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Público na Parada LGBTQIA+ reprova censura de beijo gay em novelas

Clara (Regiane Alves) e Helena (Priscila Steinman) em Vai na Fé - Reprodução/TV Globo
Clara (Regiane Alves) e Helena (Priscila Steinman) em Vai na Fé Imagem: Reprodução/TV Globo

Bruna Calazans

Colaboração para Splash, em São Paulo

12/06/2023 12h00

O público da Parada LGBTQIA+ de São Paulo, que aconteceu no domingo, 11, considera a censura que a Globo fez em personagens homossexuais como prejudicial para a luta da comunidade.

Apesar de mostrar dois casais homossexuais, Vai na Fé decidiu não exibir o beijo dos personagens. Em pelo menos 3 ocasiões, a trama da Globo censurou o afeto de Clara (Regiane Alves) e Helena (Priscila Sztrajtman), e do casal Vini (Guthierry Sotero) e Yuri (Jean Paulo Campos).

A comunidade LGBT reivindica a normalização do beijo. Para Fernando Melo, 19, é necessário que essas cenas sejam exibidas para garantir que as pessoas se sintam mais à vontade ao ver um casal LGBT. "Se não tiver [o beijo nas novelas], as crianças podem ver e achar nojento, por exemplo. Precisa normalizar como um beijo hétero. Isso é o ideal", disse em conversa com Splash.

O primeiro beijo gay em novelas da Globo aconteceu em 2014. Na ocasião, a emissora deixou para o fim da novela o beijo entre os Félix e Niko, personagens de Mateus Solano e Thiago Fragoso em Amor à Vida. Alessandro Ferreira, 26, defende que esse tipo de cena não deve ser espetacularizada.

"Nossos beijos, geralmente, são colocados dentro de um momento extremamente espetacular. Enquanto pessoas heterossexuais e cisgênero simplesmente fazem isso em todos os momentos. Isso nos coloca em um papel animalizado, nos transforma em uma espécie de show", opina.

Para além do beijo gay, o público da Parada também espera que outras pessoas sejam lembradas. Kaique Galdino, 23, estava prestigiando o evento pela primeira vez e acredita que as produções da televisão devem lembrar que não são apenas gays que merecem ser representados. "Também precisa ter o beijo de pessoas que vivem em outras narrativas, pessoas idosas, trans. Não são só gays que estão reprimidos de forma romântica".