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Mel B comenta relação abusiva: '5 anos depois, ainda acordo de madrugada'

Mel B - Getty Images
Mel B Imagem: Getty Images

De Splash, em São Paulo

02/02/2022 08h35Atualizada em 02/02/2022 08h35

A ex-Spice Girl Mel B se separou do ex-marido Stephen Belafonte em 2017. Na ocasião, ela o acusou de abuso psicológico e físico.

Em forte relato para a campanha "No Means No" ("não significa não", em português) do jornal americano "The Sun", a cantora disse que ainda lida com os traumas do relacionamento que durou 10 anos.

"Aconteceram coisas entre mim e meu ex [Stephen Belafonte] que ainda não me lembro completamente até hoje porque o trauma pós-abuso pode durar a vida toda", escreveu a artista.

Mas quase cinco anos depois, ainda acordo de madrugada com fragmentos aterrorizantes de sons e imagens surgindo na minha cabeça. Coisas que tentei bloquear flutuam na superfície — coisas que ainda podem me fazer sentir encharcada de vergonha, suor e medo. Mel B

Ela relata que o processo de escrever seu livro, "Brutally Honest", lançado em 2018, foi extremamente difícil porque havia lacunas em sua memória devido ao trauma vivido.

"Meu escritor teve que juntar as peças conversando com meus amigos íntimos, familiares e colegas para preencher as lacunas da minha memória. Para meu horror, descobri o que minha filha, Phoenix, havia testemunhado. Saber o que minha filha viu me mata. Saber que no momento em que escrevi meu livro eu não tinha uma lembrança clara daquela noite é muito perturbador", conta Mel.

Devido ao abuso, ela passou a beber em excesso e usar drogas.

Eu não percebi, até depois que meu livro foi publicado, que tantas mulheres seguem esse padrão exato. Drogas e bebidas são uma forma de automedicação para apagar o tormento, a vergonha e a culpa. Eu estava completamente fora de mim quando fui filmada fazendo sexo — uma das coisas mais humilhantes que sofri no meu relacionamento abusivo. Mel B

Ao fim do relato, a cantora se direciona a mulheres que atualmente estão em uma relação abusiva.

"Não faço ideia de quantas mulheres já passaram por isso na vida. Tudo o que sei é que, quando eu falava [sobre], ouvia história após história que refletia minha experiência. E por mais feia que seja essa situação, é mais uma vez trazida à tona a enorme questão do abuso contra as mulheres em casa. Precisamos falar sobre isso, lidar com isso e fazer tudo ao nosso alcance para que a justiça seja feita", conclui Mel B.

Denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 180 e denuncie.

Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — a Central de Atendimento à Mulher, que funciona em todo o país e no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita. O serviço recebe denúncias, dá orientação de especialistas e faz encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. O contato também pode ser feito pelo WhatsApp no número (61) 99656-5008.

A denúncia também pode ser feita pelo Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e a página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.

Caso esteja se sentindo em risco, a vítima pode solicitar uma medida protetiva de urgência.