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Em home office, cientistas da Nasa exploram Marte usando óculos 3D antigos

Os cientistas da NASA não puderam levar todos os seus equipamentos para casa, então fizeram adaptações Imagem: Divulgação NASA/JPL-Caltech

Felipe Oliveira

Colaboração para Tilt

16/04/2020 16h25

Trabalhar remotamente no período de distanciamento social é um dos grandes desafios durante a pandemia de Covid-19. Imagine como seria então guiar um robô explorador em outro planeta? Pois é exatamente isso que a equipe da Nasa que opera o veículo de exploração espacial Curiosity, em Marte, está fazendo.

"Geralmente, estamos todos em uma sala, compartilhando telas, imagens e dados. As pessoas estão conversando em pequenos grupos e entre si do outro lado da sala", afirmou Alicia Allbaugh, que lidera a equipe.

A Nasa afirmou que ninguém da equipe do Curiosity estava presente no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa na Califórnia, base da missão, no dia 20 de março, quando as operações do veículo espacial foram planejadas. Ou seja, toda a missão foi desenvolvida remotamente.

Dois dias depois, os comandos enviados a Marte foram executados como planejado, com o rover perfurando uma amostra de rocha em um local chamado Edinburh.

"A equipe começou a antecipar a necessidade de ficar totalmente remota algumas semanas antes, levando-os a repensar como eles operariam. Fones de ouvido, monitores e outros equipamentos foram distribuídos", afirmou a Nasa.

Além disso, a agência espacial americana ressaltou que todos os equipamentos foram distribuídos aos funcionários junto à calçada, com todos os funcionários seguindo as medidas de distanciamento social.

Dificuldades com equipamento

Mas nem tudo está sendo fácil para os operadores do Curiosity. De acordo com a Nasa, quando estão nos laboratórios os cientistas recebem imagens em 3D enviadas de Marte para fazer análises.

Eles usam para isso óculos especiais que alternam rapidamente as vistas do olho esquerdo para o direito e melhoram os contornos da imagem. Essa tecnologia auxilia na pilotagem do astromóvel.

Mas, esses óculos especiais exigem placas gráficas avançadas e computadores de alto desempenho. Assim, para os operadores visualizaram imagens 3D em laptops comuns, eles estão utilizando simples óculos 3D azul-vermelho.

"Embora não sejam tão imersivos ou confortáveis quanto os óculos especiais, eles funcionam tão bem no planejamento de movimentos e movimentos dos braços", diz a Nasa.

Mas uma das principais dificuldades, de fato, é o distanciamento social. Segundo a Nasa, a distância não é novidade, já que normalmente os membros da equipe do Laboratório de Propulsão a Jato trabalharem com centenas de cientistas do mundo todo para definir os passos do Curiosity.

A diferença aqui é que normalmente trabalham com uma equipe baseada no laboratório, fazendo análises finais pessoalmente.

Assim, a programação para cada passo do Curiosity envolve cerca de 20 pessoas desenvolvendo e testando comandos lado a lado, enquanto conversam com cientistas em outras dezenas de localidades.

"Agora, eles fazem o mesmo trabalho, realizando várias videoconferências ao mesmo tempo, além de confiar mais em aplicativos de mensagens. É preciso um esforço extra para garantir que todos se entendam", afirma a Nasa. A agência espacial aponta que, com o distanciamento, o planejamento de cada dia do rover leva, em média, uma ou duas horas a mais do que normalmente.

Para garantir que todos sejam ouvidos e se entendam, a chefe da equipe de operações científicas, Carrie Bridge, conversa simultaneamente com cientistas e engenheiros para fechar as lacunas de comunicação. "Eu provavelmente monitoro cerca de 15 canais de chat o tempo todo", disse ela. "Você está fazendo malabarismos mais do que normalmente faria", completa.

Bridge afirma que demorou para se acostumar com a transição, mas destaca que o esforço realizado mantém a exploração do planeta ativa. "Somos apresentados a um problema e descobrimos como fazer as coisas funcionarem. Marte não está parado para nós, ainda estamos explorando".

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