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Análise: Ex-CEO precisa explicar seu papel em ataque à Uber

Money Sharma/AFP
Imagem: Money Sharma/AFP

Shira Ovide

Da Bloomberg

23/11/2017 09h26

Do que Travis Kalanick sabia, e quando ele soube?

Essa é a pergunta que a Uber precisa responder depois da chocante revelação de que a empresa ocultou um ataque cibernético no ano passado que havia comprometido a informação pessoal de 57 milhões de usuários da Uber e de 600.000 de seus motoristas nos EUA.

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O jornalista da Bloomberg News Eric Newcomer escreveu na terça-feira que a empresa demitiu o diretor de segurança e um de seus vices por terem ocultado o ataque cibernético. Ironicamente, a notícia surgiu ao mesmo tempo em que a Uber fazia as pazes com os órgãos reguladores pelas declarações falsas sobre como a empresa lidava com informações de consumidores e motoristas.

O novo CEO da Uber Technologies, Dara Khosrowshahi, basicamente assumiu a responsabilidade e pediu desculpas pela violação de dados da empresa e pela inexplicável falta de divulgação imediata. Mas ele não falou nada sobre o papel de Kalanick, que era o CEO no momento do ataque cibernético e continua sendo um participante ativo na estratégia e no conselho de administração da empresa.

Segundo o artigo da Bloomberg News, Kalanick soube do ataque em novembro de 2016, um mês depois do ocorrido. Se Kalanick de fato sabia do ataque cibernético e da falta de divulgação aos afetados e aos órgãos reguladores, ele precisa explicar por que deixou isso acontecer.

E se Kalanick não contou o que aconteceu aos outros membros do conselho da Uber, isso também seria chocante e precisaria ser explicado melhor. E Kalanick deve explicar por que as pessoas que trabalhavam para ele colocaram diversas vezes a empresa, seus clientes e seus motoristas em perigo, ultrapassando os limites da lei e dos padrões normais de propriedade.

Khosrowshahi escreveu em setembro que a má reputação da empresa prejudica seus negócios. "A verdade é que a má reputação tem um alto custo", disse ele aos funcionários. Esta é a melhor síntese da ressaca dos anos que a Uber passou desrespeitando as regulamentações e as noções básicas de decência humana. O ataque cibernético mostra que talvez as pessoas ainda não saibam de tudo o que a Uber fez de errado. Mudar de CEO não muda a história da Uber, nem as consequências contínuas dessa história para a empresa.

A Uber está tentando fechar as feridas abertas. Khosrowshahi fez uma turnê para demonstrar sua boa vontade a reguladores céticos e tentou acalmar os funcionários, exaustos após um ano de crises. Mas Kalanick ainda está presente, e a associação a ele continua a causar tumulto para a Uber.

É hora de ele explicar os males que a Uber desenvolveu sob seu comando. E Kalanick precisa justificar por que ele merece permanecer no conselho da Uber, apesar das várias revelações de irregularidades de seu tempo no controle.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.

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