Apple também vai pedir permissão para te rastrear no iOS 15; entenda
Nicole D'Almeida
Colaboração para Tilt, em São Paulo
03/09/2021 18h14
Depois de toda a polêmica envolvendo o recurso antirrastreamento do iOS 14.5, que colocou Apple e Facebook em guerra, agora a empresa vai adotar para si mesma alguns recursos de privacidade, mas com uma abordagem bem menos agressiva.
A partir do iOS 15, que deve ser lançado nos próximos meses, a empresa começará a pedir o consentimento do usuário para habilitar o recurso de "Anúncios Personalizados", que mostra propagandas na App Store de acordo com dados sobre seus interesses.
Até hoje, o recurso já vinha ativado como padrão no iPhone. Ou seja, a Apple coletava todas as suas informações —histórico de compra, pesquisa e acessos— para aprimorar os anúncios exibidos, só que sem pedir permissão.
No iOS 15, ao abrir a App Store pela primeira vez, você irá se deparar com um pop-up. Nele a Apple explica que os anúncios personalizados irão ajudá-lo a descobrir apps, produtos e serviços relevantes enquanto protege sua privacidade usando "identificadores gerados por dispositivo e não vinculando informações de publicidade ao seu ID Apple".
Você poderá concordar e ceder permissão para que a Apple colete seus dados ou negá-la. Essa escolha poderá ser mudada a qualquer momento no app de Ajustes do sistema.
A empresa também disponibilizará links informativos sobre "Recomendações personalizadas" no app de Ajustes, na seção sobre a App Store.
Mesmo sem o iOS 15, você já pode alterar suas preferências quanto aos anúncios da Apple quando desejar. Basta acessar Ajustes > Privacidade > Publicidade da Apple e alterar a opção "Anúncios Personalizados".
Dois pesos, duas medidas?
Com a chegada do iOS 14.5, a empresa passou a exigir que os outros desenvolvedores perguntassem se desejavam ser rastreados para receber propagandas personalizadas, mas a regra não valia para a própria Apple.
Com o iOS 15, a política de transparência vai valer tanto para terceiros quanto para a Apple. Mas no caso da empresa de Cupertino, a linguagem do pop-up que vai pedir a permissão do usuário é bem mais sutil do que aquele que lida com os apps de terceiros.
Ao invés de usar o termo "rastreamento", como em outros apps, a empresa refere-se ao seu próprio sistema de rastreamento como o de "anúncios personalizados". Além de soar menos negativo, o pop-up vai disponibilizar links informativos sobre como funcionam as "Recomendações personalizadas" e como elas podem ajudar usuários a ver "propagandas relevantes".
No caso de outros apps, como o do Facebook, o usuário vê um alerta perguntando se ele aceita que aquele aplicativo "rastreie a sua atividade em outros sites e apps".
A mudança pegou tão mal que a rede social de Mark Zuckerberg — cujo modelo de negócio depende de propagandas personalizadas com base em dados de usuários — ameaçasse deixar de ser grátis para quem tem iPhone.