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Fã que entregou bandeira de Lula a Pabllo critica decisão do TSE: 'Censura'

Saymon Souza levou a bandeira de Lula que causou polêmica com Pabllo Vittar no primeiro dia de Lollapalooza Imagem: Mariana Pekin/UOL

De Splash, em São Paulo

27/03/2022 15h23Atualizada em 21/07/2022 12h51

Quando Saymon Souza ganhou um ingresso de uma amiga para ir ao Lollapalooza, ele apenas ficou em êxtase com a possibilidade de ver ao vivo Pabllo Vittar. Depois, veio a ideia de trazer uma bandeira com o rosto do ex-presidente Lula, já que o fã —assim como a cantora— é do Maranhão e diz ter muita gratidão pelos governos do PT. O que ele não esperava era a consequência após o gesto dele de entregar a bandeira nas mãos da artista.

"A simbologia de ela estar ali no primeiro show dela no Lollapalooza, no momento que estamos vivendo segurando essa bandeira com o rosto dele, eu sabia que isso não ia ser qualquer coisa. Sabia que isso ia ter uma repercussão. Mas nunca imaginei que seria do jeito que foi, que pegaria até o partido do Bolsonaro e teria essa decisão do TSE", diz Saymon em entrevista a Splash.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acatou parcialmente a um pedido do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, de proibir manifestações políticas de artistas no Lollapalooza, o que configuraria propaganda eleitoral antecipada, já que as eleições acontecem em outubro deste ano. Juristas avaliam a decisão como incorreta. O fã que entregou a bandeira a Pabllo considera censura.

"É uma decisão absurda, eu chamo de censura. Porque muitos apoiadores do Bolsonaro andam com bandeirinha, com cartaz, fazem manifestações antidemocráticas pedindo a volta da ditadura, pedindo o fechamento do STF. É muita hipocrisia. Quando eu soube que o TSE acatou foi o que mais me chocou, porque vindo do Bolsonaro isso não me surpreende, mas o TSE acatar isso sim."

Saymon Souza tem 23 anos e é produtor audiovisual. Ele é nascido no Maranhão, mas hoje mora em Santos (SP). "Eu sou do Maranhão e a Pabllo é do Maranhão. Muita gente que é do Norte e do Nordeste tem críticas, mas tem uma enorme gratidão pelos governos do PT, principalmente o governo Lula."

A decisão de levar a bandeira (que na verdade é uma toalha) com o rosto de Lula para o festival foi justamente para conscientizar o público presente, muitos jovens entre 16 e 18 anos, da importância de cada voto. Uma campanha que também têm sido encabeçada por diversos artistas.

"Nesse momento que a gente está vivendo é muito importante se posicionar. Estamos com uma taxa alta de jovens que não estão tirando o título [de eleitor], e a única maneira que a gente tem de sair da trévoa e do momento sombrio que estamos vivendo no Brasil é através do voto", conclui.

"Lulapalooza"

A fotógrafa Camila Rocha foi outra fã de Pabllo Vittar que levou uma bandeira de Lula —idêntica à de Saymon— para o primeiro show da drag queen na versão brasileira do festival. Apoiadora do ex-presidente e atual candidato ao cargo pelo PT, ela também quis se posicionar em ano de eleição.

Assim como Saymon Souza, Camila levou a bandeira de Lula no primeiro dia de Lollapalooza - mas não a pega por Pabllo Imagem: Arquivo Pessoal

"Eu comprei a toalha justamente pra propósitos políticos. Ir ao parque, a praia, usar de canga. Comprei na shopee por R$ 20", esclarece.

Uma foto compartilhada com a bandeira nas redes sociais da fotógrafa viralizou entre seus amigos e seguidores. Muitos entenderam que Pabllo Vittar teria pego a bandeira das mãos de Camila. A fã explicou o mal entendido, mas também se indignou com a decisão do TSE.

"Eu não tenho conhecimento Jurídico nem nada, mas essa decisão do TSE pra mim é ilegal e censura, né? Ridículo. Tanta coisa para o presidente se preocupar e vai barrar manifestação política legítima."

Camila, que veio ao Lollapalooza na sexta-feira (25) e no sábado (26), diz ter visto outras pessoas com a mesma bandeira de Lula circulando. Um sinal de que o público não deve se calar, mesmo diante da decisão do TSE de silenciar os artistas. Para Saymon, dono da bandeira que foi parar nas mãos de Pabllo, a decisão servirá como estímulo.

"Agora que essa censura se instaurou de fato as pessoas não vão se calar e vai tomar uma proporção muito maior a partir de um gesto que eu fiz sem nem pensar que ia tomar essa proporção."

Decisão liminar do TSE veta manifestação política no Lolla

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) entendeu que as manifestações de Pabllo Vittar e Marina durante os shows no Lollapalooza, na sexta-feira (25), se enquadram como propaganda eleitoral e vetou novos atos políticos no festival.

A decisão liminar do ministro Raul Araújo determinou multa de R$ 50 mil para a organização do festival caso outros artistas se manifestem politicamente no evento.

Os dois primeiros dias do Lollapalooza foram marcados por protestos políticos feitos por artistas.

Pabllo Vittar carregava uma bandeira com uma foto de Lula (PT) durante show no Lollapalooza 2022 Imagem: Reprodução/Multishow

O rapper paulista Edgar fez duras críticas a Jair Bolsonaro, enquanto a banda Detonautas chegou a exibir uma foto do presidente no telão durante um discurso político. Em determinado momento, o público presente começou a gritar "ei, Bolsonaro, vai tomar no c*".

Quando foi a vez de Pabllo Vittar, que nunca escondeu seu posicionamento político, ela gritou "Fora, Bolsonaro", seguido de um espacate.

Antes de deixar o palco, a artista maranhense desceu até a plateia e ergueu uma bandeira com a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que lhe foi entregue pelo fã Saymon Souza.

Já a cantora britânica Marina (ex-Marina And The Diamonds) xingou tanto o presidente brasileiro quanto o russo.

"Foda-s* Putin e foda-s* Bolsonaro", gritou a artista durante a performance da música "Man's World".

Na sequência, o público endossou as críticas ao presidente brasileiro gritando "ei, Bolsonaro, vai tomar no c*".

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