Zezé Motta relembra racismo do público na época de 'Corpo a Corpo'
Zezé Motta comentou os principais papéis de sua carreira hoje no "Encontro" (TV Globo). Ao citar Sônia, da novela "Corpo a Corpo" (1985), ela relembrou os ataques racistas que recebeu na época:
"Foi uma loucura, uma surpresa superdesagradável para todos nós. Para o autor, para mim, para o Marquinhos. O Marcos Paulo chegava em casa e tinha recados na secretária eletrônica dele. Era aquela época da secretária eletrônica, né? Recados desaforados, revoltados e agressivos dizendo 'eu não acredito nesse casal, você beijando aquela mulher horrorosa'", recordou a atriz.
Ela completou: "Teve um homem que foi horrível, eu fiquei chocada. Ele falou: 'se a Globo me obrigasse a beijar essa negra feia, eu lavaria a boca com água sanitária quando chegasse em casa'. Umas coisas horríveis".
O racismo era justamente um dos temas da novela: a arquiteta Sônia, personagem de Zezé Motta, sofria com o preconceito por viver um romance com Cláudio (Marcos Paulo), um homem branco. A atriz diz que se surpreendeu ao ver o público rejeitando o casal também.
Apesar disso, ela acrescenta: "Mas tinha muita gente que torcia!"
No "Encontro", Manoel Soares contou que Zezé Motta o inspirou na infância, quando ele assistia ao Telecurso 2000: "Geralmente as pessoas negras nesse período apareciam na televisão numa condição depreciativa. E você entregava uma dicção que eu falava: meu Deus do céu! E como eu era gago na infância, eu falava: eu preciso falar desse jeito. E eu fiz uma promessa para mim mesmo que, se um dia eu viesse para a televisão, era para entregar para as pessoas de casa a mesma dignidade que você me entregou".
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