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Space Camp: o 1ª passo de um astronauta pode ser uma brincadeira de criança

07/11/2018 06h03

David Villafranca.

Huntsville (EUA), 7 nov (EFE).- "Quando crescer, quero ser astronauta" é uma frase dita por inúmeras crianças, mas poucas mantêm esse desejo com o passar do tempo. No entanto, o sonho de ir ao espaço pode ser parcialmente realizado no Space Camp, um acampamento infantil nos Estados Unidos dedicado totalmente às viagens para fora da Terra.

Simular missões no espaço, treinar como os astronautas da Nasa e sentir a emoção de uma contagem regressiva antes de um lançamento são algumas das experiências que as crianças cheias de ambições estratosféricas podem desfrutar no Space Camp, que está aberto desde 1982 na cidade de Huntsville, no estado do Alabama.

Embora não tenha a mesma fama de Houston ou Cabo Canaveral, Huntsville também conta com uma grande história aeroespacial, por isso ganhou o apelido de "Rocket City", a "cidade-foguete".

Foi em Huntsville que o engenheiro Wernher von Braun projetou o foguete Saturno V, utilizado na missão Apolo XI para chegar pela primeira vez à Lua. A cidade também conta com um importante estabelecimento científico, o Centro de Voos Espaciais Marshall.

O Space Camp fica próximo ao Centro Espacial e de Foguetes dos Estados Unidos, um museu da Nasa sobre a aventura no espaço com um enorme Saturno V presidindo o salão central.

O canal "National Geographic", que neste mês lançará a segunda temporada da série "Mars", sobre uma hipotética colonização do planeta vermelho, convidou a imprensa, inclusive a Agência Efe, para visitar as instalações do Space Camp para ver como as crianças aprendem, enquanto brincam, sobre as enigmas do espaço.

Assim, os jovens, com uniformes azuis da Nasa, como se estivessem se preparando para viajar para o infinito e além, podem dar várias voltas no simulador multieixo e experimentar a gravidade da Lua com cintos que os permitem quase flutuar.

O programa do Space Camp, com diferentes planos para menores de 9 a 18 anos, também inclui aulas práticas de mergulho e científicas sobre como construir o melhor isolante térmico para um foguete.

A simulação total de uma missão espacial, desde o lançamento à aterrissagem, é o ápice do treinamento, no qual os jovens devem unir esforços para que tudo saia conforme o previsto.

Com funções que vão do comandante da nave ao diretor de voo no centro de controle, os participantes recriam a missão, incluindo os experimentos científicos e os passeios espaciais. E, como tudo é uma brincadeira, podem até rir quando alguém solta o pior presságio de uma viagem espacial: "Houston, temos um problema".

Após ter recebido cerca de 800 mil pessoas de 150 países desde que abriu as portas, o Space Camp dá ênfase ao trabalho em equipe e à colaboração independentemente da cor da pele ou do país de origem.

"Dá para ver a paixão que as crianças têm pela ciência e pelo espaço. Mas também vemos como trabalham juntos, combinando-se, conhecendo-se, encontrando as suas fraquezas e forças e trabalhando como uma equipe", disse uma das monitoras do Space Camp, Jillian Sweat.

"Acho que a minha geração está planejando ir para Marte, e essas crianças serão a geração que nos levará lá, então é muito importante para eles saber o que está sendo planejado para que se entusiasmem com isso", acrescentou.

Mónica Araya, especialista no combate à mudança climática e assessora do "National Geographic" na série "Mars", ressaltou a importância da divulgação para que a ciência "não fique em bolhas de especialistas".

"Nós, seres humanos, em geral, temos uma visão para o curto prazo, o cotidiano. Somos feitos para lidar com o que temos na frente", disse Araya ao abordar a dificuldade de gerar conscientização sobre assuntos como a mudança climática e a exploração espacial, que vão além de uma geração.

"É importante que qs crianças tenham portas muito abertas para temas que transcendem a vida cotidiana. A ciência, o espaço, os recursos naturais, a natureza, tudo isso abre portas. É vital ligar as crianças a essas possibilidades. Se não fizermos isso, temos muito a perder e podemos cair no imediatismo das compras e de tudo que nos distrai", argumentou.