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Aline Campos diz que foi estuprada duas vezes: 'Tinha menos de 18 anos'

Aline Campos detalhou as violências sexuais que sofreu - Reprodução/Instagram
Aline Campos detalhou as violências sexuais que sofreu Imagem: Reprodução/Instagram

De Splash, em São Paulo

14/07/2022 08h54Atualizada em 14/07/2022 09h01

Quando Klara Castanho relatou ter sido estuprada, engravidado e dado o bebê para a adoção, Aline Campos foi uma das artistas que prestou solidariedade à atriz.

Nos comentários da publicação da jovem, Aline disse que também foi vítima de estupro. Em entrevista à jornalista Patrícia Kogut, do O Globo, ela detalhou as violências que sofreu em duas ocasiões.

"Isso foi algo que graças a Deus eu curei na terapia. Por isso, indico psicólogo e meditação a todas as pessoas que posso. Durante alguns anos, passei por esse processo de curar, de reconhecer. O que acontece? Muitas meninas e mulheres se cegam para a violência que viveram e se sentem culpadas. A mulher pensa que provocou, a sociedade machista nos faz sentir assim", disse.

A atriz disse que os abusos aconteceram quando ela tinha menos de 18 anos e que foi dopada.

"[...] Foi numa época em que eu queria trabalhar, ter as minhas próprias coisas, saía, bebia... E em muitas ocasiões o homem usa da bebida para tirar a culpa e passar para a mulher, que está vulnerável. Por isso é tão importante a gente falar do que não se deve fazer", disse Aline.

Muitos homens usam da bebida para aliciar. A bebida faz com que, se a mulher disser 'não' e a pessoa forçar; ou então se a mulher dormir, ou então ser drogada por alguém, como aconteceu comigo, ela acorda do pesadelo e acha que a culpa é dela.

Apesar do trauma, ela diz ter ressignificado os episódios. "O que posso falar hoje é que, sim, fui abusada sexualmente, fui estuprada. E fui curada em processo terapêutico. Isso me fortaleceu. Estou aqui para dar o meu depoimento, se meninas ou mulheres quiserem conversar sobre como passei por isso", declarou.

Mãe de Nathan, de 11 anos, ela diz que a educação para que esse tipo de violência pare de acontecer deve vir de casa.

"É importante conscientizar os homens, é fundamental as famílias abordarem o assunto. Torço para que pais e mães parem de ser machistas e de ensinar que os filhos têm que sexualizar a mulher", disse a artista.

Mudanças

Aline integra o elenco de três filmes que estreiam esse ano: "Férias trocadas", "O abismo de cada um" e "O porteiro".

A nova fase vem após nove meses de sua mudança de sobrenome e durante sua transição capilar.

"Essas mudanças não aconteceram do nada. Eu medito há mais de seis anos, faço terapia... Isso tudo fez com que eu entrasse de forma mais consciente no meu processo de autoconhecimento. Busquei entender quem eu sou, o que estou fazendo aqui, como eu posso ser melhor para mim, para as pessoas ao meu redor, para o planeta, como posso usar dos meus privilégios para ajudar o próximo", disse.

Foi nesse contexto que entendi que o nome que eu carregava não me favorecia. Ele não me representava mais. Foram 11 anos sendo reconhecida como Aline Riscado e nem todo mundo entende a alteração. Mas os momentos em que mais cresci e me destaquei foram aqueles em que tive coragem de seguir meu coração.

Ela também mudou alguns hábitos: "Parei de comer carne, fiquei um tempo sem ingerir bebida alcoólica. Compreendi, por exemplo, que eu não precisava do álcool para me divertir", declarou.