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#AcnePositivity: movimento de autoaceitação de espinhas ganha força na web

#AcnePositivity já conta com mais de 88 mil publicações no Instagram Imagem: Reprodução/ Instagram

Bárbara dos Anjos Lima e Bia Viana

De Universa

05/08/2020 04h00

"Postar uma foto com acne visível não deveria ser um grande problema", afirma a influenciadora Sofia Grahn, dona do @isotretinoinwiths, que em sua descrição no Instagram diz que tem a meta de "normalizar a acne uma selfie por fez". Ela é uma das pessoas que tem fortalecido o movimento #AcnePositivity, hashtag que já conta com mais de 89 mil publicações pelo mundo e se tornou uma campanha viral pela autoestima de quem sofre com os rostos cheios de espinhas, mesmo depois da adolescência.

Assim como Sofia, milhares de pessoas vem usando o Instagram para compartilhar fotos sem filtros nem maquiagem, mostrando sua verdadeira pele,como forma de se aceitar e lidar com a questão. Entretanto, por mais empoderador que seja, o movimento é também uma fonte de preocupação para especialistas.

A jornalista Juliana Duarte, 26 anos, de Praia Grande (SP) disse para Universa que o movimento ajuda na aceitação de um problema com o qual convive há muitos anos. "Eu sempre tive espinhas e pra mim sempre foi um processo muito difícil de aceitar. Fiquei sabendo do movimento nesse processo de aceitação completa, não só de pele, mas também do meu corpo, meu cabelo e tudo mais. Sobre a pele, entendi que estava tudo bem gostar de maquiagem e não ficar o dia inteiro com a cara rebocada, passando base, corretivo. Daí veio aceitar meu rosto com as espinhas que tenho". Ela ainda conta que postou a foto num dia que estava mal e compartilhar a imagem e ver a recepção positiva das pessoas melhorou seu astral.

Já a designer Thaís Pinheiro, 22 anos, Pelotas (RS) vinha sofrendo com os comentários negativos. "Desde que abandonei os contraceptivos hormonais, as espinhas passaram a fazer parte da vida, e isso me frustrava muito. Me sentia feia mesmo, sabe? Busquei ajuda dermatológica, mas é uma condição com a qual preciso conviver". Com o movimento #AcnePositivity, encontrou o conforto que precisava. "Descobri um mundo inteiro de posts de outras pessoas que passavam pelo mesmo que eu. Segui essa e outras hashtags e meu feed hoje se parece mais comigo, e isso não tem preço. Hoje sou muito mais amiga da minha pele, respeitando e cuidando dela, e tenho recebido comentários positivos de pessoas na mesma situação", afirma.

Para a dermatologista Fernanda Nichelle, Clínica MAC - Medicine Aesthetic Clinic, de Porto Alegre, o movimento é válido, pois enfrenta a falsa promessa de beleza perfeita que é difundida pelas redes sociais. "Beleza virtual não é uma beleza verdadeira. Considero positiva a questão de aceitação do próprio corpo. Mas enaltecer uma doença e mantê-la para se autoafirmar pode ser muito perigoso".

A especialista lembra que a acne é, acima de tudo, uma doença inflamatória, e precisa ser tratada com seriedade. "As pessoas não devem ter vergonha de postar nas redes sociais, mas quando se trata de doenças inflamatórias, temos que buscar um médico e um tratamento apropriado".

Espinhas podem ser sinal de alerta

Mesmo para quem não se importa muito com a parte estética, é importante prestar atenção no desenvolvimento da acne. As espinhas, que são mais comuns na adolescência, podem ser um indicativo de doenças quando atingem pessoas acima de 25 anos.

"As acnes surgem pelas mais diversas situações, incluindo alterações hormonais, evidenciando por exemplo uma síndrome de ovários policísticos. Também podem indicar alguma alteração endócrina ou suprarrenal, então é necessário investigar". Esse diagnóstico não é feito apenas por dermatologistas, podendo exigir exames ou indicações para outros médicos, como endocrinologistas ou ginecologistas.

Além de questões fisiológicas, Fernanda relembra a influência de fatores externos na formação acneica. "Fatores externos como uso de produtos mais oleosos, como cremes e maquiagens mais comedogênicas, também podem causar acne". Por conta do uso de maquiagem, as mulheres costumam ser as principais vítimas da acne adulta. "Muitas vezes, a paciente já está com a pele oleosa e alguma tendência a esse processo inflamatório, o que acaba agravando seu quadro de acne", completa.

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