas celulites, meu corpo e resgatar minhas preferências antigas, que são os shorts jeans e as camisetinhas".

Andréa Thees, 56 anos, professora de matemática, do Rio de Janeiro (RJ)

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