Bebês são mais suscetíveis a alergias; saiba como proteger seu filho
Rafael Roncato
Do UOL, em São Paulo
04/08/2012 07h59
Muitas coisas podem desencadear reações alérgicas: tecidos, poeira, alimentos, cosméticos, plantas, medicamentos etc. E isso varia entre as pessoas. A mesma substância pode dar alergia em um indivíduo e em outro não ocasionar nenhum problema. As alergias do bebê funcionam da mesma forma que as dos adultos: traz sintomas contra algum organismo estranho ao corpo. Porém, devido ao sistema imunológico ainda frágil e em adaptação, bebês são mais suscetíveis e podem apresentar quadros alérgicos desde o primeiro ano de vida.
"Quadros de hipersensibilidades já são identificados nos primeiros meses do bebê e, na maioria dos casos, tendem a apresentar melhoras evolutivas graduais, com o passar dos anos", explica o dermatologista Fernando Passos de Freitas. O organismo tende a se fortalecer, criando anticorpos específicos, minimizando, assim, essa sensibilidade. E quanto antes a razão da alergia for descoberta, maiores são as chances de tratamento e de identificar os cuidados mais adequados.
Fernanda Luiza de Almeida, pediatra da Clínica Homa Espaço Médico, explica que não há uma idade certa para começar a alergia, basta que o bebê tenha predisposição a reconhecer o corpo estranho, desencadeando, assim, uma resposta imunológica a ela (como espirros, vermelhidão na pele, inchaços, coceira). Principalmente no caso de bebês, é importante ficar atento a sintomas estranhos e ter cuidado quando eles têm contato com novas novas substâncias.
Leite materno
Alguns bebês podem apresentar alergia ao leite de vaca. Entretanto uma outra dúvida pode aparecer: pode acontecer alergia ao leite materno? Segundo Marcia Carvalho Mallozi, coordenadora do Ambulatório de Alergia do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a resposta é não. Mas deve-se ter atenção.
"A criança pode ter alegria de outra coisa que esteja passando pelo leite na hora da amamentação", explica. Caso a mãe note que o bebê está apresentando sinais alérgicos após amamentar, ela deve lembrar os alimentos que consumiu e fazer o chamado "teste de desencadeamento". "A mulher deve retirar o alimento que acredita ser o motivo da alergia entre 8 e 12 semanas, notar como o bebê reage e então reintroduzir", conta Márcia.
Comum em bebês
Segundo Marcia Carvalho Mallozi, coordenadora do ambulatório de alergia do departamento de pediatria da Unifesp (Universidade Estadual de São Paulo), a dermatite atópica (manchas avermelhadas na pele) é a primeira e mais comum alergia do bebê, podendo aparecer nos primeiros seis meses de vida.
"Essa alergia costuma ser a primeira da criança, isso por conta da sensibilidade do organismo. Desencadeia coceira e até descamação da pele", diz. A dermatite atópica pode estar associada a outros problemas, como bronquite, asma e rinite, até mesmo por conta de alimentos.
As alergias respiratórias são as mais preocupantes, ainda mais no inverno. "As causas básicas são as mudanças climáticas, o contato com a poeira (ácaros), produtos químicos e mudanças alimentares", explica o dermatologista Fernando Passos de Freitas. Espirros, tosses, narizes entupidos e dificuldades respiratórias (denunciadas pelo chiado no peito) são alguns sintomas que podem ocorrer com mais frequência a partir do primeiro ou segundo ano de idade.
Cuidados
Para os especialistas, o principal cuidado que os pais devem ter com os bebês contra as alergias está relacionado à amamentação. O leite materno, pelo período mínimo de seis meses, fortalece o sistema imunológico da criança --e, portanto, é muito útil na prevenção das doenças e alergias.
"Caso haja algum familiar (pai, mãe ou irmão) com problemas alérgicos, recomenda-se manter aleitamento materno por mais tempo, assim como um maior controle do ambiente. Ou seja, buscar minimizar o contato do bebê com poeira, fumaça, entre outros alergênicos", explica Fernanda. Manter a casa limpa e arejada é o primeiro passo.
Outra forma de prevenir as alergias é tentar sempre identificar seus causadores o quanto antes e afastá-los da criança. Nem sempre é tarefa fácil saber o que está causando a alergia, por isso os especialistas recomendam o acompanhamento médico quando o bebê estiver apresentando sintomas. "Quando não há como afastar o agente causador, o médico indicará o melhor tratamento, para o sintoma", diz Marcia Carvalho.