A série Flight Simulator nasceu em 1982 e se consagrou como uma experiência bastante técnica e complicada para "jogadores comuns". A versão 2020, porém, funciona para todo mundo: desde os pilotos e controladores de voo mais experientes do mundo, que usam o simulador como material de estudo, até aventureiros, como eu, que sempre sonharam em sair apertando todos os botões do cockpit para ver o resultado.

Ainda assim, o "jogo" (e usamos em aspas mesmo, porque ele não é um game qualquer e sim um simulador muito fiel à realidade) não deixa de ser assustador e maravilhoso ao mesmo tempo. Em questão de minutos, qualquer um pode estar no comando de um avião.

Minhas experiências anteriores com as versões antigas do simulador sempre foram desastrosas, por isso não esperava coisa boa logo de cara na nova versão.

Para minha surpresa, Flight Simulator 2020 me deu a opção de personalizar diversos níveis de assistência, o que é ótimo para qualquer aviador que está aprendendo a voar, mesmo que de forma virtual.

O fator simulação, porém, nunca deixa de estar presente. Os botões no cockpit têm funções reais, há desafios que você pode completar que exigem realizar determinadas ações ou, então, você pode simplesmente pegar um avião e sair por aí fazendo o que bem entender.

O realismo dos terrenos, nuvens, céus estrelados, gotas de chuva e reflexos de luzes transportam você para uma versão do futuro em que é possível viajar para qualquer lugar do mundo sem sair do lugar.

No simulador, a Microsoft fez uma parceria com diversas outras empresas para conseguir refletir a realidade. Se está chovendo por onde você está voando, provavelmente está caindo uma chuva torrencial por lá no mesmo momento. Viu um avião passando por cima de você? Ele deve ter feito essa mesma rota há poucos minutos.

Eu fiquei fascinada pelo cenário todas as vezes em que voava. Ainda bem, então, que o Flight Simulator oferece a opção de Pausa Ativa, que é uma ferramenta em que sua aeronave fica... bem, pausada, como se fosse o modo "Fotografia", comum em games como Forza Horizon e Red Dead Redemption 2.

Aqui é quando você pode mexer a câmera e dar uma olhada no que estiver à sua volta.

Na experiência de voo em Flight Simulator não faltaram turbulências. Demorei dias para conseguir abrir o simulador no meu computador modesto, mas que sempre havia rodado todos os lançamentos sem nenhuma dificuldade.

Qualquer tentativa de capturar imagens de tela fazia o jogo fechar na hora, por exemplo. Era muito para o meu pobre PC aguentar.

Por isso, se o computador é um pouco mais antigo e sofre para rodar jogos leves, Flight Simulator muito provavelmente sequer vai abrir, já que ele exige bastante da máquina, mesmo nos requisitos mínimos —são 8GB de RAM nas recomendações mínimas, 16GB recomendados e 32GB como "ideal".

Mesmo com uma máquina boa, a sensação é que o PC vai sair voando a qualquer momento junto com o simulador, de tanto esforço que ele faz. É o preço a se pagar, enfim, pela ambição do simulador e pela qualidade visual que ele alcança.

Em Flight Simulator é possível simular uma viagem de Los Angeles até Dubai, por exemplo, no tempo real de voo (16 horas!) ou em um modo acelerado.

Mas não são só aviões comerciais que o simulador tem disponível. Por isso, peguei um avião acrobático e pensei: o que acontece se eu sair rodando por aí?

Na vida real nunca pensaria isso, mas no mundo virtual, por que não? Só que essa parte não foi fácil para mim e também não será fácil para os leigos.

Seja qual for o nível da sua loucura, é bastante divertido ver até onde vão suas habilidades e o que a física permite que um avião faça no ar.

Flight Simulator me deu algo muito melhor do que as experiências que sempre tive com aviões, como passageira.

Mesmo sabendo que eu estava sendo auxiliada pela inteligência artificial do simulador, senti-me na posse da aeronave, brincando de ser uma piloto responsável e imaginando como está sendo voar em outro continente durante essa época de poucos aviões no ar.

Depois de horas perdida no céu, observando cada detalhe passar por mim, encerrei minha jornada como piloto virtual da mesma forma que comecei: olhei mais uma vez o Pão de Açúcar e aceitei o desafio de pousar.

Desativei o auxílio e fui pousar no Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, no Rio de Janeiro, um dos aeroportos que estão fielmente reconstruídos no simulador. Estava totalmente confiante nas minhas recém-adquiridas habilidades.

Entendi que precisava reduzir a velocidade para pousar, e foi o que fiz. Porém, de forma muito abrupta: logo o avião já não respondia aos meus comandos como antes, entrou em "estol" e simplesmente caiu.