"Bury Me, My Love": game segue a jornada de uma refugiada síria
Madri, 30 jan (EFE).- Baseado em experiências reais, "Bury Me, My Love" ("Enterre-me, meu amor" em tradução livre) acompanha a perigosa viagem de uma emigrante síria para a Europa através de uma conversa com mensagens de texto na qual as respostas do jogador determinarão o destino da jovem e o final do jogo.
A intenção dos desenvolvedores é encontrar no usuário "um nível de compromisso superior ao mero entretenimento", segundo explicou nesta quarta-feira o criador do game, o francês Florent Maurin, que apresentou em Madri o jogo, recém-lançado para o Nintendo Switch e também disponível em Android e iOS.
O título remete a uma expressão árabe que pede para a pessoa amada sobreviver, ressaltando os muitos riscos que serão enfrentados pela protagonista, Nour, que tem 19 finais diferentes, muitos deles com tragédias pelo caminho.
Diante de uma interface simples, o usuário assume o papel de Majd, um homem que fica na Síria para cuidar da mãe e da avô, enquanto a esposa, Nour, decide emigrar à Europa após a morte da irmã caçula.
O jogo é uma conversa que mistura "assuntos triviais e cotidianos" com outras "situações críticas" como tiroteios ou encontros com máfias, e o jogador só pode reagir com algumas opções de mensagens e emojis, explicou Maurin.
Essa dinâmica pretende visibilizar "os contrastes na realidade diária de um emigrante moderno" cuja vida ou interesses "podem chegar a ter muito em comum" com os de um jogador ocidental.
Apesar de ser uma narrativa de ficção, 90% do game se baseia em relatos reais, a partir de "um trabalho de documentação baseado na imprensa, relatórios de ONGs, livros, documentários, filmes e entrevistas com refugiados".
Uma das principais fontes de inspiração foram as vivências de Dana, uma mulher síria que em 2015 protagonizou um artigo publicado no jornal francês "Le Monde" e com a qual os desenvolvedores contataram para aumentar o realismo do jogo.
Além disso, o game "retira estereótipos na construção do personagem que, por exemplo, não usa véu", disse Maurin, para quem um objetivo importante foi "mostrar que atrás o rótulo da emigração existem muitos indivíduos com diferentes histórias de vida". EFE
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