Chefe do Instagram diz no Congresso dos EUA que aplicativo 'pode ajudar' os jovens
Washington, 9 dez 2021 (AFP) - O Instagram "pode ajudar" os adolescentes em dificuldades, afirmou nesta quarta-feira (8) o chefe do aplicativo, Adam Mosseri, durante audiência no Congresso americano, buscando dar uma imagem positiva à criticada rede social perante legisladores que afirmaram o contrário.
O aplicativo de compartilhamento de imagens é acusado de ter ignorado estudos internos - vazados para a imprensa pela ex-funcionária do Facebook Frances Haugen -, que advertiram para riscos para os usuários mais jovens.
Durante duas horas e meia, Mosseri não pareceu ceder à pressão, respondendo calmamente aos senadores, que o encheram de críticas.
"Algumas vezes, os jovens vêm ao Instagram quando estão lidando com temas complicados em suas vidas. Acho que o Instagram pode ajudar muitos deles nestes momentos", escreveu Mosseri em seu testemunho preparado para a audiência.
"Isto é algo que nosso estudo também sugeriu", acrescentou o homem, à frente do Instagram por três anos.
Um dos estudos vazados, publicado em 2019, revelava que o Instagram refletia uma imagem pessoal negativa para um terço das jovens com menos de 20 anos.
Outro, de 2020, mostrava que 32% dos adolescentes consideravam que o uso da rede social tinha piorado a imagem que tinham de seus corpos, com os quais não se sentiam mais satisfeitos.
"As próprias pesquisas do Facebook alertaram para a direção, durante anos, do impacto prejudicial do Instagram sobre a saúde mental dos adolescentes", disse o senador Richard Blumenthal, que preside a subcomissão de proteção aos consumidores perante a qual Mosseri se apresenta.
Mas, "continuaram se beneficiando dos conteúdos porque significam mais tráfego, mais publicidade e dólares", disse, indignado, o legislador democrata.
"Temos o mesmo objetivo", respondeu Mosseri. "Queremos que os usuários jovens estejam seguros na internet", garantiu, dizendo-se favorável de um novo marco normativo para as empresas de tecnologia.
Mas ele se negou a renunciar publicamente à criação de um Instagram para menores de 13 anos, prometendo simplesmente que a rede social não criaria contas para crianças e adolescentes de 10 a 12 anos, que pudessem ser abertas sem o consentimento dos pais.
"Estou frustrada porque é a quarta vez em dois anos que falamos com alguém da Meta (casa matriz do Instagram e do Facebook) e tenho a impressão de que a conversa se repete sem cessar", declarou a senadora Marsha Blackburn, líder dos republicanos na subcomissão.
"Minhas conversas com pais me impulsionam a pedir reformas e exigir as respostas que todo o país espera", havia dito Blumenthal na terça-feira.
Em meados de novembro, vários estados americanos abriram uma investigação para determinar se a Meta permitiu deliberadamente que crianças e adolescentes usassem a rede social apesar de saber que a plataforma poderia afetar sua saúde física e mental.
- "Um pouco de empatia" -Os senadores expuseram exemplos de vítimas jovens que, segundo os funcionários, representam as falhas da rede social.
"Estamos falando de jovens que fazem mal a si próprios, que recebem informação que destrói suas vidades, e lhes pedimos que mostrem um pouco de empatia", disparou Blackburn.
Mosseri expressou seu apoio à criação de uma organização que seja encarregada de definir as melhores práticas para o setor, embora a ideia não tenha seduzido os senadores, que querer ir "muito mais longe do que o senhor propôs", respondeu Blumenthal.
"A autorregulação, bseada na confiança, não é mais uma solução viável (...) A lei está chegando", afirmou.
O Instagram tinha anunciado uma série de medidas para reforçar a proteção dos mais jovens, como impedir especificamente que usuários mencionem em suas publicações adolescentes que não os sigam em seus perfis e será mais estrito quanto ao que recomenda aos jovens.
A rede social também vai propor, em março de 2022, ferramentas para permitir aos pais ver quanto tempo seus filhos passam no aplicativo e estabelecer limites. E dará em breve acesso a um centro de informação com tutoriais e conselhos de especialistas.
Outra novidade: o Instagram lança, em todos os grandes mercados de língua inglesa, a opção "Faça uma pausa", que vai sugerir aos usuários parar por um tempo antes de continuar vendo conteúdo no aplicativo.
Estes e outros anúncios foram recebidos com desconfiança, e inclusive hostilidade, pelos senadores americanos.
Blumenthal qualificou as medidas como "pequenos passos", "nada impressionantes". "Uma pausa? (...) Isso não vai salvar as crianças dos efeitos viciantes" do Instagram.
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