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Quadro feito por inteligência artificial é vendido por R$ 1,6 milhão em NY

Quadro "Edmond Belamy", pintado por um algoritmo de inteligência artificial, foi arrematado por US$ 432 mil - Divulgação/Obvious Art
Quadro "Edmond Belamy", pintado por um algoritmo de inteligência artificial, foi arrematado por US$ 432 mil Imagem: Divulgação/Obvious Art

27/10/2018 10h06

Um quadro feito por um algoritmo foi vendido por US$ 432 mil (equivalente a R$ 1,58 milhão) e se tornou a primeira obra de arte confeccionada por inteligência artificial (IA) a comercializada em uma importante casa de leilões, a Christie's.

À primeira vista, "Edmond de Belamy" é apenas o retrato de um homem vestido de preto. Com uma moldura de ouro, poderia ser qualquer retrato padrão dos séculos 18 ou 19.

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De perto, no entanto, a imagem é mais intrigante. O rosto é borrado e a pintura está aparentemente inacabada. No lugar da assinatura de um artista, há uma fórmula matemática.

Trata-se de uma criação do coletivo francês Obvious, cujo objetivo é usar a inteligência artificial para democratizar a arte. Para fazer a pintura, o artista Pierre Fautrel criou 15.000 retratos clássicos por meio de um software.

Uma vez que o programa "entendeu as regras do retrato", o Fautrel usou um novo algoritmo, criado pelo pesquisador da Google Ian Goodfellow e gerou uma série de novas imagens por si só.

O coletivo francês selecionou 11 e os chamou de "família Belamy" -- um deles é que foi arrematado nesta quinta-feira (25) em um leilão da Christie's, em Nova York.

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A Arte da Máquina

O preço superou as estimativas de pré-venda, que oscilavam entre US$ 7 mil e US$ 10 mil.

Mas isso é arte? Fautrel, de 25 anos, insiste que sim.

Mesmo se for o algoritmo a criar a imagem, foram pessoas que decidiram fazer isso, que decidiram imprimir em uma tela, assiná-lo com uma fórmula matemática e colocá-lo em uma moldura dourada

Pierre Fautrel

Fautrel comparou a arte da inteligência artificial com as primeiras fotografias da década de 1850, que, segundo críticos da época, eram questionáveis por "não serem arte e destruírem artistas".

Richard Lloyd, diretor de gravuras da Christie's, insistiu para que o coletivo colocasse a tela à venda, a fim de fomentar o debate sobre a inteligência artificial na arte.

Sei que é um debate que está sendo amplamente desenvolvido, e pensei que, de alguma forma, isso marcou uma linha divisória, ou um ponto de inflexão

Richard Lloyd

Deixando de lado o debate da arte, existem, também, questões legais. O artista é o coletivo ou o algoritmo? Os direitos autorais ficam a cargo de quem? Para Lloyd, este é apenas o começo da arte feita por inteligência artificial.