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OPINIÃO

Mercyful Fate traz sua missa negra ao Summer Breeze

Mercyful Fate durante apresentação no Summer Breeze Imagem: Micaela Wernicke/UOL

Gustavo Brigatti

Colaboração para Splash, em São Paulo

28/04/2024 22h26

Existem bandas que influenciam outras bandas. Existem bandas que influenciam cenas. E existem bandas que criam subgêneros inteiros. Este é o caso do Mercyful Fate, que elevou o perigo do heavy metal e encerrou o Summer Breeze Brasil na noite deste domingo (28) no Memorial da América Latina, em São Paulo.

O Mercyful Fate é cria direta de dois gigantes: Alice Cooper e Black Sabbath. Do primeiro, pegou emprestada a teatralidade; do segundo, o flerte com o oculto. Juntou isso à nascente New Wave of British Heavy Metal e começou a pavimentar, nos anos 1980, um novo caminho no metal.

Onde Cooper e Sabbath apenas insinuavam o capeta, o vocalista King Diamond era explícito: "Juro dar minha mente, meu corpo e alma sem reservas para a promoção dos desígnios do nosso Senhor Satanás", canta ele em "The Oath" — que abriu o espetáculo no Summer Breeze e introduziu o ritual de missa negra da banda.

Mercyful Fate durante apresentação no Summer Breeze Imagem: Micaela Wernicke/UOL

Com vestes negras e uma máscara de crânio de bode, Diamond desfila pelo cenário adornado com um pentagrama gigante, cruz invertida e arcos com os números 666 cravados. Segurando um microfone com ossos humanos cruzados, destila falsetes inacreditáveis em "A Corpse Without Soul", segunda música do show.

Aos 67 anos, o cantor dinamarquês exibe uma saúde vocal inacreditável. Em "Curse of the Pharaohs", do álbum de estreia Melissa (1983), ele chega a mudar o registro de voz três vezes em uma mesma estrofe sem perder a força e a afinação. O único instrumento no palco capaz de rivalizar com Diamond é a guitarra de seu parceiro, Hank Shermann — vestido com indefectíveis jaqueta de couro, boné para trás e óculos escuros.

Além de Shermann, o Mercyful Fate conta hoje com Bjarne T. Holm na bateria, Mike Wead na guitarra e Becky Baldwin, que apesar de novata, segura a onda no baixo como uma veterana. Seu duelo com as guitarras em "A Dangerous Meeting" é lindo, para dizer o mínimo.

Mercyful Fate durante apresentação no Summer Breeze Imagem: Micaela Wernicke/UOL

O ponto baixo foi a nova canção, "The Jackal of Salzburg", um tanto anticlimática. Mas nada que atrapalhasse o espetáculo, já que o setlist foi todo montado em cima dos três primeiros discos do grupo: o EP de estreia de 1981, Melissa (1983) e Don't Break the Oath (1984).

Os três contém músicas suficientes para satisfazer a nostalgia de quem já conhecia e acender a curiosidade de quem está conhecendo agora o grupo e quer entender sua importância. Ou quem quer descobrir por que bandas como Ghost, Abbath, Nightwish ou Evanescence jamais existiriam sem Diamond e sua trupe satanista.

Se o público estava emocionado, cantando em uníssono faixas como "Melissa", "Doomed by the Living Dead" e "Evil", Diamond estava em êxtase. Usando sua voz normal (um quarto registro!), ele agradeceu inúmeras vezes a acolhida e prometeu voltar com mais frequência.

Um final perfeito para o Summer Breeze Brasil 2024.

SUMMER BREEZE OPEN AIR BRASIL 2024
Data: domingo, 28 de abril de 2024
Abertura: 10h
Endereço: Memorial da América Latina (Av. Mário de Andrade, 664 - Barra Funda - São Paulo, SP)
Classificação etária: 16 anos

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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