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Outono? Poluição? Saiba o que causa o céu vermelho no final do dia em SP

Rodrigo Lara

Colaboração para Tilt

16/04/2020 15h56

Nos últimos dias as redes sociais foram inundadas por fotos do pôr do Sol, publicadas especialmente por moradores do estado de São Paulo. O que poderia ser alguma corrente ou um ato de contemplação coletiva trazia um outro detalhe: os chamativos tons de vermelho, laranja e rosa que tomavam conta do céu.

O motivo para isso, na verdade, foi uma conjunção de fatores. Um deles foi o tipo de formação de nuvens que estava sobre a região.

"Tivemos uma nebulosidade concentrada sobre o estado de São Paulo. Essa camada de nuvens altas e médias ficaram estacionadas na região, bloqueadas depois da passagem de uma frente fria", explica Josélia Pegorim, meteorologista do Climatempo.

Além das nuvens, a sua composição —com cristais de gelo— ajuda na refração e na dispersão dos raios solares, especialmente quando o Sol está posicionado mais próximo ao horizonte. Nessa situação, os raios solares percorrem uma distância maior na atmosfera, o que facilita a percepção de tons mais próximos do vermelho.

Esse cenário pode ser visto em boa parte do estado, exceto em regiões nos extremos Oeste e Sul, locais onde o céu estava limpo. Ele, porém, não deve se repetir nos próximos dias.

"As chances disso ocorrer nos próximos dias são pequenas, já que houve uma mudança nos ventos e outros tipos de nuvens passaram a se formar", complementa.

Ar mais limpo ajuda

Além da presença de nuvens altas e médias e do ângulo de incidência da luz do Sol, o cenário que vivemos também contribuiu para o espetáculo. Com menos pessoas na rua, os índices de poluição diminuíram nos grandes centros urbanos.

"As nuvens mais altas espalham a luz solar. Essa luz sofreria mais atenuação por causa da camada de poluição aqui embaixo e, por isso, o céu ficaria escuro mais rapidamente. Com menos poluição, essa luz consegue chegar até aqui sem sofrer tanta atenuação", aponta Marcia Yamasoe, chefe do Departamento de Ciências Atmosféricas do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP).

Se já sabemos que nos próximos dias o fenômeno tende a não se repetir, a boa notícia é que esse tipo de evento é relativamente comum e não depende da estação do ano.

"Eu diria que esses eventos são comuns em locais menos poluídos. Talvez com as pessoas em casa devido ao isolamento social, seja mais fácil olharem pela janela. No escritório, ou na correria do dia a dia, muita gente acaba não notando por pura falta de tempo", conclui Yamasoe.