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Estudo aponta que 40% da Amazônia pode se transformar em savana

05/10/2020 14h42

Londres, 5 out (EFE).- Uma grande parte da floresta amazônica - cerca de 40% dela -, está correndo o risco de se tornar um ecossistema do tipo savana, enquanto o aquecimento da região devido às emissões poluentes está aumentando, segundo estudo publicado no jornal acadêmico "Nature Communications".

As florestas tropicais são muito sensíveis às mudanças que afetam as chuvas por longos períodos de tempo, portanto, uma queda de precipitações abaixo de um certo limite pode alterar as áreas para um estado semelhante a uma savana.

A savana é um ecossistema com baixa densidade de vegetação e que se localiza em regiões subtropicais ou tropicais.

"Em cerca de 40% da Amazônia, as chuvas estão agora em um nível em que a floresta tropical pode existir em qualquer estado - floresta tropical ou savana - de acordo com nossas descobertas", disse o autor do estudo, Arie Staal, do Stockholm Resilience Center (SRC), um instituto de pesquisa especializado em meio ambiente.

Essas conclusões são preocupantes, dado que algumas áreas da Amazônia atualmente recebem menos chuvas do que antes e uma deterioração dessa tendência é esperada conforme a área esquenta devido ao aumento das emissões de gases de efeito estufa.

Utilizando os últimos dados atmosféricos disponíveis, os pesquisadores puderam simular o efeito do desaparecimento das florestas, afirmou o cientista Obbe Tuinenmberg.

Os especialistas exploraram a resiliência das florestas tropicais a partir de vários cenários.

"À medida que as florestas diminuem, temos menos chuva e isso causa a seca, mais incêndios e perda de floresta: é um ciclo vicioso", disse Staal.

Os pesquisadores descobriram que conforme as emissões aumentam, mais áreas da Amazônia perdem sua resistência natural, tornam-se mais instáveis e a seca e a mudança para um ecossistema semelhante ao da savana fica mais provável.

"Agora entendemos que as florestas tropicais em todos os continentes são muito sensíveis às mudanças globais e podem perder rapidamente sua capacidade de adaptação. Uma vez que elas desaparecem, sua recuperação levará muitas décadas para retornar ao seu estado original. E uma vez que as florestas tropicais são o lar de maioria das espécies globais, tudo isso será perdido para sempre", disse Ingo Fetzer, do SRC.

Os especialistas destacaram que exploraram apenas o impacto das mudanças climáticas nas florestas tropicais e não avaliaram outros fatores de estresse no desmatamento, como a expansão agrícola ou a extração de madeira. EFE

vg/phg