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Módulo russo Nauka decola, com 14 anos de atraso, rumo à ISS

O módulo foi lançado do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, com ajuda de um foguete Proton-M Imagem: Roscosmos/Divulgação

Em Moscou

21/07/2021 22h00

A Rússia, com 14 anos de atraso, lançou nesta quarta-feira (21) à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) o módulo científico multiúso Nauka, que leva a bordo o ERA, braço robótico da Agência Espacial Europeia, e ampliará consideravelmente a capacidade de pesquisa do segmento russo da plataforma orbital.

O módulo, com massa de 20,3 toneladas, foi lançado às 11h58 (horário de Brasília) do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, com ajuda de um foguete Proton-M. O acoplamento à ISS está programado para o dia 29 de julho.

O diretor-geral da agência espacial russa Roscosmos, Dmitry Rogozin, que presenciou o lançamento de Baikonur, revelou ter levado um leve susto quando o centro de recepção de sinais em Barnaul, na Sibéria, deixou de receber os dados de telemetria temporariamente.

Por esse motivo, a equipe na Terra não soube imediatamente se o módulo havia se separado com sucesso do foguete portador.

Após oito dias de voo autônomo, Nauka se acoplará à porta do módulo de serviço Zvezda, do segmento russo, que ficará livre após o desacoplamento da câmara Pirs, previsto para sexta-feira.

A Pirs, que conta com duas portas de atraque e uma exclusiva para a saída do espaço sideral e faz parte da ISS há quase 20 anos, será afundada nas águas do Oceano Pacífico.

Lançamento atormentado por adiamentos

O lançamento do Nauka, inicialmente previsto para 2007, foi precedido de vários contratempos que o obrigaram a ser adiado várias vezes, como a detecção de pedaços de metal nos tubos e tanques do sistema de combustível, o que resultou em um atraso de anos.

Em Baikonur, os sistemas do módulo passaram por mais de 700 tipos diferentes de verificações, de acordo com a construtora de aparelhos espaciais Energuia.

O Nauka - de 13 metros de comprimento, 4,2 metros de diâmetro na parte mais larga e volume pressurizado de 70 metros cúbicos - tem cinco portos de atraque, três deles em um adaptador de acoplamento pressurizado em forma de esfera, e o seu próprio sistema de propulsão.

Também é equipado com 30 locais de trabalho, 16 no exterior e 14 no interior, o que, segundo a Roscosmos, permitirá a realização de 13 novas experiências em vários campos.

Graças ao seu grande volume, o Nauka armazenará os equipamentos para regeneração de água e oxigênio e servirá também como depósito de carga.

Braço robótico europeu para segmento russo

O módulo transporta um vaso sanitário, o segundo a ser fornecido para o segmento russo, uma cabine para um terceiro cosmonauta e o ERA, a sua carga mais preciosa, que permitirá a realização de trabalhos no casco da ISS sem a necessidade de os tripulantes irem para o espaço exterior.

O ERA é muito semelhante a um braço humano e é o primeiro robô capaz de "andar" no segmento russo da ISS, o que facilitará a vida dos cosmonautas na manutenção da estação e passeios espaciais.

A plataforma internacional já tem dois braços robóticos: Canadarm2 e o Sistema Manipulador Remoto do Módulo Experimental japonês.

Com mais de 11 metros de comprimento, o ERA tem a capacidade de se mover para trás e para a frente por si só, entre pontos de base fixos. Com suas sete articulações, pode manusear cargas úteis de até oito toneladas com uma vasta gama de movimentos e funciona com uma precisão de 5 milímetros.

O braço atuará como uma ferramenta para transferir pequenas cargas úteis diretamente de dentro para fora da ISS, mas também ajudará em passeios espaciais, transportando cosmonautas como uma grua. Pode ser controlado de dentro e de fora da ISS e, teoricamente, até funcionar de forma autónoma.

As quatro câmeras de infravermelho apoiarão inspeções e operações fora da plataforma orbital. A primeira tarefa do ERA será configurar a câmara de ar para o Nauka e instalar um grande radiador para o módulo russo. O astronauta francês da ESA Thomas Pesquet receberá o ERA e trabalhará na sua instalação.

Ao total, serão necessários cinco passeios espaciais para colocar em funcionamento o braço robótico europeu, tarefa que será assistida de dentro e de fora da ISS pelo astronauta alemão Matthias Maurer e pela astronauta italiana Samantha Cristoforetti, que chegarão à plataforma em futuras missões.

Além de Pesquet, estão na estação os russos Pyotr Dubrov e Oleg Novitskiy, os americanos Shane Kimbrough, Megan McArthur e Mark Vande Hei e o japonês Akihito Hoshide.

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