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Vazamento pode ser até 46 vezes maior; emails custam US$ 200 no Telegram

Milhões de emails e senhas foram vazados, no que vem sendo chamado de a "brecha das brechas" Imagem: Getty Images/iStockphoto

Helton Simões Gomes

Do UOL, em São Paulo

18/01/2019 16h14

Os quase 800 milhões de emails e senhas vazados podem ser apenas uma pequena amostra de uma biblioteca gigantesca de informações pessoais oferecidas na internet. O pacote de 87 gigabytes de dados assustou muita gente por conter 772.904.997 endereços únicos de email e 21 milhões de senhas únicas, mas ele é parte de um arquivo cerca de 46 vezes maior.

Chamado de "Coleção #1", o pacote foi encontrado em um fórum hacker por Troy Hunt, pesquisador de segurança que mantém o site Have I Been Pwned - a plataforma permite que você veja se seu email já foi comprometido por alguma brecha de segurança.

O nome do arquivo sinaliza a existência que ele é parte de uma sequência. Alex Holden, chefe de tecnologia da firma de segurança Hold Security, detalhou de qual diretório ele foi tirado após conversar com um hacker.

A "Coleção #1" é integrante de um pacote, em que estão incluídos outros arquivos intitulados como "Coleção #2", "Coleção #3", "Coleção #4", "Coleção #5", "AP MYR&ZABUGOR #2" e "Antipublic #1". O tamanho total da pasta é de 993 GB, ou seja, mais de dez vezes o tamanho da "Coleção #1".

Não se sabe como a "Coleção #1" foi parar no Mega, o popular site de armazenamento na nuvem onde Hunt fez a descoberta. Uma dos detalhes que o chocou foi que os dados não estavam à venda, mas, sim, disponíveis para quem quisesse ver.

Só que, conforme Holden descobriu, o conjunto maior de emails e senhas é vendido na internet por um hacker a US$ 45. O UOL Tecnologia entrou em contato com ele pelo Telegram e, em menos de cinco minutos, recebeu imagens dos arquivos hospedados também no Mega.

Imagem de uma pasta com arquivos enormes de emails e senhas oferecidas pelo Telegram por um hacker Imagem: Reprodução

O hacker confirmou o que Hunt já havia revelado: os dados desse pacote foram compilados a partir de vazamentos antigos, ou seja, não são "frescos".

Ainda assim, esse conjunto de informações vazadas é a maior que Hunt já testemunhou. Tanto que ele a classificou como a "brecha das brechas", pois agrega mais de 2.000 bases de dados comprometidas ao longo dos anos.

Em conversa com o UOL Tecnologia, no entanto, o hacker ofereceu outro pacote de e-mails e senhas ainda maior, de 4 Tebabytes. Este seria composto por informações mais atuais, o que não quer dizer que sejam vazamentos ainda não descobertos. Por causa disso, o preço cobrado é maior, de US$ 200.

Segundo Holden, da Hold Security, é comum a prática de hackers saírem à cata de dados vazados na web para compilá-los em grandes arquivos e vendê-los online."Isso foi popularizado anos atrás por hackers russos em diversos fóruns da Dark Web", afirmou Hold ao Kreb on Security, blog do jornalista norte-americano Brian Krebs, especializado em cibersegurança.

Isso não representa um perigo direto à comunidade de usuários, porque os dados são reunidos a partir de diferentes vazamentos, tipicamente dados antigos. Ainda que seu volume puro seja impressionante, os dados não são de grande utilidade para grande maioria de hackers

Ainda assim, a maneira como as informações estão sendo organizadas preocupou Hunt, acostumado a ver vazamentos. "São senhas em texto simples. Se levarmos em conta um vazamento como o do Dropbox, eram 68 milhões de endereços de email, mas as senhas eram criptografadas, tornando-as muito difíceis de usar."

Ou seja: para os dados da "Coleção #1" serem usados, basta o malfeitor rolar a tela e clicar. Sergey Lozhkin, especialista em segurança da Kaspersky Lab, explicou o tamanho do problema:

Essa coleção pode virar uma lista de emails e senhas: tudo o que precisam fazer é criar um software simples para checar se as senhas estão funcionando

"As consequências do acesso à conta podem variar de phishing muito produtivo, pois os criminosos podem enviar emails infectados para contatos da vítima, até ataques projetados para roubar toda a identidade digital ou dinheiro da vítima ou comprometer os dados da rede social".

Como se proteger

Para se proteger da brecha, o usuário pode seguir algumas dicas.

  • Verifique se seu email e senha já foram expostos em alguma falha acessando o Have I Been Pwned
  • Se teve alguma informação exposta, mude a senha das suas contas. Considere também sempre mudar senhas de tempos em tempos.
  • Use senhas fortes para contas mais importantes ou confidenciais (como internet banking ou redes sociais)
  • Considere usar um gerenciador de senhas
  • Ative a autenticação de dois fatores sempre que possível nos serviços

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