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Não adianta enganar! Cachorros também sabem fazer contas

Cães usam a mesma área do cérebro que os humanos para fazer contas Imagem: Getty Images

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt

20/12/2019 04h00Atualizada em 20/12/2019 13h45

Sem tempo, irmão

  • Estudo concluiu que cães usam mesma área do cérebro que humanos para fazer contas
  • Estudos anteriores usaram animais treinados, o que influenciava nos resultados
  • Sob ressonância magnética, cães viram pontos luminosos que variavam em número
  • Lobos parietal e temporal do córtex cerebral dos bichos reagiam às diferenças numéricas

Cachorros não apenas são mais espertos do que imaginamos, como são capazes de fazer algo que muitos de nós não levam muito jeito: matemática. Sim, o seu cachorro pode saber calcular melhor do que você (ok, essa frase tem uma pitada de exagero).

Cientistas descobriram que nossos amigos caninos usam a mesma área do cérebro que os humanos para fazer contas — com números básicos, é claro. O estudo, realizado pela Universidade de Emory, foi publicado na quarta (18) na "Biology Letters" da Royal Society, instituição britânica de divulgação de conhecimento científico.

Outras pesquisas já haviam sugerido a habilidade matemática dos cães. Os diferenciais desta foram, principalmente, o uso de um exame de ressonância magnética durante alguns testes e a escolha de animais sem nenhum treinamento. Isso porque estudos com não-humanos, em geral, envolvem extensivo treinamento e recompensas, tirando a espontaneidade dos resultados.

As cobaias foram 11 cachorros, adultos e saudáveis, de diversas raças. Entre eles Pearl, um golden retriever; Daisy, uma pitbull mestiça; e Caylin, um border collie.

Os cães entraram voluntariamente no aparelho e ficaram parados, com a cabeça apoiada em um suporte e os olhos fixos em uma tela. Lá de dentro, eles observaram pontos luminosos que variavam em número e tamanho e mudavam rapidamente, a cada 300 milissegundos.

Enquanto isso, os cientistas puderam ver, direto da fonte, como os cérebros dos bichinhos reagiam —no monitor da ressonância, as áreas em atividade mudam de cor e intensidade.

Foram os lobos parietal e temporal do córtex cerebral dos animais que responderam às diferenças numéricas. E a atividade neural era maior quanto aumentava as proporções matemáticas apresentadas —por exemplo, três pontos pequenos e dez pontos grandes faziam o cérebro trabalhar mais do que uma constante de quatro pequenos e quatro grandes.

Entenda melhor como foi o experimento neste vídeo:

Essas observações indicaram que os cachorros usam partes do cérebro similares a dos humanos para fazer contas básicas. E eles não precisam de qualquer treinamento ou recompensas para isso: acontece espontaneamente. É como se fossem, em relação à matemática, uma criança humana ou outro primata. Exibindo uma atividade cerebral mais intensa, oito dos 11 cães passaram nesta "prova escolar".

O estudo sugere um mecanismo neural comum entre humanos e caninos, preservado ao longo da evolução das espécies. Assim, além de desvendar mais sobre o comportamento e habilidades cognitivas dos nossos pets, podemos aprender mais sobre nosso próprio cérebro.

A próxima etapa da pesquisa deve explorar como os humanos aprimoraram este mecanismo comum para desenvolver capacidades complexas de matemática.

Primatas em geral, incluindo nós, Homo sapiens, são capazes de estimar quantidade usando uma ferramenta mental chamada "Sistema Numérico Aproximado" (SNA). Essa habilidade realça as semelhanças e diferenças entre grandezas discretas e contínuas (por exemplo, números, numerosidade, tempo, tamanho físico, brilho), ajudando a fazer pequenos cálculos rapidamente.

Isso pode ser muito útil em situações essenciais para a sobrevivência, como escapar de ameaças e encontrar comida. Por exemplo: quantas ovelhas têm naquele rebanho? E outros predadores? Estas frutas já estão maduras?

O mesmo mecanismo que a pesquisa detectou nos cachorros pode estar presente em outras espécies de mamíferos, separadas de nós, humanos, por mais de 80 milhões de anos de evolução.

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Errata: este conteúdo foi atualizado
As cobaias foram 11 cachorros, adultos e saudáveis, de diversas raças, e não de diversas espécies, como estava escrito anteriormente. O texto foi corrigido.

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