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Sludge Life: game brasileiro mistura grafite com mundo aberto caótico

Nojento e divertido, Sludge Life nos apresenta um mundo caótico com grafite Imagem: Divulgação/Doseone

Giovanna Breve

Colaboração para o START

12/06/2020 04h00

Papo reto

  • Devolver Digital lançou no final de maio o Sludge Life, game em que o jogador é um grafiteiro
  • O jogo foi desenvolvido por um brasileiro em parceria do rapper Doseone
  • Ele já publicou outros dois games pela mesma Publisher

Em meio ao caos de ver corporações caindo, greves constantes e evitar de ser agredido por um segurança de cacetete, às vezes o que precisamos para ficar relaxado é desenhar umas paredes ou puxar um cigarro. Bem, essa é a proposta de Sludge Life, novo game lançado pela Devolver Digital (famosa pelos games Hotline Miami e My Friend Pedro).

Em Sludge Life, o jogador é um grafiteiro chamado Ghost e deve explorar lugares para fazer arte com spray. O game foi desenvolvido pelo brasileiro Terri Vellmann, sendo seu terceiro trabalho publicado pela publisher americana. Ele foi lançado em 28 de maio e está de graça na Epic Games Store desde o dia de sua estreia.

Lama, latinhas de spray e cogumelos

O jogador deve fazer 100 grafites pela cidade Imagem: Reprodução

Como Ghost, o seu objetivo é fazer 100 tags (ou grafites) espalhados pela cidade, seja em paredes, pedras, outdoors e onde mais for possível para deixar sua assinatura por aí. O sandbox (ou trashbox pelo cenário repleto de prédios abandonados e lodo no lugar do mar) nos apresenta um universo pegajoso, psicodélico e cheio de detalhes divertidos a serem explorados.

via GIPHY

Mas Sludge Life vai além de uma simples missão, há o pano de fundo do que acontece na cidade. Ao conversar com as pessoas (e outros seres como moscas e sapos), descobrimos que diversas empresas diferentes (desde a rede de fast food, marca de cigarros e indústria química) pertencem ao mesmo dono, que é o responsável por jogar esgoto na cidade. Após um acidente de trabalho, todos os funcionários entram em greve.

Não me dirija a palavra não, faz favor, hoje tô meio sadboy.. Imagem: Reprodução

Sludge Life possui três finais (o bom, o ruim e o "estranho", como define o próprio game) e há uma lista de objetivos, ou side quests, para desbloquear enquanto anda pelos lugares. A história não precisa do jogador, necessariamente, mas as atitudes que fazemos podem influenciar indiretamente os acontecimentos.

Ao longo do game rola de fazer artes combos em parcerias com outros grafiteiros Imagem: Reprodução

Ao longo do game, conhecemos outros grafiteiros (ou vândalos como são conhecidos), e rola de fazer aquela parceria de grafites. Além de fazer arte por aí, nosso personagem pode puxar um cigarro tranquilão e consumir desde energéticos abertos que encontra, lesmas (ou beijá-las caso opte em ser vegano) e zooms, os cogumelos alucinógenos para dar uma viajada. O mundo caótico e destruído de Sludge Life vira um playground para o jogador.

Papo reto com criador

Imagem: Reprodução

O responsável por nos apresentar esse mundo nojento e cômico é o game designer Henrique Lima, conhecido como Terri Vellmann pela internet, teve o primeiro contato com a Devolver Digital de forma inesperada, como explica em entrevista para o START.

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Em 2014, os criadores de Hotline Miami, Jonatan Söderström e Dennis Wedin, conheceram Terri através do seu projeto na internet, chamado de Mestre Fungo, em que fazia GIFs mesclando ilustrações realistas com efeitos psicodélico.

Dei muita sorte, foi meio que o lugar certo na hora certa
Terri Vellmann, criador de Sludge Life

Os suecos ficaram fascinados com a arte colorida e pediram para o artista trazer seu estilo para o site do jogo. Na época, estavam lançando uma sequência de Hotline Miami. "Nessa eles me colocaram em contato com a Devolver. Como eu já estava com o Heavy Bullets em desenvolvimento, aproveitei pra mostrar e eles se interessaram. Dei muita sorte, foi meio que o lugar certo na hora certa."

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Tanto Heavy Bullets quando High Hell (segundo game lançado pela Devolver Digital) possuem a mesma temática de ser jogos de tiros em FPS. Terri conta que a ideia de criar um game de mundo aberto em que a arma é uma lata de spray veio após o desenvolvimento de Mundo Lixo, que focava maior na exploração. "Era menor e focado só em explorar o ambiente - no caso era uma ilha coberta de lixo. Ele não foi muito popular, mas me marcou, queria voltar a explorar aquela direção, mas com mais interações".

