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Missão privada atrapalhou ritmo da ISS, mas não ofereceu risco de segurança

Missão Ax-1, da Axiom Space com SpaceX e Nasa, levou três empresários e um ex-astronauta à Estação Espacial Internacional Imagem: SpaceX

De Tilt*, em São Paulo

22/05/2022 15h10

No mês passado, a primeira tripulação privada foi à ISS (Estação Espacial Internacional), composta por empresários que pagaram US$ 55 milhões cada um. Ainda que pareça divertido ir ao espaço, o fato é que este grupo acabou atrapalhando o andamento das atividades na estação, apesar de não terem oferecido nenhum risco à segurança do local.

A missão capitaneada pela empresa Axiom Space levou quatro pessoas para a ISS: o comandante Michael Lopez-Alegría (que é ex-astronauta da Nasa e funcionário da Axiom Space), o empresário Larry Connor, o investidor canadense Mark Pathy e o empresário israelense Eytan Stibbe. A ideia era que eles ficassem 7 dias na ISS, porém, por causa de problemas meteorológicos, acabaram passando 15 dias, voltando para a Terra em 25 de abril.

Dificuldades da tripulação visitante

Em coletiva de imprensa sobre a experiência, Michael López-Alegría disse que o "ritmo [de trabalho] era frenético" no espaço.

"Fomos muito agressivos em nossa programação, principalmente nos primeiros dias", disse Connor. Segundo ele, um dos experimentos que estava planejado para ser feito em 2,5 horas, baseado em treinamentos feitos na Terra, levou 5 horas.

O fato é que a Estação Espacial Internacional é um laboratório no espaço. Portanto, os astronautas profissionais que estão lá — e mesmo a tripulação privada — tem uma série de experimentos e serviços de manutenção a realizar.

A empreitada da Axiom Space não é de turismo espacial, como as missões feitas por empresas como Blue Origin (do fundador da Amazon, Jeff Bezos) e da Virgin Galactic (do empresário Richard Branson). Nessas viagens turísticas ao espaço, o voo dura alguns minutos, os participantes ficam um tempo em gravidade zero e depois voltam à Terra.

A ex-astronauta Susan Helms, que participa do Painel de Consultivo de Segurança Aeroespacial, deu mais detalhes sobre a presença da tripulação da Axion na ISS. Segundo ela, a missão "impactou o desempenho dos astronautas" da Nasa e da Esa (agência espacial europeia), que já estavam lá, mas que não houve "problemas de segurança aparentes".

"A chegada da tripulação da Axiom acabou tendo um impacto maior que o esperado na carga de trabalho diária da tripulação profissional da Estação Espacial Internacional", disse Susan em entrevista no início deste mês.

Ela também sugeriu que invés de fazer novos experimentos, os próximos visitantes se integrem mais às atividades da ISS. Desta vez, cada equipe tinha experiências próprias a serem feitas, e os astronautas profissionais tinham de eventualmente ajudar a tripulação da missão Ax-1, da Axiom Space.

Michael Suffredini, presidente-executivo da Axiom Space, disse que a missão foi um sucesso, mas que esta foi uma lição aprendida com o processo. "Cabe a nós reduzir nosso fardo sobre a tripulação da estação", afirmou em entrevista.

Segundo ele, uma forma de fazer com que a tripulação privada dê menos trabalho é planejar estadias mais longas. Suffredini considerou uma "benção" o tempo extra que seus tripulantes tiveram no espaço. Nas próximas missões, a empresa considera fazer missões de 30 dias ou até mesmo de 60 dias.

*Com informações do site Space News

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