Motoristas mulheres da Uber agora podem escolher viajar só com passageiras
Bruna Souza Cruz
De Tilt, em São Paulo
24/10/2019 11h44
Não é preciso nem usar sempre os serviços da Uber para perceber que o número de mulheres motoristas é muito inferior ao de homens. O medo da violência das ruas é fator mais limitante, mas a Uber quer tentar mudar isso no Brasil.
Três cidades brasileiras receberão a partir de novembro uma nova modalidade da empresa. As motoristas de Campinas, Curitiba e Fortaleza terão a opção de pegar somente passageiras do sexo feminino.
"Temos 600 mil motoristas, 22 milhões de usuários ativos por mês. Por que só 6% da base de motoristas são mulheres?", destacou Claudia Woods, diretora geral da Uber no Brasil. "As três cidades vão funcionar como um [projeto] piloto. Nosso objetivo é expandir para todo o país em 2020."
A novidade faz parte do programa "Elas na Direção" e é inédita no mundo.
Como vai funcionar?
As condutoras das três cidades escolhidas vão ter acesso a um botão localizado dentro do aplicativo padrão da Uber para motoristas, chamado U-Elas. A novidade vai contemplar tanto mulheres que já dirigem para a empresa como as novas profissionais cadastradas.
Woods mostrou dados de uma pesquisa que indicam que 64% das motoristas que já são parceiras da Uber tem como maior preocupação a questão da segurança durante o trabalho. Por isso, a empresa decidiu criar o novo programa.
"Não vai ter custo, burocracia. Esse é o poder do 'Elas". Ela [motorista] decide", reforçou a executiva.
E não é para menos. Casos de assédio e violência sofridos por condutoras da plataforma não são novidades, infelizmente.
Há alguns meses contamos em Tilt a história de três brasileiras que sofreram violências durante o trabalho como motoristas de aplicativos de transporte. Os casos envolveram passada de mão, um passageiro que mostrou o pênis e beijo forçado.
Dinheiro para as primeiras viagens
Para incentivar futuras motoristas, a Uber vai literalmente dar dinheiro para as condutoras. Mas, calma. Isso vai acontecer apenas para quem realizou as suas 100 primeiras viagens e não conseguiu alcançar os ganhos de R$ 1.500.
Neste caso, a Uber vai dar o montante que falta até atingir essa quantia. A empresa acredita que a medida ajudará a diminuir a desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho.
Outras novidades
O programa "Elas na Direção" também vai oferecer palestras e cursos exclusivos para o público feminino. Os conteúdos vão abordar o empoderamento feminino e educação financeira.
Caso as motoristas tenham dúvidas, o suporte presencial oferecido pela Uber para as condutoras será feito somente por mulheres. Segundo Woods, muitas se sentem mais seguras ao conversarem com alguém do mesmo gênero.
Em parceria com a locadora de carros Localiza Hertz, as novas motoristas terão descontos e não precisarão ter cartão de crédito para alugarem os veículos, exigência que até então era obrigatória.