Que por sinal, são adoráveis Imagem: Reprodução

Além dele, o jogo tem a trilha sonora assinada pelo rapper americano Doseone, com quem também participou em High Hell, e teve uma participação maior com roteiro e game design. "O Doseone tem uma carreira longa no rap e se encaixou perfeitamente, foi tudo muito natural. Mas nossa colaboração vai além disso, ele escreveu bastante e o processo de game design e desenvolvimento do universo também foi compartilhado."

Sludge Life possui modo fotografia e botão de peido Imagem: Reprodução

Quando já tenho o começo de um loop interessante eu envolvo o Doseone e vamos aos poucos, com muito iteração, chegando em algo parecido com um jogo final
Terri Vellmann, criador de Sludge Life

O que era para ser o desenvolvimento de seis meses acabou virando uma produção de mais de dois anos, como relata o game dev, explicando sobre um pouco do processo criativo. "É caótico, começo apenas com as mecânicas, sem nem saber ainda pra onde vou com o jogo. Quando já tenho o começo de um loop interessante eu envolvo o Doseone e vamos aos poucos, com muita iteração, chegando em algo parecido com um jogo final."

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Sludge Life está na Epic Game Store e tem previsão para sair para Nintendo Switch.

Confira a entrevista completa:

START: Como surgiu o seu primeiro contato com a Devolver? Essa não é a 1º vez que lança jogos com eles, como o High Hell e Heavy Bullets.

Terri Vellmann: Lá em 2014 o Cactus e o Dennis, que fizeram Hotline Miami, me chamaram pra criar uma animação promocional e o site do jogo (é a que está no ar hoje no hotlinemiami.com). Nessa eles me colocaram em contato com a Devolver. Como eu já estava com o Heavy Bullets em desenvolvimento, aproveitei pra mostrar e eles se interessaram. Dei muita sorte, foi meio que o lugar certo na hora certa.

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START: Tanto o High Hell quanto o Heavy Bullets têm a mesma temática de ser jogos de tiros em FPS. Quando surgiu essa ideia de criar um jogo que foque mais em grafite, gosma e crítica ao capitalismo?

Terri Vellmann: Eu lancei um jogo chamado Mundo Lixo, era menor e focado só em explorar o ambiente - no caso era uma ilha coberta de lixo. Ele não foi muito popular, mas me marcou, queria voltar a explorar aquela direção, mas com mais interações. O humor e essa pegada que você se refere já existia antes no meu trabalho, mas ficava escondido em segundo plano atrás das mecânicas de ação e agora foi possível realmente explorar esses temas.

START: Como funciona seu processo criativo? E o que te inspirou para fazer o game?

Terri Vellmann: É caótico, começo apenas com as mecânicas, sem nem saber ainda pra onde vou com o jogo. Quando já tenho o começo de um loop interessante eu envolvo o Doseone e vamos aos poucos, com muita iteração, chegando em algo parecido com um jogo final. Inicialmente planejava ficar uns 6 meses trabalhando no Sludge Life, mas fiquei mais de 2 anos.

Da série "Imagens que trazem paz" Imagem: Reprodução

START: Percebi que o game mostra de pano de fundo uma cidade que está ruindo com as empresas falindo, funcionários em greve e um chefe rico pouco se lixando. Mas até onde joguei o protagonista não faz algo para quebrar esse círculo, tanto que o final bom é "uma saída" queria entender melhor o conceito.

Terri Vellmann: Acredito que GHOST não veja mudança naquele mundo, como se o jogo estivesse armado e ele/ela excluído.

Em Sludge Life o jogador controla o grafiteiro Ghost Imagem: Reprodução

START: Como surgiu essa parceria com o Doseone? Ele já tinha trabalhado em música para games?

Terri Vellmann: Trabalhamos juntos antes no Heavy Bullets e no High Hell. Ele já produziu para alguns jogos, acredito que os demais destaques são Enter the Gungeon, Gang Beasts e Samurai Gunn.

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START: Pode falar um pouco mais sobre a importância da trilha sonora em Sludge Life?

Terri Vellmann: A música e os sons são uma parte gigante da personalidade de um jogo. O Doseone tem uma carreira longa no rap e se encaixou perfeitamente, foi tudo muito natural. Mas nossa colaboração vai além disso, ele escreveu bastante e o processo de game design e desenvolvimento do universo também foi compartilhado.

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