PM que perdeu a noiva grávida no casamento: "Ela me preparou para ser pai"
De Universa
27/09/2019 11h05
Flávio Gonçalves da Costa, o policial militar que perdeu a noiva Jéssica Guedes, que estava grávida, no dia do casamento, disse em entrevista ao Encontro com Fátima Bernardes de hoje como decidiu doar os órgãos dela, mesmo depois de receber uma notícia tão difícil.
"A Jéssica era muito amada, uma pessoa cheia de luz. Da mesma forma que ela foi um instrumento de vida para a Sofia [filha do casal que nasceu no dia], entendemos que ela poderia salvar outras vidas", contou. "Tenho certeza que a pessoa que recebeu o coração dela ganhou um presente enorme de poder continuar vivendo".
Agora, dez dias depois do ocorrido, Flávio se dedica aos cuidados com a filha, Sofia, que nasceu prematura.
"Eu era muito xucro, eu venho de uma família de militares, só tinha homem em casa. Mas a Jéssica sempre amoleceu meu coração, me ensinou a tratar uma mulher. Acho que, de certa forma, ela estava me preparando porque agora eu tenho uma menina em casa para criar", acredita.
O dia do casamento
O casal se casaria no dia 15 de setembro, em São Paulo, mas a noiva, que estava grávida de 7 meses, passou mal quando chegou na igreja, teve um AVC e morreu, logo após dar à luz de forma prematura à primeira filha deles, Sofia.
Flávio contou, muito emocionado, como as coisas aconteceram no dia de seu casamento, quando a noiva faleceu.
"Na madrugada do casamento ela passou mal, chegou a ir para o hospital, mas foi medicada e liberada. Ela acordou bem, teve o dia de noiva dela no salão, eu cheguei a ver o carro da noiva chegando na igreja, mas nada da Jéssica", lembra.
O pai de Sofia contou que esperou cerca de 40 minutos pela noiva, até que a prima dela subiu as escadas da igreja contando que ela estava passando mal do lado de fora, ainda dentro do carro.
"Como eu já fui bombeiro, comecei a tentar socorrer. Eu falei 'amor, estou aqui'. Ela não abria os olhos, mas respondeu. Fomos pro hospital, ela teve várias convulsões nesse trajeto, entubaram ela. No hospital, me paramentaram e me entregaram a Sofia. E estava muito emocionado com ela nos meus braços, mas pensava 'como assim? Eu estava com a minha noiva agora'", narrou.
Nesse momento, com a filha no colo, Flávio foi informado que Jéssica estava com pré-eclampsia, que tinha sido operada, mas que estava sem atividade cerebral.
"Me levaram para uma sala separada e me deram a notícia que eu jamais esperava escutar: que uma moça linda, cheia de vida, de 30 anos, estava morta", conta.