Alemanha vai 'reabilitar' soldados alvos de homofobia no serviço militar
De Universa, em São Paulo
08/07/2020 11h19
O governo alemão está preparando uma lei para compensar e "reabilitar" os soldados gays, lésbicas e bissexuais que foram alvos de discriminação no exército do país antes de 2000.
O ano em questão marcou a revogação de uma lei que impedia soldados LGBTQ+ de assumirem posições de comando dentro do serviço militar. O ministério da defesa alemão promete entregar a lei até setembro, de acordo com a agência de notícias Deutsche Welle.
A titular da pasta, Annegret Kramp-Karrenbauer, pediu desculpas publicamente pela discriminação, reconhecendo que muitos soldados LGBTQ+ foram impedidos de receber promoções que mereciam, e hoje têm pensões militares menores como consequência.
"Eu sinto muito por essa prática, que foi o padrão por muito tempo. Peço desculpas aos que sofreram com isso", disse. "Hoje, nosso discurso não é de tolerância, e sim de respeito, apreciação e estima. É por isso que é importante reconhecer os erros do passado, e começar o processo de mudança necessário para o futuro".
Histórico
Na Alemanha, a prática de atos homossexuais entre homens foi ilegal até o final dos anos 1960, o que significava que soldados que fossem descobertos gays poderiam ser condenados em tribunais militares por "ofensas sexuais contra a natureza".
Um veredito como esse poderia levar à redução da patente do soldado ou à sua demissão, enquanto civis que fossem enquadrados na mesma lei poderiam passar até cinco anos na cadeia.
Mesmo após a revogação da lei contra atos homossexuais, o exército alemão manteve a proibição oficial de soldados gays, lésbicas e bissexuais até 2000, considerando-os "riscos de segurança". Pessoas transgênero continuaram banidas do serviço militar alemão até 2014.