Testemunho de Jessica Mann muda rumos de caso Harvey Weinstein
De Universa, em São Paulo
04/02/2020 12h16
Durante duas semanas do julgamento, mulheres relataram histórias com um certo padrão sobre as agressões sexuais cometidas pelo ex-produtor americano de cinema Harvey Weinstein. O testemunho dado por Jessica Mann, no entanto, mudou o curso do julgamento — o depoimento trouxe um caso de relacionamento abusivo.
Mann testemunhou na semana passada que Weinstein a forçou a fazer sexo oral, a estuprou e depois a manipulou para um relacionamento sexualmente humilhante, que ela disse que incluía ele querer filmá-la fazendo sexo e urinar nela.
A advogada de Weinstein, Donna Rotunno, sugeriu que foi Mann quem manipulou Weinstein, usando-o para promover seu sucesso profissional.
A promotora assistente Meghan Hast descreveu Mann como a "boneca de pano" de Weinstein e, desde o início do julgamento, ficou claro que ela seria central para o caso da promotoria. Em contraste com outras mulheres que testemunharam, a jovem foi a única a relatar um relacionamento prolongado e abusivo com ele.
Questionada por que continuou tendo um relacionamento com ele, Mann disse que tinha sentimentos complicados por ele e que viu o interesse de de Weinstein nela como um sinal de que Deus a estava "abençoando" por "se comprometer comigo mesma, se comprometer com meus sonhos".
"Ele poderia elevar você a qualquer pessoa que lhe apresentasse e, a portas fechadas, dependeria se eu desse o que ele queria."
Weinstein, que produziu filmes como "O Paciente Inglês" e "Shakespeare Apaixonado", nega as acusações e afirma que todos os encontros sexuais foram consensuais. Desde 2017, mais de 80 mulheres acusaram o ex-produtor de má conduta sexual.