"Quanto mais racismo, mais me fortaleço", diz modelo da favela para a SPFW
Marcos Candido
De Universa
17/10/2019 04h00Atualizada em 17/10/2019 12h05
A modelo Rayane Brown, 21, é filha de um cabeleireiro e de uma empregada doméstica. Nascida em Aracaju, migrou da infância simples, vivida em uma favela, para as passarelas da São Paulo Fashion Week.
"Só quem veio da favela sabe a difícil realidade. Para mim, não foi diferente", afirma Rayane. Modelo profissional há pouco mais de um ano, precisou começar a trabalhar aos 14 anos de idade. Mas nos últimos meses viu sua vida se transformar por meio do mercado de moda.
"Meu primeiro trabalho foi como aprendiz em um banco da minha cidade. Depois disso, trabalhei como vendedora de roupas. Foi ali que despertou em mim o sonho de trabalhar com moda", diz.
Nesta edição da São Paulo Fashion Week, ela desfila por grifes como Bobstore, Reinaldo Lourenço, Modem e PatBO. Hoje, os holofotes capturam um retrato diferente do vivido por ela. Nascida na favela da Terra Dura, já sofreu racismo.
"O racismo é algo real, infelizmente, presente no cotidiano de muitos. Já sofri racismo, sim. Hoje, procuro enxergar isso de uma outra forma: quanto mais racismo houver, mais forte eu vou ser para lutar contra isso", lembra.
Antes de desfilar em São Paulo, Rayane esteve em Paris. Lá, desfilou por grifes internacionais como Off-White e Balmain. "Se hoje sou inspiração para outras mulheres, é algo que não tem preço para mim".